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Tales Torraga

Por que o Boca na semi é má notícia para o Palmeiras na Libertadores

Arte de Marcelo Gallardo como enxadrista contra o Boca em 2019 - Reprodução Olé
Arte de Marcelo Gallardo como enxadrista contra o Boca em 2019 Imagem: Reprodução Olé

Colunista do UOL

24/12/2020 12h00Atualizada em 24/12/2020 17h25

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A classificação do Boca Juniors para enfrentar o Santos na semifinal da Libertadores mudou o Natal na Argentina, que agora esbanja criatividade projetando como seria uma nova decisão entre Boca e River. As conjecturas são tão extensas que até ganharam a liderança do Twitter no país nesta quinta.

Quem está familiarizado com o futebol argentino sabe que a loucura gerada por River e Boca vai muito além da torcida, impactando também a preparação dos jogadores - e é aí que o Palmeiras pode lamentar a presença xeneize.

Sem o Racing, e sim com o Boca no radar do River, o Alviverde terá agora um oponente não 100%, mas 1000% motivado a dar a vida na centenária disputa com o rival. É claro que o ânimo das hostes contrárias é igual, mas o Boca não exibiu até aqui a mesma capacidade do clube de Núñez na Libertadores.

Tanto é assim que Horacio Pagani, lendário comentarista da TV argentina, vê o River hoje dois gols à frente do Boca no confronto entre ambos.

Quem achar a proximidade do novo River x Boca mera bravata argentina pode ver também este enlouquecido debate de ontem na ESPN do país sobre como a motivação interfere nos dois clubes portenhos daqui por diante. De fato, sem este componente passional em campo, Boca e River não viveriam hoje a possibilidade de se enfrentar em mata-matas pela sexta vez nos últimos seis anos - são cinco vitórias seguidas do River.

Outro parâmetro do atropelo dos acontecimentos e da ansiedade argentina com a "superfinal" vem do diário "Olé". Em enquetes no site nesta tarde, 62% dos leitores acham que o River passa pelo Palmeiras, enquanto 60% cravam o Boca superando o Santos, em um total de 62.200 votos.

O Boca x River, de fato, cria um mundo à parte para 73% da população de 45 milhões de argentinos. Esta é a soma das duas torcidas, segundo pesquisas a respeito. É um assunto que torce a cabeça da nação nos mais diferentes âmbitos sociais, políticos e culturais. Deixa de ser uma disputa esportiva para virar um intrincado xadrez, como mostra a arte do "Olé" que reproduzimos.

O curioso é que a pandemia impediu o superclássico Boca e River em 2020 pela primeira vez desde 1929, e os times agora podem abrir 2021 medindo forças duas vezes em menos de um mês.

O primeiro confronto será no dia 2 de janeiro, pela segunda fase da Copa Diego Maradona (torneio que substitui o Campeonato Argentino). Boca e River estão no mesmo grupo, e só o campeão da chave avança para a final da competição, no dia 17. Já a Libertadores termina no dia 30, no Maracanã.

As semifinais serão em 5 e 12 (River x Palmeiras) e 6 e 13 de janeiro (Boca x Santos), com as definições ocorrendo no Brasil.