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Votação de contas da gestão de Andrés gera tensão de eleição

Presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, em 2018 - Daniel Vorley/AGIF
Presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, em 2018 Imagem: Daniel Vorley/AGIF

27/04/2021 04h00

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Telefonemas para conselheiros, listas com previsões de votos, cálculos e trocas de críticas. Os grupos políticos no Corinthians começaram a semana em clima de tensão eleitoral.

Porém, a votação agora é em relação às contas da agremiação referentes a 2019 e 2020. Após seguidos adiamentos, o Conselho Deliberativo se reúne por videoconferência nesta terça-feira (27), às 18h, para decidir se aprova ou rejeita as contas de 2019 e 2020 e o orçamento de 2021.

De acordo com o estatuto alvinegro, a eventual reprovação das contas é um dos motivos para que possa ser pedida a destituição do presidente responsável.

Como Andrés Sanchez já encerrou seu último mandato, isso seria impossível.

No entanto não, esse fato não diminui a importância dada por parte significativa dos conselheiros à votação.

"O conselho tem que demonstrar que não é conivente com erros e atos de gestão irregular para proteger o clube de eventuais sanções do Profut. É preciso mostrar que houve má gestão e que as instituições do clube funcionam", disse o conselheiro Romeu Tuma Júnior. Ele está inscrito para falar na reunião a favor da reprovação.

A lei que trata do Profut, diz que a Apfut, autoridade responsável por fiscalizar o cumprimento das regras do programa, pode deixar de pedir a exclusão de uma agremiação em situação irregular do parcelamento de dívidas com a União. Isso caso o clube "adote mecanismos de responsabilização pessoal dos dirigentes e membros de conselho que tiverem dado causa às irregularidades".

O grupo Liberdade Corinthiana divulgou manifesto pedindo a reprovação das contas e sustentou que a gestão de Andrés Sanchez desrespeitou a regra de redução de déficit prevista no Profut.

Argumenta também que o ex-presidente praticou gestão temerária de acordo com o que diz a lei a respeito do Profut. Principalmente por causa do tamanho dos déficits em seus dois últimos anos na presidência.

O déficit do clube em 2019 foi de R$ 195.476.000. No ano passado, a marca deficitária ficou em R$ 123.314.000.

Peças importantes na votação no conselho são os pareceres emitidos por Cori (Conselho de Orientação) e Conselho Fiscal.

Os dois órgãos recomendaram a reprovação das contas de 2019 e a aprovação das referentes a 2020.

Andrés não fala com o blog, por isso não pôde ser ouvido.

Dois conselheiros que trabalham pela aprovação falaram sobre seus argumentos, mas pediram para não terem os nomes divulgados.

Ambos dizem que há perseguição política a Andrés. Um deles admite que os gastos foram exagerados, mas argumenta que isso não representa irregularidade.

Os dois também batem na tecla de que a reprovação de ao menos uma das contas atrapalharia a atual gestão, comandada por Duílio Monteiro Alves, e, consequentemente, o Corinthians.

Um exemplo dado é o de que com a eventual rejeição ficaria mais difícil para o Alvinegro conseguir empréstimos.

Tal argumento tem sido usado na tentativa de conquistar votos para a aprovação.

"Acho que as contas têm que ser rejeitadas por questões técnicas, não políticas. Eu não faria política com as contas do clube. As contas de 2019 foram rejeitadas pelo Conselho Fiscal e pelo Cori. Portanto, voto para preservar o clube de eventuais sanções do Profut", afirmou o conselheiro Fran Papaiordanou.

Por sua vez, Tuma rebateu o argumento de que a reprovação atrapalharia a gestão atual. "Pelo contrário, é uma oportunidade para o Duílio demonstrar que quer mudar as coisas no clube. Ele não pode ficar preso à assombração do Andrés que ronda a administração dele", afirmou Tuma.

"Voto pela reprovação por causa da má gestão, da má administração, por tudo que tem acontecido no Corinthians. Você olha para frente e não vê horizonte", disse Rubens Gomes, conselheiro também inscrito para falar na reunião.

Na última eleição, oposição e situação elegeram quatro chapas trienais cada para o conselho. Isso significa que, em tese, os conselheiros vitalícios têm mais chances de decidir a votação.