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Luis Fabiano não joga, mas Emelec tem artilheiro rebelde pra chamar de seu

Miller Bolanos, à direita, é a principal arma do Emelec para duelo com o São Paulo - Matilde Campodonico/AP
Miller Bolanos, à direita, é a principal arma do Emelec para duelo com o São Paulo Imagem: Matilde Campodonico/AP

Do UOL, em São Paulo

30/10/2014 12h00

Talvez o arquétipo mais popular no futebol, o personagem “artilheiro rebelde” estará presente no Morumbi nesta noite, a despeito da ausência do são-paulino Luis Fabiano, suspenso por agressão a um adversário. Por causa disso, a figura do goleador que encanta por seu talento, mas assusta por seus atos de indisciplina, será encarnada pelo equatoriano Miller Bolaños, um jovem que já foi uma grande revelação, se perdeu em polêmicas extracampo e hoje está no meio de uma reviravolta na carreira.

Ele é a grande figura do Emelec, clube que desafia o favoritismo do São Paulo nas quartas de final da Copa Sul-Americana a partir das 20h15 (de Brasília).

Bolaños surgiu para o futebol aos 16 anos, em 2007, quando foi convocado pela seleção sub-17 do Equador e participou de uma vitória incrível por 5 a 4 sobre o Brasil. Ele havia sido formado na escola de Pedro “Papi” Perlaza, um famoso treinador que revelou figuras como Antonio e Enner Valencia, hoje astros da seleção equatoriana.

Papi Pelarza levou Bolaños ao Barcelona de Guayaquil, um dos clubes grande do país. Rapidamente, o talento, a criatividade para inventar dribles em espaços curtos e a multiplicação de gols alçaram-no à condição de promessa badalada.

Parecia certo que ele em breve tomaria o caminho natural para um jogador sul-americano de destaque: a transferência ao futebol europeu. Mas, aos 18 anos, Bolaños parou no controle antidoping. Um exame acusou a presença de cocaína em seu organismo. Acabou suspenso por dois anos, mas depois de um recurso a pena seria diminuída para seis meses.

Um diretor do Barcelona disse que o mais importante era recuperar o “homem”, antes mesmo do “atleta”. “É precisa entrar na parte humana, tratar da doença. Se ele tem uma recaída, sua carreira no futebol termina. Estamos fazendo um trabalho especial, até com a família dele”, afirmava o cartola Antonio Nodoa.

Logo depois, o meia-atacante se transferiu à LDU, o maior time do Equador. Era a chance de uma retomada após a suspensão. Ele fez gols e participou de conquistas importantes, mas também irritou o clube ao faltar a treinos, o que lhe rendeu punições da diretoria. Em 2011, chegou a ser afastado do elenco principal e passou a treinar com um time B. Lesões também comprometeram seu desempenho.

Um ano depois, Bolaños tentou um recomeço, a partir dos EUA. Foi emprestado ao Chivas, um time importante da liga americana. Quando chegou, teve a ajuda e a companhia de jogadores equatorianos, que garantiam que os atos de indisciplina de Bolaños eram fruto da imaturidade da juventude e haviam ficado no passado.

Com um desempenho medíocre (três gols e quatro assistências em 29 jogos), ele foi emprestado ao Emelec um ano e meio depois.

Agora, ele parece ter retomado o rumo certo. Na semana passada, fez três gols em um jogo contra a Universidad Catolica no campeonato equatoriano. Ele já é o vice-artilheiro da competição com 13 gols. Depois de um início claudicante, o técnico argentino do Emelec já o considera titular do time.

Pelo menos assim vem o escalando nas últimas partidas. E assim deve ser no jogo desta noite.