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Tales Torraga

D'Alessandro deixa Inter como maior argentino a jogar no Brasil

D"Alessandro durante encerramento de treino do Inter no CT Parque Gigante - Ricardo Duarte/Internacional
D'Alessandro durante encerramento de treino do Inter no CT Parque Gigante Imagem: Ricardo Duarte/Internacional

Colunista do UOL

19/12/2020 08h51

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São 516 partidas e 12 temporadas vestindo uma só camisa. E não estamos falando de alguém das antigas, e sim de agora, quando um jogador mal fica 12 meses no mesmo clube, quanto mais 12 temporadas.

O adeus de Andrés D'Alessandro ao Inter contra o Palmeiras neste sábado representa o ponto final da maior trajetória de um jogador argentino nos gramados brasileiros.

A escolha, claro, é subjetiva e não desconsidera outros grandes que passaram pelo país, mas a idolatria vermelha transpirada por D'Alessandro desde 2008 não encontra paralelos nem em Tevez e Sorín, praticamente seus contemporâneos, nem em Ramos Delgado, Roberto Perfumo e José Poy, para ficarmos só em três exemplos de sucesso no futebol mais distante.

O primeiro a se ponderar é a quantidade de jogos - as 516 partidas de D'Ale pelo Inter deixam muito para trás Tevez (78 pelo Corinthians) e Sorín (127 no Cruzeiro). Impressiona saber que Poy foi goleiro do São Paulo por 525 jogos (entre 1948 e 1962, e ainda seria técnico por mais 422). Enquanto Poy conquistou títulos paulistas, D'Alessandro foi campeão da Libertadores, da Sul-Americana e da Recopa, e honrou como ninguém no Brasil o lema argentino de estar "en las buenas y en las malas mucho más". Levantou as taças mais importantes, mas também amassou o barro da Série B em 2017.

O segundo a se considerar é a verdadeira loucura colorada por D'Alessandro por ele ter vivido como ninguém a rivalidade Gre-Nal, a maior do Brasil (até pela sua experiência no River x Boca). Sorín e Tevez chegaram perto deste nível de adoração, mas dificilmente alguém colocaria Carlitos entre os grandes da história do Corinthians - muito pela maneira como saiu em 2006, mandando a torcida calar a boca e praticamente fugindo do clube. Sorín foi querido demais pelos cruzeirenses, a torcida até comemorou um gol seu pela seleção argentina contra o Brasil no Mineirão, mas suas conquistas (Copa do Brasil, Sul-Minas e Mineiro) não se equiparam às de D'Alessandro, que ainda foi eleito o melhor jogador da América do Sul (em 2010) justamente pelo Inter.

Hoje, raramente um colorado não crava D'Alessandro entre os três maiores ídolos da história do clube, ao lado de Falcão e Fernandão. No Cruzeiro, Sorín está entre os três? Fica a pergunta. Tevez, Poy, Conca, Montillo (Sastre, Doval, Fillol, Cejas, Delgado, Andrada...) não têm esta magnitude.

Meu momento preferido de D'Alessandro pelo Inter? Sua batalha contra o Boca de Riquelme pela Sul-Americana de 2008. Foi ali, despachando os xeneizes, e colocando o dedo na cara de Viatri, Gaitán e Dátolo em plena Bombonera, que a torcida do Inter começou a colocar D'Alessandro no coração.

Para não sair nunca mais, jamás, seguro.