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Bombonera 'sobre as águas' é viável ou delírio? Especialistas analisam
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Na semana passada, o futebol argentino acompanhou surpreso um vídeo divulgado por Jorge Reale, candidato à presidência do Boca Juniors, com detalhes da "Nova Bombonera", que seria construída "sobre as águas" e teria capacidade para 112 mil espectadores —desbancando assim o Monumental de Núñez (84 mil lugares) como o estádio de maior capacidade na América do Sul.
O estádio seria construído na Ilha Demarchi, sobre o Rio da Prata, uma zona de terrenos e prédios da Marinha, a cerca de nove quadras da atual Bombonera. Os torcedores teriam acesso através de três pontes para pedestres.
Em caso de vitória do candidato à presidência nas eleições de dezembro, a nova Bombonera começaria a ser construída em janeiro do ano que vem, com finalização prevista para 2028.
'Diferente de tudo'
Para Otávio Pedroso, arquiteto da Recoma, empresa brasileira especializada em infraestrutura e construções esportivas, a ideia do projeto pode vingar, mas deve ser analisada cuidadosamente pelos engenheiros.
"Existem vários perigos que devem ser observados", ressaltou ele à coluna.
"Saber se o peso da estrutura sobre as águas não poderá gerar instabilidade na partida, como os torcedores poderão evacuar em um caso de emergência e como será feita a manutenção da infraestrutura, que geralmente desgasta mais rápido em contato com a água", destacou Otávio.
Embora o planejamento passe por questões delicadas, como entradas e saídas por meio de pontes, o especialista acredita que a ideia do novo estádio não é descabida.
"Realizando estudos detalhados, envolvendo especialistas em engenharia estrutural, ambiental e marinha, claro que será possível garantir a segurança, estabilidade e sustentabilidade do projeto. É uma chance de criar algo único e diferente do que estamos acostumados a ver no mundo do futebol", concluiu.
"Não só é viável como é uma possível sede para a Copa do Mundo de 2030", analisou à coluna o engenheiro argentino Martín Basso, que presta consultoria para a AFA (Associação de Futebol Argentino).
"O futebol campeão do mundo merece uma modernização, e esta nova Bombonera transmitiria esta inovação que queremos dar", segue ele, um dos responsáveis pelo Estádio Diego Armando Maradona, de La Plata, uma das sedes do Mundial Sub-20 que está sendo disputado na Argentina.
Os custos iniciais para a Bombonera "sobre as águas" são estimados em US$ 400 milhões (cerca de R$ 2 bilhões).
"Uma maneira muito comum de financiar estádios no mundo todo seria negociar os direitos do nome do espaço", conclui ele, lembrando que o Monumental de Núñez conta com aporte financeiro da rede de supermercados Mâs.
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