Zago abraça favoritismo e diz que Inter está pronto para voltar à elite
A tarefa não será fácil, mas o Inter está pronto. Antonio Carlos Zago não dá o discurso padrão quando o assunto é a Série B no calendário vermelho. Com personalidade, o ex-zagueiro abraça o favoritismo do clube gaúcho e, mesmo ressaltando os perigos de ser o mais forte entre todos do campeonato, acredita que sua equipe está pronta.
A derrota para o Novo Hamburgo no Gauchão não deu motivos para reclamar. Ao pegar um time desacreditado, ele entende que superou a expectativa ao chegar à decisão. E mesmo sem o hepta, tudo esteve dentro do que poderia ser esperado.
Na véspera da estreia em casa, o comandante concedeu entrevista exclusiva ao UOL Esporte e tratou da reconstrução do Inter, disse que vê sua equipe pronta para subir e garante que se sente seguro no cargo. Neste sábado às 19h (de Brasília), o adversário será o ABC. A primeira vez diante da torcida pela segunda divisão.
Confira a primeira parte da entrevista do treinador do Internacional. A segunda vai ao ar na segunda-feira:
UOL: Passou o primeiro semestre, o Inter em reconstrução. O que você leva de lição e como você avalia o rendimento do time?
Zago: O Inter vem do pior ano da história. Não é de uma hora para outra que as coisas mudam. O grupo estava totalmente desacreditado, sem confiança alguma, jogadores vindos do rebaixamento, um treinador novo dentro do clube. Muita coisa muda. Ninguém acreditava no Inter. É o que se ouve. Nós acreditávamos, mas ninguém acreditava fora do Inter. Colocavam o Grêmio na final, colocavam o Grêmio como campeão. Ninguém além de nós acreditava. Conseguimos atingir o objetivo. E quando se avança, não importa se é primeiro ou oitavo, porque oito passam. Chegamos à final e perdemos para o melhor time do campeonato, que foi o Novo Hamburgo, que manteve uma regularidade. Mas chegamos. E ninguém acreditava. No geral, o trabalho está sendo bem feito. Recuperamos vários jogadores, a confiança do elenco, para jogar, para trabalhar... Faz oito ou dez jogos que atingimos uma regularidade, estamos com padrão de jogo, o time com construção, controle de jogo, posse de bola, e não uma posse de bola chata, mas trabalhando com triangulações. Contra o Palmeiras, por exemplo, depois dos 20 do segundo tempo eles passaram a jogar no contra-ataque e nós só não entramos porque eles têm uma fase defensiva muito boa. O primeiro semestre foi dentro do que esperávamos com o tempo que tivemos para trabalhar.
UOL: Além de recuperar a confiança do elenco depois da queda, você acha que recuperou a autoestima da torcida também?
Zago: Eu acho que sim. Nunca o técnico será unanimidade. Cada um tem uma ideia. Mas eu acho que o mais importante é o torcedor torcer para o Inter. E não para o Zé, o João, o Roberson, ou o Pottker, ou o Brenner. A torcida tem de torcer para o Internacional. Principalmente nos jogos em casa. Isso é o mais importante. O Inter vem em primeiro lugar independente do que ocorre, a prioridade é sempre o Inter. E a torcida tem nos ajudado bastante. A caminhada de retorno à Série A será longa e esperamos conseguir isso o mais rápido possível
UOL: Há perigos em ser o único clube grande e mais forte da segunda divisão?
Zago: Tem perigos, sim. Mas se o Inter entrar concentrado, como fizemos nos últimos jogos, temos condições de conseguir esta classificação. O Inter entra na Série B, e não é falar mal dos adversários, mas como favorito a conquistar uma vaga e a conquistar o título. Não adianta esconder isso. Temos que trabalhar bastante, porque do outro lado temos equipes que querem o mesmo objetivo. Times que estão sendo montados agora, mas que podem fazer frente ao Inter na Série B. Tudo está ocorrendo da melhor forma possível. O clube trabalha para ajudar em logística, que é muito importante na Série B, nós fazemos a nossa parte e temos convicção de atingir o objetivo.
UOL: O que significa para você poder subir o Inter para Série A?
Zago: Eu falei algumas vezes que comecei minha carreira como treinador sem um preparo para chegar onde cheguei. Dei um passo atrás, sendo auxiliar e me preparando melhor, fazendo cursos que são necessários para treinador, ou qualquer área que se vá desempenhar melhor a função. Eu fiz. Hoje me sinto preparado para o desafio. É uma oportunidade importante. Recolocar o Inter na Série A marca de vez o meu trabalho entre os principais técnicos do país.
UOL: Talvez o principal jogador a ser recuperado por você foi o Nico López. Como foi este processo?
Zago: Foi o primeiro jogador com quem conversei, antes do jogo do D'Alessandro (evento chamado de Lance de Craque) no Beira-Rio. Batemos um papo. No começo, foi mais em cima de conversa, como com outros jogadores. Eu conhecia ele há mais tempo (da Roma) e isso pode ter facilitado. A confiança que ele tinha no meu trabalho. É um grande jogador e ainda pode crescer mais pela idade e experiência que tem.
UOL: No começo do ano você falou que faltava algumas peças no elenco, que precisava de jogadores diferentes. Hoje, com 13 contratações feitas pela direção do Inter e algumas que sequer estrearam, você está satisfeito?
Zago: Sim. Estou satisfeito com o que tenho aqui. Neste momento, principalmente depois das chegadas do Edenílson, do Danilo na defesa, do Gutiérrez que antes não podia jogar e agora faz parte do elenco, totalmente. Agora temos jogadores agudos, rápidos, como Cirino, o Pottker, temos variações importantes e vamos colocar em campo os que tiverem as melhores condições.
UOL: Há alguma semelhança entre o Inter de hoje e o Corinthians que você participou como dirigente e cita como modelo para volta à elite?
Zago: O fato de termos montado um grupo forte, com as opções que citamos. Isso é o mais importante. A Série B é um campeonato longo, há muitas distâncias a percorrer e muitos imprevistos. Tem que ter o material certo, os jogadores certos para que se um sair, termos outro no mesmo nível. Fizemos isso até agora. E naquele ano o Corinthians foi vice-campeão da Copa do Brasil, perdeu a final para o Sport, e nós ainda temos este sonho da Copa do Brasil, que também pode ser conquistado.
UOL: O Inter se caracterizou por trocar muito de treinador. Nos últimos três anos foram oito treinadores. Entre eles, ídolos que acabaram arranhando sua imagem. Você se sente seguro atualmente no comando?
Zago: Eu acho que este foi o maior erro do Inter no ano passado: a troca de treinador. Foram quatro técnicos em um ano. O jogador acaba se confundindo, é ruim para a cabeça dele, não se sente seguro. Eu me sinto seguro agora, sim. É lógico que temos que manter a regularidade, que a Série B é nosso principal objetivo, que precisamos atingir a meta que traçamos lá no começo. Mas em cima disso, do trabalho, tenho segurança de poder fechar o ano com a conquista do objetivo.
UOL: O primeiro jogo do Inter na Série B mostrou um time muito à frente do adversário. Você acha que o Inter está, tecnicamente, muito à frente dos rivais da Série B?
Zago: Eu falo em cima da crítica paulista sobre nosso último jogo. Todos elogiaram nosso time. Tem o dedo do técnico, sim, mas é a qualidade dos jogadores. Eu acho que temos um grupo com mais qualidade que os adversários. Uma grande equipe, e também com investimento maior do que os adversários. Nos preparamos bem para passar por esta competição e conseguir devolver o Inter à Série A.
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