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F1 deveria ter mais barulho e comprar FE, diz CEO de fórmula elétrica

Divulgação/ABB Formula E
Imagem: Divulgação/ABB Formula E

Julianne Cerasoli

Do UOL, em Londres (ING)

18/01/2019 04h00

De um lado, nada no automobilismo se compara ao tamanho e alcance da Fórmula 1, único campeonato de construtores do mundo, criado ainda na década de 1950 e que soma quase 1 bilhão de dólares de receita por temporada. De outro, há a Fórmula E, categoria que aposta em um futuro com carros elétricos, está apenas na quinta temporada e hoje conta com cada vez mais interesse das montadoras. Ainda que, atualmente, elas ainda não rivalizem, já que a F1 ainda é muito maior, não se sabe o que vai acontecer em um futuro próximo.

Prova de que chegou o momento da Fórmula 1 decidir se quer ou não manter-se relevante em 10, 20 anos é a demora dos dirigentes da categoria em definir o regulamento de 2021. Isso porque o caminho escolhido em 2014, de partir para motores os turbo V6 híbridos ainda divide opiniões: de um lado, há quem defenda que a F1 caminhe cada vez mais para os motores elétricos, e há quem acredite que o melhor mesmo é admitir seu lado "old school" e voltar a ter motores a combustão. A continuidade dos híbridos nos moldes atuais é difícil, uma vez que a tecnologia é muito complexa e de questionável utilização na indústria, e por conta disso não resultou no retorno das montadoras, como previsto.

O CEO da Fórmula E, Alejandro Agag, tem uma solução para o impasse. Solução essa, aliás, que lhe traria um belo lucro por ter apostado na categoria elétrica quando os carros não tinham autonomia sequer para completar uma corrida, algo que mudou apenas para esta temporada. 

"Se eu fosse a F1, primeiro eu comprava a Fórmula E e diria 'aqui está a minha parte elétrica', tornaria os motores da F1 100% a combustão e, daqui a 10 anos, mudaria para uma categoria elétrica porque, até lá, os motores elétricos serão mais rápidos que os motores a combustão", propôs em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.

Assim, Agag defende que o melhor caminho para a Fórmula 1 no momento é dar um passo atrás, para dar dois à frente. "Sou um grande fã da Fórmula 1 e acho que a F1 e a FE são muito compatíveis, mas ao mesmo tempo diferentes. A F1 está indo em uma direção diferente em termos de motor, enquanto nós temos de continuar o que estamos fazendo e, talvez no futuro, nós poderemos convergir em uma categoria só. No momento, não competimos com eles e estamos muito confortáveis com essa situação", afirmou o espanhol.

"Acho que, se eu comandasse a F1 - o que não é a realidade - eu teria um motor totalmente a combustão até mudar completamente para o motor elétrico. Acho que ficar no meio disso não é bom para a competição. É bom para os carros, nas ruas, por conta da tecnologia híbrida. Mas, na minha opinião, a F1 deveria ser só uma coisa, muito bem definida e clara. A F1 para mim tem a ver com o barulho, com os V10, V8, aquele barulho lindo."

Ainda com os V6 turbo, a Fórmula 1 inicia sua temporada em meados de março, na Austrália. Já o campeonato da FE já teve duas etapas disputadas e é liderado por Jerome D'Ambrosio. A próxima etapa será em Santiago, dia 26 de janeiro.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Alejandro Agag é CEO da Fórmula E. Inicialmente, o título desta reportagem o tratava erroneamente como "dono" da categoria. O texto foi corrigido.

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