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ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Abandono, Profut e futebol. Como Andrés Sanchez sofreu derrota histórica

Andrés Sanchez, ex-presidente do Corinthians - Transmissão TV Corinthians
Andrés Sanchez, ex-presidente do Corinthians Imagem: Transmissão TV Corinthians

29/04/2021 04h00

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Andrés Sanchez sofreu uma derrota histórica no Corinthians na última terça (27). Acostumado a obter folgadas vitórias no Conselho Deliberativo, o cartola alvinegro viu as contas de sua gestão referentes a 2019 serem reprovadas por 132 votos contra 130.

Apesar de o placar ter sido apertado e de as contas de 2020 terem sido aprovadas, o revés foi duro e mostrou Andrés com menos influência junto aos conselheiros do que ele se acostumou a ter desde a sua primeira passagem pela presidência.

Agora, o ex-presidente deve enfrentar um procedimento na comissão de ética e disciplina do conselho para apurar, principalmente, a suposta prática de gestão temerária.

Abaixo, veja os principais fatores que fizeram com que o cartola mais poderoso do alvinegro nas últimas duas décadas levasse um duro golpe.

Pareceres

Um dos principais argumentos dos que pediam votos pela reprovação das contas de 2019 era o fato de o Cori (Conselho de Orientação) e o Conselho Fiscal terem recomendado a rejeição. Os pareceres davam respaldo ao discurso da oposição de que a rejeição seria técnica, não política.

Abandono

No resultado final, pesou a decisão de conselheiros vitalícios que historicamente se alinhavam com Andrés terem decidido abandonar o ex-dirigente.

Antes da votação, aliados do ex-presidente avaliavam que haveria equilíbrio entre os conselheiros trienais. Mas que Sanchez levaria vantagem nos vitalícios.

Na oposição, a análise é de que antigos aliados notaram desgaste da imagem de Sanchez junto à parte significativa da torcida e decidiram se descolar dele.

Profut

Os principais defensores da reprovação usaram fortemente o programa que refinanciou as dívidas dos clubes com a União para tentar convencer seus pares.

A lei que trata do Profut diz que o clube que cometer irregularidades relativas ao programa não será punido se adotar mecanismos de responsabilização pessoal dos dirigentes e membros do conselho que tiverem dado causa à irregularidade.

O Profut também foi usado para sustentar a tese de que Sanchez teria praticado gestão temerária.

A lei relativa ao Profut detalha o que caracteriza gestão temerária. Um dos atos é "formar déficit ou prejuízo anual acima de 20% (vinte por cento) da receita bruta apurada no ano anterior".

Em 2019, o Corinthians registrou déficit líquido de R$ 195.476.000. E a receita total obtida em 2018 foi de R$ 469,9 milhões, de acordo com dados do balanço do clube. Ou seja, o percentual estipulado pelo Profut foi ultrapassado.

Mobilização

Desta vez, a oposição conseguiu se mobilizar mais do que em outras oportunidades para rejeitar as contas.

Em tentativas anteriores, poucos conselheiros, além dos líderes oposicionistas, votaram pela reprovação.

Ultrapassar a marca dos 100 votos foi uma missão considerada praticamente impossível em outras oportunidades.

Um dos objetivos dessa mobilização foi incentivar conselheiros avessos a reuniões online a participarem da votação à distância.

Futebol

Entre os oposicionistas há quem acredite que se o time do Corinthians estivesse "voando" seria mais difícil derrotar Andrés. Há um histórico no clube de o bom desempenho da equipe ajudar os dirigentes nos bastidores do alvinegro.

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