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Marcel Rizzo

REPORTAGEM

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Adiamento das Eliminatórias teve Brasil vencendo a Argentina nos bastidores

Cafu, Alejandro Dominguez, Gianni Infantino e Rogério Caboclo em jogo da Copa América de 2019, no estádio do Corinthians - Danilo Matsukawa/ CONMEBOL Copa América
Cafu, Alejandro Dominguez, Gianni Infantino e Rogério Caboclo em jogo da Copa América de 2019, no estádio do Corinthians Imagem: Danilo Matsukawa/ CONMEBOL Copa América

Colunista do UOL

08/03/2021 11h08

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A posição da CBF, contrária a jogar as rodadas de março das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2022 apenas com atletas que atuam no Brasil, foi fundamental para que Fifa e Conmebol decidissem pelo adiamento.

Houve ruído com a posição da Argentina, que mesmo com o aumento de casos de infecção por covid-19 no Brasil estava disposta a viajar para Pernambuco para enfrentar o time de Tite no dia 30 de março. Os argentinos aceitavam convocar somente atletas de equipes sul-americanas.

O presidente da Fifa, Gianni Infantino, sugeriu que o melhor seria o adiamento porque a limitação nas convocações geraria um desequilíbrio técnico. O blog apurou que a avaliação na cúpula da CBF é que a Argentina queria jogar justamente para aproveitar que o Brasil estaria sem seus principais jogadores.

Alemanha e Inglaterra estão com fortes restrições de quarentena para aqueles que viajam do Brasil e os clubes não aceitaram ceder seus atletas, que seriam obrigados a isolamentos de ao menos dez dias ao retornarem — a Fifa manteve para 2021 exceção à regra que obriga a liberação.

Tite perderia peças importantes como o goleiro Alisson e o atacante Firmino (Liverpool), o goleiro Ederson e o atacante Gabriel Jesus (Manchester City), o zagueiro Thiago Silva (Chelsea) e o atacante Richarlison (Everton). E não havia garantia que clubes de outros países liberariam seus atletas — a própria Argentina poderia ficar sem seu principal astro, Lionel Messi, do Barcelona.

No início da semana passada, quando os cartolas sul-americanos começaram a conversar, seis países se posicionaram contra jogar sem convocar todos os jogadores: Brasil, Colômbia, Chile, Peru, Venezuela e Paraguai. Os outros quatro, Argentina, Uruguai, Bolívia e Equador, topariam atuar convocando os atletas possíveis — a ideia de atuar fora da América do Sul, sugerida por dirigentes de clubes europeus, foi rejeitada de início.

No decorrer da semana novas reuniões ocorreram, que culminou na definitiva no sábado, com a participação de Infantino, e a posição pelo adiamento foi ficando mais clara, inclusive com o Equador mudando de lado.

A gota d'água para até mesmo a Conmebol, que sempre defendeu a manutenção das duas rodadas, aceitar o adiamento foi o aviso da Federação da Colômbia de que seu governo não permitiria a entrada da delegação brasileira no país para o jogo do dia 26 em Barranquilla: os vizinhos estão assustados com a nova variante da covid-19 que se espalha pelo Brasil. Ao final, a decisão de adiar foi unânime — os cartolas sul-americanos gostam de que suas votações terminem com todos concordando para registros oficiais.

O blog apurou que essas duas rodadas serão distribuídas em datas Fifa futuras, criando períodos de pelo menos três jogos, e não dois como usual. A Conmebol vai decidir quais as melhores datas para esses dois jogos adiados. Junho, que seria uma boa data porque os atletas que atuam na Europa estão de férias, sem problema de liberação de seus clubes portanto, é ruim porque tem a Copa América entre 11 de junho e 10 de julho.

A Fifa sugeriu que as duas rodadas de março ocorram uma em outubro e a outra em novembro, período no qual se espera que a pandemia esteja melhor, mas pode ser também em setembro ou até janeiro e fevereiro de 2022.

A entidade mundial tem aberto exceções no calendário por causa da pandemia. Por exemplo: criou uma data Fifa extra, entre janeiro e fevereiro de 2022, para jogos das Eliminatórias. Também tem liberado mais de dois jogos por janela e isso já tem sido feito por outras confederações. África, Ásia, Américas do Norte e Central e Oceania poderão fazer quatro jogos na data Fifa de maio e junho de 2021 — Europa terá três partidas na de agosto e setembro. O período que os jogadores ficam disponíveis às seleções aumenta nesses casos em um ou dois dias.