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Marcel Rizzo

REPORTAGEM

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Sorteio tenta destravar direitos da Copa-22 para se aproximar de Brasil-14

Galvão Bueno estará nas transmissões da Copa do Mundo de 2022 pela TV Globo - Reprodução / Internet
Galvão Bueno estará nas transmissões da Copa do Mundo de 2022 pela TV Globo Imagem: Reprodução / Internet

Colunista do UOL

23/03/2022 04h00

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A Fifa vendeu até o momento os direitos de transmissão da Copa do Mundo do Qatar para 201 territórios. A oito meses da competição, que tem abertura em 21 de novembro, a entidade trabalha para se aproximar das marcas das duas últimas edições: 212 de 2018, na Rússia, e 223 de 2014, no Brasil, recorde até hoje. Só que a pandemia e, agora, a guerra entre Rússia e Ucrânia fragilizaram a economia mundial e dificultam alguns acertos.

Por isso a Fifa vai inovar em seu sorteio dos grupos da Copa desta vez — o evento ocorre dia 1º de abril, a partir das 13h. Como mostrou a coluna ontem, a federação internacional vai direcionar os horários dos jogos, para atender melhor os mercados de cada país. É uma tentativa de avançar na negociação em alguns países, mas também para plataformas de transmissão em aberto em regiões que já têm contrato — caso do Brasil, que tem à venda o streaming.

A previsão da Fifa antes dos problemas era faturar US$ 2 bilhões (R$ 9,8 bilhões) com os direitos de transmissão da Copa do Mundo do Qatar. De julho de 2021, quando a coluna fez uma reportagem a respeito, ao começo de 2022, a Fifa conseguiu negociar os direitos do torneio para 12 territórios: pulou de 189 para 201 comparadores. O objetivo, agora, é igualar ao menos os números obtidos com o Mundial da Rússia.

As plataformas negociadas pela Fifa são TV (aberta e fechada), rádio, internet e mobile. Para o público brasileiro o evento pertence à Globo, mas mesmo mantendo o contrato após pendenga jurídica com a federação internacional a emissora brasileira perdeu a exclusividade para streaming (internet e mobile), ou seja, a Fifa pode negociar com empresas como Netflix, Warner (com a HBO Max) e Amazon (Prime Video), além de redes sociais como Facebook e Tik Tok. Até o momento não houve novos acordo e a Globo mantém exclusividade.

Normalmente o contrato com a empresa interessada para uma região é fechado com o pacote completo, e depois o comprador revende os direitos para outros interessados, separando por mídia. Na Copa de 2018, por exemplo, a Globo fechou acordos com 16 outras empresas, a maioria rádios, repassando os direitos do torneio — para TV fechou com a Fox, que dividiu com o SporTV a transmissão em fechada.

Em meados de 2020, a emissora carioca alegou necessidades econômicas para renegociar contratos em função da pandemia e suspendeu, por meio de liminar judicial, o pagamento de uma parcela anual do contrato com a Fifa, de US$ 90 milhões, que deveria ter sido feito em 30 de junho do ano passado. A Fifa recorreu, mas a Justiça arquivou a ação. Ao final as partes entraram em acordo, a Globo recebeu alguns benefícios para pagar a dívida, mas cedeu a exclusividade que tinha para o streaming.

NEGOCIAÇÕES
A Fifa define os locais a que negocia seus campeonatos como territórios, e não países, porque em alguns casos as vendas ocorrem para regiões que nem autônomas são. Um exemplo é o departamento francês chamado Reunião, uma ilha no Oceano Índico, em águas africanas, que a Fifa cede separadamente dos pacotes oferecidos para a França.

Boa parte dos acordos da Copa 2022 faz parte de um pacote que incluiu a edição 2018. Na América do Sul, por exemplo, com exceção do Brasil, para os outros nove países filiados à Conmebol a Fifa fechou os direitos de seus torneios a um braço da gigante de telecomunicações mexicana Televisa, a Mountrigi Management Group Limited. A Televisa foi envolvida nas acusações de pagamento de propina a cartolas para a venda de campeonatos, o chamado "Fifagate", mas nega as acusações.

A Mountrigi tem sede na Suíça (onde também está a Fifa) e comprou diretamente da Fifa os direitos de transmissão para as Copas da Rússia e do Qatar, em todos os meios, na Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela. Os valores pagos não são conhecidos.

A empresa, então, revende dentro de cada país para emissoras locais. Para o Qatar, por exemplo, a TyC adquiriu os direitos na Argentina, a DirecTV Latin America no Chile, Bolívia, Colômbia, Equador, Peru, Uruguai e Paraguai.

Nos EUA, os direitos são da Fox e da Telemundo, rede aberta de língua espanhola. Na Europa, a Fifa negocia principalmente para a União Europeia de Radiodifusão, grupo de TVs públicas do continente que depois faz os repasses para emissoras de países menores. Para grandes centros os acordos são feitos diretamente com as principais organizações, como a RAI na Itália, a TF1 na França, a ARD na Alemanha e a BBC no Reino Unido.

A África tem a SuperSport International, um braço da Sky Sports inglesa, como principal compradora para a maioria dos países, com a beIN Sports, subsidiária da qatariana Al Jazeera, logo atrás. A beIN Sports detém a maioria dos direitos para Ásia, incluindo, lógico o país-sede, o Qatar. A Fifa intensifica a venda na Ásia e os 12 territórios que compraram nesse intervalo de julho de 2021 a início de 2022 foram do continente.

TERRITÓRIOS/PAÍSES QUE JÁ COMPRARAM A COPA DE 2022 POR CONTINENTES
Europa - 57
África - 54
Américas - 47
Ásia - 35
Oceania - 8