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Por que o decisivo Boca x River de amanhã é tido como uma "bomba sanitária"
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Boca Juniors e River Plate se enfrentam amanhã (16) na Bombonera em novo mata-mata tratado desde já com a habitual paixão entre os torcedores argentinos. O confronto será às 17h30 (de Brasília). Quem ganhar, avança às semifinais da Copa da Liga Argentina. Quem perder, mergulha na tradicional melancolia de se ver superado pelo eterno rival. É um jogo para parar o país. As pesquisas mais recentes para aferir a dimensão das torcidas mostram que cerca de 75% da Argentina torce para Boca ou River.
A partida será com os portões fechados - nos recentes cinco mata-matas anteriores entre ambos houve presença normal de público. O que ninguém se atreve a prever é que os protocolos para brecar a pandemia serão respeitados. O "superclássico" será em horário nobre (as programações argentinas respeitam horários um pouco mais tardios que o Brasil). O programa típico deste frio domingo será mergulhar logo cedo em uma combustão de mate, vinho tinto, fernet e churrasco para acompanhar a partida que domina a maioria das conversas desde o começo da semana.
A dificuldade é contar com o bom senso que indica uso de máscara e evitar aglomerações. As reuniões de torcedores seguem ocorrendo na Argentina e preocupando as autoridades. Um exemplo veio duas semanas atrás, no clássico de Rosário, com as escolas fechadas e torcedores enlouquecidos de Rosario Central e Newell's Old Boys se aglomerando nas ruas. O que se espera amanhã em Buenos Aires é algo parecido - será uma decisão, afinal.
No último encontro entre Boca e River - um 1 a 1 pela fase de grupos da Copa da Liga Argentina em 14 de março - já houve uma série de reuniões assustadoras que acenderam o alerta para este domingo. O Boca x River é tratado no país como uma "bomba sanitária". Quem conhece a Bombonera sabe que o bairro conta com diversas ruas acanhadas e de difícil acesso à polícia. São nessas "tocas" que a torcida do Boca habitualmente se reúne para acompanhar as partidas nesta pandemia.
A torcida do River não tem um ponto de encontro específico - o clube, em Núñez, anda respeitando a indicação para evitar reuniões. Mas pedir para que cada um sofra em sua casa, sozinho, é algo distante demais da tradição do futebol argentino. Um Boca x River decisivo - e típico - é mais massivo que um dia das mães, dos pais e um aniversário todos juntos.
Feriado suspenso
A Argentina se prepara para suspender o feriadão (da Revolução) de 25 de maio justamente para frear as cifras de casos de coronavírus. A Semana Santa já trouxe um antecedente perigoso para o país.
Médicos e infectologistas vêm analisando o que fazer para baixar a ocupação dos leitos de UTI na capital - na casa dos 75% -, além de um aumento no interior do país.
Análises que circulam hoje nos jornais de Buenos Aires indicam que o foco dos cuidados daqui por diante será mesmo evitar que as pessoas se reúnam e evitem levar ou trazer o vírus, que segue circulando com força no país.
A Argentina não tem trégua na pandemia. Nesta sexta (14) foram registrados 601 mortes e 27.363 contágios. O total de mortes no país agora é de 69.853. Foi só a terceira vez que o país superou a casa dos 600 mortos por dia.
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