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Série B - 2019

Ex-Flamengo lamenta poucas chances na Gávea e destaca passagem na Coreia

Paulo Sérgio defendeu as cores do Juventude no início desta temporada - Divulgação/Juventude
Paulo Sérgio defendeu as cores do Juventude no início desta temporada Imagem: Divulgação/Juventude

Thiago Fernandes

Do UOL, em Belo Horizonte

30/10/2019 04h00

O torcedor do Flamengo talvez não se lembre da passagem de Paulo Sérgio, de 30 anos, pelo clube. Revelado em 2008 na Gávea, o atacante teve poucas chances de atuar e rodou o mundo, mas o grande destaque foi na Coreia do Sul, onde se tornou ídolo.

Sem clube desde a saída do Juventude, no meio do ano, o centroavante ainda recebe dos gaúchos. No entanto, o que ele realmente procura é um novo time para defender e voltar a fazer o que mais ama: gols.

"Não fecho as portas para nenhum lugar. Estou tranquilo, queria estar jogando. Estou recebendo, mas estou em casa. Eu não tenho preferência, a gente está no nosso país. Porém, queríamos estar no CT, jogando. Se aparecer uma proposta, vou estudar bem. Estou recebendo sondagens, mas não tem nada concreto. Estou deixando as pessoas buscando para mim. Se chegar uma proposta daqui ou de fora, vamos avaliar e tocar o barco. Não tenho preferência, é escolher o melhor para mim e para a minha família", disse ao UOL Esporte.

No bate-papo, o atacante que surgiu no Flamengo relembra a passagem pelo atual finalista da Copa Libertadores da América e líder do Brasileirão.

"Fiquei 14 anos lá dentro. Um dos maiores clubes do Brasil, se não for o maior. Foi um momento importante da minha vida. A gente sonha em ser jogador de futebol profissional e vestir a camisa do Flamengo é muito importante. Você pode jogar onde for, mas sempre terá o nome vinculado ao Flamengo. Foi uma pena porque à época não era tão estruturado, não tive as oportunidades que deveria ter. Em um geral, foi uma coisa boa. Depois que saí do Flamengo, cresci muito como pessoa e como atleta. Então, são coisas boas. Deveria ter mais oportunidades, deveriam dar um pouco mais de oportunidade", declarou.

"Em relação aos empréstimos, alguns foram bons, outros nem tanto. Eu tinha contrato com o Flamengo, e o Flamengo tem uma concorrência muito grande, além de situações internas que envolvem empresários e diretores. A gente sabe que rola essas coisas, né? Por causa disso tudo, acabei sendo emprestado. Fui emprestado para Figueirense, Estoril e o Náutico. Comecei a rodar depois sem ter contrato com o Flamengo. Meu contrato era até junho de 2013, mas no final de janeiro, fizemos um acordo e eu saí. Eu fiquei fora da lista da pré-temporada de 2013. Queria jogar e não via motivo para estar na lista de pré-temporada. Pedi ao Paulo Pelaipe, então diretor, para sair. Passei pelo Paraná, fui para o Avaí, fui para os Emirados Árabes. Fui para a Coreia, onde tive uma passagem", acrescentou, dizendo que sonha em voltar ao Fla:

"Se eu falar que não, estaria mentindo. Teria vontade de voltar ao Flamengo. Hoje, o Flamengo está num patamar muito grande, todos querem jogar no Flamengo. Na minha época, alguns queriam, mas não igual a hoje. A gestão Bandeira de Mello mudou tudo no Flamengo. Minha cabeça está voltada para jogar. Quero fazer o meu papel para chamar a atenção de todos os clubes".

Mas o Flamengo não foi o único assunto abordado por Paulo Sérgio. Ele falou também sobre as passagens pela Coreia do Sul, onde defendeu Daegu FC e Seongnam Ilhwa.

"Melhor número meu em termos de jogos e gols. Foi bacana demais", relembrou. "Os coreanos gostam bastante de futebol, mas não é o primeiro esporte do país. Ainda tem o beisebol, que eles são apaixonados, e depois vem o futebol. Eles gostam muito de brasileiro, não é à toa que todo ano tem brasileiro indo para lá. É um país maravilhoso, minha filha nasceu lá inclusive também. É um país maravilhoso para viver. Eu acompanho as Champions Leagues da Ásia. Foi uma passagem boa, gostei muito, minha família gostou também".

Autor de 17 gols em 32 jogos, Paulo Sérgio explica como se adaptou à cultura do futebol sul-coreano.

"Foi mais a questão dos brasileiros que me ajudaram bastante. Na minha primeira passagem fora do país, nos Emirados Árabes, eu era o único brasileiro do país. Eu só rezava para entrar em campo, porque não entendia nada lá. Na Coreia, não, havia outros brasileiros no país. Tinha o brasileiro Éder, foi bem tranquilo. O coreano que participou da negociação falava português, me deu todo suporte. Foi muito tranquilo, graças a Deus, deu tudo certo. Não tinha como dar errado", comentou.

Veja outros trechos da entrevista de Paulo Sérgio:

Arrependimento por deixar o Fortaleza

Depois fui para o Fortaleza, conseguimos o acesso da Série C para a Série B. Deveria ter permanecido, tinha contrato, mas o Paulo Bonamigo foi para a Arábia e me ligou. O Rogério Ceni tinha acabado de chegar ao Fortaleza e pediu para eu não sair. Só que foi uma proposta muito boa para ir à Arábia. O Bonamigo caiu logo em seguida, com dois jogos, e não fiquei. É coisa do futebol, não tem jeito.

Ida para a Coreia do Sul

Eu procurei algumas coisas com pessoas que estavam morando lá e todos falaram: 'pode vir, porque é muito bom, você vai adorar ter filho aqui'. Quando cheguei lá, foi muito bom. A esposa do Diego Maurício, que jogou no Flamengo e está lá até hoje, teve filho lá. Hoje, você vai pagar R$ 10 mil para ter um filho sem plano. Terremotozinho a gente acabou pegando lá também. E é algo que não é comum no país. Aconteram umas três, quatro vezes, e acabou tendo em 2016. Foi a única coisa um pouco assustadora mesmo. Na madrugada, descemos a escada correndo. Fora isso, foi supertranquilo. A nova geração fala bem o inglês, deu para se adaptar bem, uma experiência ótima.

Alimentação na Coreia do Sul

A alimentação era complicada também, as coisas muito apimentadas. Para a minha esposa, que gosta de pimenta, ela adorava. Para mim, foi um pouco chato. Até o Outback, que a gente ia, as coisas eram voltadas para o tempero da Coreia. Eles adoravam. Não tinha como comer igual no Brasil, tinha a sopa coreana deles. O bom era para você aprender. De repente, você acaba se acostumando e tem o churrasquinho coreano deles, que é muito bom, muito gostoso. Lá, eles cortavam com tesoura a carne. É supernormal e, depois, você vai entrando no clima.

Passagem pelo Juventude

Foi no início do ano. Prestes a começar o campeonato, tive uma lesão no adutor. Tive duas lesões no adutor, uma no início do Gaúcho. Eles me mandaram fazer um exame, não era ressonância. Ele foi comigo ao consultório, me mandaram fazer outro time de exame, que era ecoterapia e não acusou nada. Eu fui treinar na semana que começou o Gauchão, deu grau dois, tive que ficar um mês parado. Eu tive as lesões, que me atrapalharam bastante logo no início. Acabei me machucando, o time estava um pouco encaixado. Chegou o Marquinhos e ele estava revezando muito o Brayan Rodríguez e eu. Logo depois, tive outra lesão de adutor. Eu estava no banco, voltando a entrar nos jogos. Aí eles falaram que não dava para me manter, fizemos um acordo e eu saí.