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Massa e Nelsinho mostram que rixa antiga tem tudo para pegar fogo na F-E

Fórmula E/Divulgação
Imagem: Fórmula E/Divulgação

Julianne Cerasoli

Do UOL, em Londres (ING)

16/01/2019 04h00

Não demorou para uma rixa antiga mostrar que deixou suas marcas na relação entre Felipe Massa e Nelsinho Piquet. Desde a chegada do ex-Ferrari e Williams à Fórmula E, as cutucadas têm sido constantes por meio da imprensa. Falando com exclusividade ao UOL Esporte, Massa e Piquet disseram não ter problemas um com o outro. Mas também nenhum interesse em ter qualquer tipo de relação.

"Nossa relação é normal. Ele não é meu amigo. Tem pessoas que são meus amigos e para outros eu cago. Ou é meu amigo, ou não é?", resumiu Nelsinho em entrevista exclusiva. O piloto da Jaguar não quis se estender no assunto.

Na pista, contudo, ele não aliviou quando se sentiu prejudicado por Massa durante o treino livre o e-Prix do Marrocos. Depois de ter de desviar do compatriota, que vinha lento, entrando nos boxes devido a um problema no carro, Nelsinho reclamou via rádio. "Que amador ridículo", disse.

Após ter passado por diversos problemas também na classificação e na corrida e ter terminado em último, Massa disse que a atitude de Piquet tinha sido "triste". Mas o piloto já tinha revelado ao UOL Esporte que não havia gostado de uma entrevista anterior de Nelsinho.

"Não entendi uma entrevista que ele deu logo que eu entrei, dizendo que eu estava entrando na F-E apenas por política, porque meu empresário é filho do Jean Todt, e disse ainda que a F-E não precisa de pilotos da F-1. Foi uma entrevista muito pequena, mas eu não imaginava ele dizer uma coisa dessas. Então minha relação com ele não tem o menor sentido de continuar." 

Nelsinho Piquet - Divulgação/Fórmula E - Divulgação/Fórmula E
Imagem: Divulgação/Fórmula E
A declaração citada por Massa foi dada à publicação Motorsport Magazin', em junho do ano passado. Na ocasião, Piquet afirmou que a chegada de Massa representaria uma mudança para uma categoria que nunca teria apostado em grandes nomes para crescer. "A F-E nunca quis grandes nomes. Eles sempre quiseram criar as próprias estrelas. [A chegada de] Felipe Massa foi claramente uma coisa política. É empresariado por Nicolas Todt, que tem o pai [o presidente da FIA, Jean Todt] muito próximo a Alejandro Agag. É apenas política, a bobagem de sempre".

Rixa antiga
Massa e Piquet nunca tiveram uma inimizade declarada, mas também nunca foram próximos. Mas pesa o fato de que Massa considera fundamental a armação do GP de Singapura de 2008 para a perda do título daquele ano.

Na ocasião. Piquet participou de um plano que garantiu a vitória de seu então companheiro, Fernando Alonso. Ele bateu de propósito, forçando a entrada de um Safety Car em momento propício para o espanhol pular de 15º, posição em que largara, para os primeiros lugares. Massa vinha liderando aquela prova, mas a Ferrari se atrapalhou em sua parada sob SC e ele acabou fora dos pontos. Seu rival na luta pelo título, Lewis Hamilton, que vinha em segundo antes da batida de Nelsinho, foi o terceiro e ganhou o campeonato por um ponto.

"Na verdade, eu nunca tive uma relação complicada com o Nelsinho. Sempre o achei uma pessoa bem diferente. Quando eu organizava o Desafio das Estrelas, todos os pilotos ficavam de um lado e ele ficava separado. Então não era eu. Ele que sempre teve uma relação diferente", acredita Massa. "Mas nunca tive nenhum problema com ele, independente daquela decepção de Singapura. É uma decepção você ver um piloto entrando em uma situação como aquela, da mesma forma que é uma decepção quando você vê um time de futebol fazendo acordo com árbitro, por exemplo". 

Mas o fato é que o clima pesado chegou até ao CEO da Fórmula E, Alejandro Agag que, perguntado sobre a chegada de Massa à categoria pelo UOL Esporte, disse: "É incrível, eu amo Felipe, ele é ótimo. Eles são todos grandes pilotos. Lucas [Di Grassi] e Nelson não são tão amigáveis". Ao saber da declaração, Massa fez uma breve pausa e comentou que "Lucas é gente boa". Para bom entendedor, meia palavra basta.