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Messi dá adeus em alto nível e abre lugar para Mbappé, Haaland e Bellingham

Ontem (30), Lionel Messi confirmou o favoritismo e conquistou a sua oitava Bola de Ouro, prêmio de melhor jogador do mundo entregue pela France Football. A revista também contemplou outros atletas que se destacaram na temporada 2022/23.

Todos os vencedores já eram esperados e os anúncios não surpreenderam ninguém.

A Bola de Ouro entregue mais uma vez a Messi causou certa polêmica, o que é justificável. Esta foi a terceira vez que o argentino foi comtemplado com o prêmio de forma contestável.

Colocar em dúvida o talento de Lionel Messi é absurdo. Sem dúvida alguma, ele é um dos grandes jogadores da história do futebol mundial.

Alguns acham que o atual jogador do Inter Miami vem logo atrás de Pelé, enquanto outros acreditam que ele faz parte de um grupo de jogadores estrelados e renomados por tudo o que estes gênios fazem em campo.

Mas, na realidade, Messi jogou em alto nível durante toda a sua carreira, com uma admirável longevidade.

Profissional, correto, ele está sempre pronto para fazer algo mágico e decidir uma partida importante ou dar essa oportunidade a um companheiro. Por muitos anos, foi cobrado por um título importante com a Argentina. Também foi contestado em seu próprio país por não se identificar com seu povo.

O camisa 10, no entanto, foi decisivo no título da Copa América de 2021, no Maracanã, contra a hoje fraca seleção brasileira. E, para coroar sua história de vez, brilhou na Copa do Mundo do Qatar em 2022 e deu à seleção celeste o tão cobrado título mundial para se tornar um verdadeiro cidadão argentino. A Argentina amargava um jejum de 36 anos sem conquistar o mundo, visto que a última vez havia sido no México, em 1986.

Por ser aguerrido e vibrante, foi escolhido justamente como o melhor da Copa.

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O que se contesta é que Messi não foi o melhor da temporada 2022/23 ainda atuando boa parte deste período pelo PSG, mas que o destaque foi mesmo o atacante norueguês Erling Haaland, que conquistou tudo com o Manchester City.

Para Lothar Matthäus, também campeão do mundo com a Alemanha e vencedor de uma Bola de Ouro, em 1990, o melhor da última temporada foi exatamente Haaland. Outro que contestou esse prêmio foi o eterno rival Cristiano Ronaldo.

Pois bem, também acho que Erling Haaland foi o melhor nos últimos 12 meses, mas concordo com o prêmio entregue pela oitava vez a Messi, por tudo que ele apresentou na última Copa, única grande taça que faltava na sua vitoriosa carreira.

O craque argentino foi pressionado por anos e alcançou este feito em grande estilo. Na minha opinião, por ser Messi, isso foi levado muito em consideração.

O que realmente me incomoda é não ter nenhum jogador brasileiro que chegue perto de vencer uma Bola de Ouro há muitos anos. Único brasileiro nesta última lista, Vinicius Junior foi o atleta do nosso país mais bem colocado na Bola de Ouro desde 2017, quando Neymar terminou em terceiro — o ex-santista já havia ficado neste mesmo posto em 2015, mas também não tinha como competir com Messi e Cristiano Ronaldo à época. Nas duas últimas temporadas, o atual atleta do Al-Hilal sequer foi indicado.

Mas, para mim, Vinicius Junior levou a honraria mais importante da cerimônia ao ganhar o Prêmio Sócrates, pelo envolvimento em projetos sociais. Ainda jovem, o atleta de 23 anos criou uma fundação que oferece ensino por meio da tecnologia e do esporte, impactando crianças e instituições em São Gonçalo (RJ), onde ele nasceu e foi criado.

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Como ele mesmo disse: "Não é formar só jogadores, mas sim advogados, professores, ou seja, dar oportunidade de escolhas para quem não tem como escolher".

Vejo o Prêmio Sócrates mais importante do que qualquer outro porque premia o cidadão Vinicius Jr, um cara que, além da fundação, já sofreu cruelmente inúmeras vezes perseguição racial na Espanha. Mesmo assim, ele não se abate e segue lutando.

"Chato sempre ter que falar sobre racismo, mas estou preparado para isso, para sempre poder falar quando for necessários para todos seguirem fortes porque vou lutar por eles", disse o atacante do Real durante a cerimônia de ontem.

Nova era

Agora com Messi jogando no futebol dos Estados Unidos e Cristiano Ronaldo no Al-Nassr, da Arábia Saudita, abriu-se um vácuo deixado por eles. Porém, Kylian Mbappé (PSG), Erling Haaland (City) e Jude Bellingham (Real Madrid) estão vindo com tudo para suprir essa carência.

O cenário está pronto para estes três dominarem os principais prêmios do futebol mundial nos próximos anos, pois estão muito acima da média de todos os outros jogadores, independentemente da idade.

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Esta foi a Bola de Ouro da despedida de Lionel Messi na disputa pelos grandes prêmios individuais.

O argentino tem uma técnica cristalina e lapidada, enquanto Cristiano Ronaldo continua sendo uma máquina de jogar futebol e fazer gols. Mas eles passaram o bastão para um francês, um norueguês e um inglês que, sem dúvida alguma, manterão o alto nível nesta disputa por prêmios e títulos.

Para finalizar, Haaland ganhou o Prêmio Gerd Müller, que é concedido ao artilheiro da temporada por clube e seleção. O norueguês anotou 56 gols, sendo 52 (em 53 partidas) no seu primeiro ano de City e outros quatro defendendo a Noruega.

Jude Bellingham levou o Prêmio Kopa, entregue ao melhor jogador sub-21 da temporada passada.

Kylian Mbappé não foi premiado, mas ficou em terceiro lugar na Bola de Ouro, atrás de Haaland. Porém, o francês será o principal candidato entre os três por já ter sido campeão do mundo com a França e melhor jovem na Copa de 2018, na Rússia, além de ter sido artilheiro na Copa de 2022, no Qatar.

Está surgindo uma nova ordem de craques no futebol mundial.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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