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Tales Torraga

REPORTAGEM

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Violência de jogador contra a ex agrava crise no Boca que pega Corinthians

Eduardo Salvio, do Boca Juniors - Alejandro Pagni/AFP
Eduardo Salvio, do Boca Juniors Imagem: Alejandro Pagni/AFP

Colunista do UOL

16/04/2022 04h00

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Um turbilhão de problemas. Assim está o Boca Juniors que vai enfrentar o Corinthians no próximo dia 26 na Neo Química Arena, em jogo válido pela terceira rodada da fase de grupos da Libertadores.

É, de longe, o momento mais delicado do clube desde a posse da atual presidência, composta por Jorge Ameal e Juan Román Riquelme, em novembro de 2019.

O estopim veio anteontem (14) com o caso do atacante argentino Eduardo "Toto" Salvio, de 31 anos.

Integrante da seleção que disputou a última Copa do Mundo e maior salário do clube (US$ 300 mil segundo as listas que circulam na imprensa argentina, cerca de R$ 1,41 milhão), ele foi acusado de atropelar sua ex-mulher em plena madrugada no bairro de Puerto Madero, um dos endereços mais caros de todo o continente.

Ele prestou depoimento ontem (15), antes de treinar, e disse à polícia que ela não teria caído, e sim se jogado no chão.

"No início do vídeo se vê uma pessoa cair. É ela. Depois de me dar três tapas, ela se jogou para trás. Ela se jogou, não caiu", alega Salvio no depoimento. Na versão do jogador, todo o ocorrido seria uma crise de ciúmes. Os dois se separaram no mês passado.

O Boca está farto de casos de tipo. Em outros momentos, atletas como o goleiro Agustín Rossi e o atacante Sebastián Villa também geraram tais desgastes e obrigaram o Boca a criar um código de conduta que, no princípio deste "caso Salvio", levava a crer que ele seria afastado, algo por enquanto refutado pelo técnico Sebastián Battaglia.

Salvio, porém, foi afastado do jogo de amanhã contra o Lanús na Bombonera. "Ele não está com a cabeça na partida", resumiu Battaglia.

pipa - Marcelo Endelli/Getty Images - Marcelo Endelli/Getty Images
Dario Benedetto, do Boca Juniors disputa a bola com Gustavo Cristaldo e Juan Adrián Rodriguez, do Always Ready
Imagem: Marcelo Endelli/Getty Images

Problemas demais

O Boca tem ainda três jogos no Campeonato Argentino (versão Copa da Liga Profissional) antes de encarar o Corinthians pela Libertadores.

O clube xeneize enfrenta na Bombonera o Lanús neste domingo e o Godoy Cruz na próxima quarta-feira. No sábado da semana que vem, visita o Central Córdoba, em Santiago del Estero.

O time carrega complicações em praticamente todos os setores do campo. A começar pelo goleiro, Agustín Rossi, que teve uma atuação histórica na vitória contra o River Plate e depois cometeu falhas bisonhas. Os zagueiros na Libertadores são reservas ou juvenis, porque os titulares ou estão suspensos (Rojo, pela briga do ano passado) ou se recuperando de cirurgia, caso de Izquierdoz.

O capitão tem sido o lateral-esquerdo Frank Fabra, o que para muitos é uma prova cabal de falta de liderança — corroborada pela diretoria, de atitude pouco firme com os brigões do ano passado no Mineirão e que agora desfalcam a equipe, como o zagueiro Rojo e o atacante Villa.

E tal falta de conduta se reflete também ao resgatar o passado de Fabra.

Foi o lateral colombiano, por exemplo, quem pisou em Marinho e deixou o Boca com um a menos na semifinal da Libertadores de 2020, quando o Boca foi humilhado e perdeu por 3 a 0 para o Santos na Vila.

O trabalho do técnico Sebastián Battaglia tem sido muito questionado desde que ele assumiu o cargo, em agosto do ano passado. Uma derrota para o Always Ready na semana passada renderia a sua saída, mas a vitória por 2 a 0 lhe deu uma sobrevida.

Resta saber se ela vai durar até o jogo contra o Corinthians.

O nível de estresse no clube xeneize é tamanho que novos tropeços na Argentina podem custar seu cargo e gerar o famoso "golpe anímico" que os portenhos tanto repetem quando há uma troca no comando de algum clube de futebol.