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REPORTAGEM

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Nicolelis: "Se o futebol não para, fica a mensagem de que tudo está normal"

O neurocientista Miguel Nicolelis, que preside comitê formado pelos governadores do NE.                              -                                 Reprodução
O neurocientista Miguel Nicolelis, que preside comitê formado pelos governadores do NE. Imagem: Reprodução

12/03/2021 14h52Atualizada em 12/03/2021 15h07

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Miguel Ângelo Laporta Nicolelis, 60 anos recém completados é um dos grandes cientistas brasileiros. É uma das vozes mais constantes sobre os perigos da pandemia. Ah, além disso, também é palmeirense fanático.

Miguel, você defende a tese de que o futebol deve parar. Por quê?

Futebol é muito mais do que 22 jogadores em campo. É um evento cultural arraigado na nossa cultura. Então, se o futebol continua, passa a imagem de que tudo está normal. As pessoas passam a se reunir em bares para ver jogos, passam a receber parentes para ver jogos. Fazer churrasco. Basta ver as aglomerações para comemorar os títulos de Palmeiras e Flamengo. Na Europa, já jogos, mas os bares estão fechados.

Mas a Federação Paulista diz que o seu protocolo é muito bom.

Protocolo não é vacina. Protocolo tem falhas. Veja os surtos no Corinthians. O Cantillo teve de sair da concentração, teve jogador que atuou infectado. Até para cuidar dos jogadores, precisa parar. A Covid pode trazer sequelas crônicas para o resto da vida.

E a Copa do Brasil?

Um dos casos que espalhou o coronavírus na Coreia do Sul foi uma excursão de 40 crianças para uma praia a cem quilômetros de Seul. Na volta, infectaram família, parentes e professores.

Agora, um ano depois, vamos colocar 40 pessoas em um avião e cruzar o Brasil? Vão entrar em contato com torcedores? Estarão usando máscaras? E o contato com motoristas?

O que você achou do lockdown determinado pelo governador Dória?

A ficha começou a cair. Precisa ajudar os meninos que entregam comida

Qual sua previsão para o Brasil?

No dia 4 de janeiro eu falei que no final de março, teríamos três mil mortes por dia. Disseram que eu estava louco. Agora, com duas semanas de antecedência, chegamos a duas mil mortes. Sem contar os dados de Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Norte, Tocantins e Roraima. Estamos com duas mil e quinhentas mortes, no mínimo.

O que fazer?

Distanciamento social e vacina. Se não vacinarmos um milhão de pessoas por dia, chegaremos a 500 mil mortos até o final do ano. Os governadores precisam se unir e decretar lockdown.

Agora, uma pergunta polêmica: Palmeiras tem Mundial?

Cadê a polêmica? Foi o primeiro a ter. E eu posso te fazer uma pergunta?

Diga, Miguel.

O tricolor paulista vai sair da fila?

Ah, vamos parar por aqui. Muito obrigado pela entrevista.