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Bayern, obrigado a usar suásticas por 7 anos, encara a ainda fascista Lazio

Nessa terça-feira (4) começam as oitavas de final da Champions League com dois jogos. O PSG vai ao País Basco com uma vantagem de 2 gols para enfrentar o Real Sociedad, mas não é sobre esse jogo que vou escrever, e sim sobre Bayern de Munique x Lazio.

É uma partida de futebol que tem muita importância na história da política mundial num dos períodos mais horrendos e perversos da humanidade. O Bayern de Munique jogou por sete anos com a Suástica Nazista no seu distintivo. Não por ser a favor das atrocidades feitas pelo pior ser humano que já passou por aqui, Adolf Hitler, mas porque foram obrigados: eram um clube de origem judaica.

O clube irritava profundamente os nazistas porque resistia em eleger um presidente compatível ao regime. O presidente do Bayern teve que renunciar em 1933 junto com todos os outros judeus porque o clube foi obrigado a assinar um acordo de "Arianização" que seria uma postura pró-Nazismo.

Depois disso, teve uma caça cruel e feroz contra todos os judeus que faziam parte do clube da Bavária. Existem também muitas controvérsias na história do Bayern de Munique porque tem uma pesquisa que classifica o clube como de resistência ao nazismo e outra pesquisa diz que foi rapidamente conivente com o regime genocida do Füher. Mas na realidade consideram que foram manobras de sobrevivência do Bayern de Munique durante o regime nazista, portanto não se pode confundir com uma aproximação ideológica ao governo. Está claro que houve diversas tentativas para contornar as ordens de assédio do Nazismo durante quase uma década.

Já a Lazio nunca teve dúvidas de qual lado estava na Segunda Guerra Mundial e sobre qual é o seu papel na história. Nunca teve um clube que abraçou, e por tanto tempo, as ideias do ditador Benito Mussolini como a parte azul de Roma. A torcida tem cantos racistas contra torcedores negros, critica a diretoria quando contrata ou tenta contratar jogadores com origem judaica, proíbe presença feminina nos degraus da arquibancada mais próximos do gramado e idolatra um jogador que comemorou o gol da vitória com o gesto que ficou eternizado pelo não menos cruel Mussolini.

Paolo Di Canio faz gesto facista durante comemoração de gol da Lazio, em 2005
Paolo Di Canio faz gesto facista durante comemoração de gol da Lazio, em 2005 Imagem: AFP PHOTO/Paolo COCCO

Em 2005, portanto no século 21, o ex-jogador Paolo Di Canio, que sempre se declarou admirador das ideias do ditador, festejou a vitória fazendo o "Saluto Romano", gesto tradicional adorado pelos fascistas em sinal de respeito ao "Duce". O nome de Mussolini aparece em faixas com frequência exibidas pelos ultras da Lazio.

O holandês Aron Winter foi o primeiro negro a jogar na Lazio, era descendente de judeus e passou quatro anos convivendo com vaias, ofensas racistas vindas da própria torcida que defendia, além de eventuais suásticas estampadas em faixas e cartazes contra ele no estádio Olímpico de Roma.

O jogo de hoje decide a vaga para as quartas de finais da Champions, com a Lazio jogando pelo empate por ter vencido por 1 x 0 em Roma. O Bayern de Munique terá que fazer melhor do que vem fazendo nesta temporada, mas tem uma camisa mais pesada e com uma equipe super experiente nessa competição.

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Eu jamais torço para a Lazio vencer. Por outro lado, sempre admirei a história do clube alemão futebolisticamente falando e também por sua luta até onde sei pela resistência do regime mais horrendo, perverso e macabro que já passou por aqui até agora.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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