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Caio Paulista: os jogadores são reféns de seus empresários

Da década de 1990 para trás, havia pouquíssimos empresários no meio de futebol e poucos jogadores usavam algum representante para resolver seus contratos. Eu mesmo nunca tive nenhum aqui no Brasil e sempre fui eu quem conversava e decidia o que iria fazer. Foi assim desde o início, quando fui para a Caldense, Corinthians, São Paulo e Flamengo.

Talvez, com um empresário eu teria feito contrato melhores, mas o meu pensamento, quando era adolescente, nunca foi o de ganhar muito dinheiro, mas era jogar bola, fazer amigos, me divertir. Nunca criei problemas para assinar ou renovar contratos e com a Globo também foi assim.

Nunca pedi aumento para nenhum clube e nem na TV, mas aumentava o tempo do contrato, que para mim era o que mais valia. Por que estou falando nisso?

Para entrar no caso do Caio Paulista, porque estou vendo muitos comentários dizendo que ele é um traidor, que virou as costas para o São Paulo, que ir para um rival é um insulto e tudo mais. Quero dizer que a impressão que tenho é que os papéis se inverteram nas relações jogadores e empresários.

Antigamente, o empresário trabalhava para o jogador, mas hoje parece que é o jogador que trabalha para o empresário. Quem tem que dar entrevista e dizer o que está acontecendo é o jogador. Não dá para aguentar a omissão dos jogadores.

"Vamos ver o que o professor irá falar."

"O que meu empresário decidir será bom para mim."

Como que pode homens adultos delegarem a vida e as decisões nas mãos dos outros o tempo todo? Por acaso alguém acha mesmo que foi o Caio Paulista que procurou o Palmeiras?

Um dos grandes problemas do futebol atual é que os empresário ficaram mais importantes que os jogadores e a maioria se sente as estrelas dos espetáculo.

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Os empresários não têm nenhum sentimento pelo futebol ou pelos clubes, mas sim pelo dinheiro. Não estou inocentando o São Paulo Futebol Clube nesse caso, mas estou dizendo, com toda a certeza, que não foi o Caio Paulista que se ofereceu ao Palmeiras.

Também não estou inocentando o Caio Paulista por essa situação porque ele, assim como todos os outros, se transformaram em pessoas que não decidem mais a própria vida, e sim os empresários.

Também quero deixar claro que não estou dizendo que os empresários são uns monstros ou os vilões da história porque conquistaram esse poder todo pela omissão dos jogadores de futebol.

Ir para o Palmeiras não tem problema algum, já que seu contrato de empréstimo irá terminar no dia 31/12/2023, mas o modo como foi feito, isso é que condeno completamente.

Nada às claras, sem transparência, já que quando ficou público já estava praticamente tudo resolvido. Alguém do São Paulo precisa vir a público e explicar o que aconteceu.

Seria interessante ouvir a figura central desse imbróglio, que é o Caio Paulista. Saber do Palmeiras quem ofereceu o jogador ou se foi o próprio Palmeiras que procurou o empresário dele. Se partiu da Sociedade Esportiva Palmeiras, não vejo problema algum.

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O Abel Ferreira gosta do jogador, sabe que o empréstimo termina no final do ano e pediu para o seu clube consultar a situação com o empresário. Só que o empresário precisava ligar para o presidente do São Paulo Casares e informar que foi procurado pelo Palmeiras.

Se isso foi feito, precisa ficar público porque aí irá mostrar que o Tricolor vacilou. Mas tudo que escrevi acima precisa ser esclarecido publicamente, não é justo cair tudo nas costas do Caio Paulista, mas tudo isso acontece porque os jogadores são omissos e não participam de nada, deixando a vida nas mãos dos outros.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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