Topo

Tales Torraga

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

O que transformou a seleção argentina em potência no futsal?

Seleção argentina vai ser a adversária do Brasil na semifinal do Mundial de Futsal, nesta quarta (29) - Divulgação FIFA
Seleção argentina vai ser a adversária do Brasil na semifinal do Mundial de Futsal, nesta quarta (29) Imagem: Divulgação FIFA

Colunista do UOL

29/09/2021 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Após a vitória da seleção brasileira contra Marrocos e da Argentina contra a Rússia, as rivais sul-americanas se enfrentarão pela vaga na grande final da competição. Será hoje (29), às 14h (de Brasília), em Kaunas, na Lituânia.

A outra semifinal terá Portugal x Cazaquistão.

A seleção brasileira passou em primeiro lugar na fase de grupos com 100% de aproveitamento. Depois disso, nos mata-matas, os comandados de Marquinhos Xavier deixaram Japão e Marrocos para trás. Já a Argentina também teve três vitórias na primeira fase, superando depois Paraguai e Rússia.

Antes figurante, a Argentina hoje merece ser olhada como potência do futsal. É a atual campeã mundial, superando a Rússia na decisão na Colômbia em 2016. O último feito da azul e branca foi o primeiro lugar nas Eliminatórias para o Mundial atual, deixando o Brasil para trás por 3 a 1 em Caxias do Sul.

A coluna lista três motivos para entender a guinada argentina no futsal.

Pós-2014

Há sete anos, a Argentina, apoiada pela AFA, realizou uma ampla troca de jogadores, treinadores e dirigentes. O objetivo: competir no mais alto nível. O "processo" a longo prazo deu resultados. Se antes a seleção era talentosa, mas sofria na hora de competir, hoje a Argentina é uma das equipes mais preparadas do mundo. Exemplo: a pandemia fez com que o time atual começasse a treinar para o Mundial três meses antes que a maioria.

A seleção está entrosada e mais motivada que nunca.

arg - Divulgação AFA  - Divulgação AFA
Argentina comemora título do Mundial de Futsal em 2016
Imagem: Divulgação AFA

O grupo

A seleção que disputa o Mundial da Lituânia se conhece há mais de dez anos, desde o Sub-17 e Sub-20. E a maioria saiu dos clubes de bairro, passando a mensagem aos argentinos que todos, sem exceção, podem chegar lá.

Assim como em outros esportes, como rúgbi, hóquei sobre a grama e vôlei, o futsal argentino aposta em uma linha contínua de trabalho. O atual técnico, Matías Lucuix, era ajudante do treinador que foi campeão do mundo, Diego Giustozzi (foi para a Espanha). A base foi mantida com a maioria de "europeus". E se há coesão no grupo, há também destaques individuais como Constantino Vaporaki, Titi Borruto (maior artilheiro da história da Argentina), Alan Brandi, Leandro Cuzzino, Nico Sarmiento (melhor goleiro do Mundial 2016) e as referências históricas Pablo Taborda e Maxi Rescia.

Cenário local

A seleção conta com vários profissionais que vivem do futsal e outros que "remam" o dia a dia no futebol local vizinho. Na Argentina, disputam-se torneios organizados pela AFA desde 1986, e hoje participam 65 clubes entre a Divisão de Honra (18 clubes), Segunda Divisão (17) e Terceira (30 times em duas zonas). E essa contagem engloba só a Área Metropolitana e a Grande Buenos Aires, sem elencar todas as demais províncias do extenso país.

O San Lorenzo foi o campeão da última Libertadores de Futsal, em maio, batendo o Carlos Barbosa por 4 a 3 (na prorrogação) para ficar com o título.