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Tales Torraga

'Medinho'. Rádio argentina põe até música para dizer que Palmeiras 'tremeu'

Borré e Rojas comemoram gol do River Plate contra o Palmeiras na semifinal da Libertadores - AMANDA PEROBELLI / POOL / AFP
Borré e Rojas comemoram gol do River Plate contra o Palmeiras na semifinal da Libertadores Imagem: AMANDA PEROBELLI / POOL / AFP

Colunista do UOL

13/01/2021 08h21Atualizada em 13/01/2021 10h04

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O River ganhou, mas não levou. A vitória por 2 a 0 do time argentino ontem (12) no Allianz Parque foi vivida com a habitual loucura das rádios e TVs de Buenos Aires ligadas em alto e bom som até alta madrugada.

A transmissão mais aguardada na capital portenha foi de novo a da FM TOP 104,9, que transmite os jogos do River desde 1991 e mantém vivo o costume de tirar o som da TV e escutar apenas o relato do rádio. "Nunca vi um time brasileiro fazer cera desde o primeiro minuto de jogo", destacou logo cedo o narrador Atílio Costa Febre, ao lado do comentarista Silvio Chattas, tido pelos argentinos (com justiça) como o profissional que mais entende de River no país: "Nem contra o Grêmio, naquela semifinal de 2018, vimos algo parecido. Naquela, o River venceu. Nesta também está bem".

Costa Febre é amigo de longa data do técnico Marcelo Gallardo - foi Atilio quem inventou em 2014 o apelido de "Napoleón" para o treinador. Ao longo do encontro, os inevitáveis elogios ao River ("É a melhor atuação do ciclo Gallardo. Não é? Me digam então qual, tendo a obrigação de fazer três gols?"). E as ponderações ao ataque do Palmeiras ("Cadê o ataque brasileiro? Cadê o time mais efetivo do campeonato, cadê o Luiz Adriano, jogando de zagueiro! Não chutam uma bola ao gol de Armani").

Nas polêmicas com o VAR, Costa Febre dramatizou dizendo que "estavam roubando até suas calças", e defendeu que o River "voltasse a Buenos Aires com o jogo ainda em andamento". Mais calmo, o comentarista Chattas muitas vezes fazia suas intervenções apenas lendo alguma estatística marcante de finalizações ou posse de bola e batendo palmas. Apesar da demora da arbitragem nas revisões do VAR, nenhum dos dois questionou as marcações.

O melhor ficou para o fim. Insistindo que o River merecia ganhar por 4 ou 5 a 0, Costa Febre começou a repetir que a equipe de Gallardo estava "cagando o Palmeiras a boladas", gíria ("lo cagó a pelotazos") usada para dizer que um time estava atropelando o outro. Como a transmissão era de uma rádio FM, com o anúncio de várias produtoras, a transmissão no final passou a gozar o medo do Palmeiras, "tremem, tremem os brasileiros!", levando ao ar a música "Miedito o qué?" ("Medinho ou quê?"), reggaeton da colombiana Karol G.

O fim do jogo não fez o narrador baixar a guarda: "O River não caiu de pé. Segue de pé", falou. "É o melhor time da Libertadores. Não só dessa. Quem conhece futebol sabe que o River é o melhor da América há seis anos", finalizou, repetindo outra gíria bem comum nas ruas de Buenos Aires, "a la gilada ni la hora" ("Aos tontos, não digo nem que horas são").