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Tales Torraga

REPORTAGEM

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Bombonera 'sobre as águas' é viável ou delírio? Especialistas analisam

Projeto da Nova Bombonera, que seria construída a nove quadras do atual estádio do Boca Juniors - Divulgação/Twitter @jorgereale
Projeto da Nova Bombonera, que seria construída a nove quadras do atual estádio do Boca Juniors Imagem: Divulgação/Twitter @jorgereale

Colunista do UOL

22/05/2023 09h36

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Na semana passada, o futebol argentino acompanhou surpreso um vídeo divulgado por Jorge Reale, candidato à presidência do Boca Juniors, com detalhes da "Nova Bombonera", que seria construída "sobre as águas" e teria capacidade para 112 mil espectadores —desbancando assim o Monumental de Núñez (84 mil lugares) como o estádio de maior capacidade na América do Sul.

O estádio seria construído na Ilha Demarchi, sobre o Rio da Prata, uma zona de terrenos e prédios da Marinha, a cerca de nove quadras da atual Bombonera. Os torcedores teriam acesso através de três pontes para pedestres.

Em caso de vitória do candidato à presidência nas eleições de dezembro, a nova Bombonera começaria a ser construída em janeiro do ano que vem, com finalização prevista para 2028.

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Projeto da Nova Bombonera, estádio do Boca Juniors, que teria capacidade para 112 mil lugares
Imagem: Divulgação/Twitter @jorgereale

'Diferente de tudo'

Para Otávio Pedroso, arquiteto da Recoma, empresa brasileira especializada em infraestrutura e construções esportivas, a ideia do projeto pode vingar, mas deve ser analisada cuidadosamente pelos engenheiros.

"Existem vários perigos que devem ser observados", ressaltou ele à coluna.

"Saber se o peso da estrutura sobre as águas não poderá gerar instabilidade na partida, como os torcedores poderão evacuar em um caso de emergência e como será feita a manutenção da infraestrutura, que geralmente desgasta mais rápido em contato com a água", destacou Otávio.

Embora o planejamento passe por questões delicadas, como entradas e saídas por meio de pontes, o especialista acredita que a ideia do novo estádio não é descabida.

"Realizando estudos detalhados, envolvendo especialistas em engenharia estrutural, ambiental e marinha, claro que será possível garantir a segurança, estabilidade e sustentabilidade do projeto. É uma chance de criar algo único e diferente do que estamos acostumados a ver no mundo do futebol", concluiu.

"Não só é viável como é uma possível sede para a Copa do Mundo de 2030", analisou à coluna o engenheiro argentino Martín Basso, que presta consultoria para a AFA (Associação de Futebol Argentino).

"O futebol campeão do mundo merece uma modernização, e esta nova Bombonera transmitiria esta inovação que queremos dar", segue ele, um dos responsáveis pelo Estádio Diego Armando Maradona, de La Plata, uma das sedes do Mundial Sub-20 que está sendo disputado na Argentina.

Os custos iniciais para a Bombonera "sobre as águas" são estimados em US$ 400 milhões (cerca de R$ 2 bilhões).

"Uma maneira muito comum de financiar estádios no mundo todo seria negociar os direitos do nome do espaço", conclui ele, lembrando que o Monumental de Núñez conta com aporte financeiro da rede de supermercados Mâs.