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Bia não alcança metas e chega 'em baixa' para teste de fogo no Ibirapuera

Quando encerrou a temporada de 2023, Beatriz Haddad Maia estabeleceu como uma de suas prioridades obter resultados melhores nos WTA 1000, principal escalação de eventos abaixo dos slams. O primeiro trimestre de 2024 chega ao fim, e dá para dizer que a brasileira de 27 anos não alcançou essa meta. Em quatro torneios (Doha, Dubai, Indian Wells e Miami), venceu apenas duas partidas, que foram seus jogos de estreia na Califórnia e na Flórida. Campanhas piores até do que no ano passado, quando registrou quatro triunfos na mesma sequência de eventos. Resultados nada empolgantes para uma número 13 do mundo.

O momento não é dos melhores para a paulista. Depois de alcançar as semifinais do WTA 500 de Abu Dhabi, repetindo o resultado de 2023, Bia soma duas vitórias e cinco derrotas - e seus dois triunfos vieram sobre tenistas que não estão no top 50 (Rebecca Sramkova, #127, e Diane Parry, #54). Na noite deste sábado, em uma quadra cheia de brasileiros em Miami, Haddad Maia foi dominada pela britânica Katie Boulter (#30). Seu saque, com pouca variação, foi consistentemente atacado pela rival. Nos ralis, Bia mostrou pouca convicção para atacar primeiro e frequentemente permitiu que Boulter fosse a agressora. A europeia, que vem em boa fase, aproveitou e fez fáceis 6/2 e 6/3.

Haddad Maia voltará a competir em abril, na Billie Jean King Cup. O Brasil enfrenta a Alemanha no Ibirapuera, em São Paulo. Bia terá a chance de realizar um antigo sonho, que é jogar em casa, diante de seus pais e avós, mas não será um cenário nada simples para quem vive um momento pouco animador. Já foram vendidos mais de 8 mil ingressos, e a expectativa é de casa cheia, com 10 mil torcedores no velho (e quente!) Ibirapuera. A expectativa será enorme. A pressão, idem.

Que ninguém interprete isso aqui de forma errada. São Paulo é a capital brasileira do tênis. É onde há mais praticantes, clubes, treinadores e investidores. Quase tudo de grande no tênis brasileiro passa pela cidade. A melhor atleta do país está em SP. A melhor duplista também. O Challenger mais relevante em solo nacional está a uma hora de carro (Campinas). E se o torneio mais importante é o Rio Open, seu diretor é paulista.

O maior público de tênis também está em São Paulo, por isso é importante que a cidade volte a receber um confronto importante como o da Billie Jean King Cup, em abril. Brasil x Alemanha vale uma vaga na fase final da competição. Para o tênis brasileiro, é ótimo. Movimenta gente e dinheiro e atrai uma imprensa esportiva que, cada dia mais limitada financeiramente, não viajaria para um duelo em outro estado (o recente duelo em Brasília contra a Coreia do Sul, mesmo com Bia e as medalhistas olímpicas, teve cobertura minúscula). Ter o esporte em destaque no noticiário nacional é sempre bom. Exposição atrai investidores e, direta ou indiretamente, contribui para todo o meio esportivo brasileiro.

Sob o ponto de vista esportivo, nunca é ruim jogar em casa. As jogadoras queriam atuar em São Paulo. Bia treina na capital paulista. Conhece bem as condições. A altitude da cidade ajuda quem joga de forma agressiva. No entanto, o time germânico é forte. Está escalado com Angelique Kerber, Tatjana Maria, Laura Siegemund e Anna-Lena Friedsam. Uma equipe muito capaz de vencer em um saibro indoor e rápido. Foi nessas condições, aliás, que a Alemanha bateu o Brasil em abril do ano passado, com Friedsam, Maria e Jule Niemeier (sem Kerber) no time.

Quanto ao Brasil, que pela primeira vez será comandado por Luiz Peniza, é justo afirmar que Laura Pigossi entrará como franco-atiradora. Uma vitória da paulista nas simples pode ser considerada zebra, e o que diz isso é seu retrospecto: são seis vitórias e 28 derrotas contra adversárias do top 100 em toda a carreira. Contar com Luisa Stefani, duplista #1 do país, pode ser crucial para uma vitória sobre a Alemanha, mas na Billie Jean King Cup, o jogo de duplas é o último. Dependendo do que acontecer, Luisa pode nem entrar em quadra. Logo, a pressão cai toda sobre os ombros de Bia Haddad. Não será sua primeira vez tentando carregar o time brasileiro até uma vitória - na Alemanha, não teve sucesso e perdeu para Jule Niemeier quando precisava vencer para garantir no mínimo a decisão nas duplas.

Pode ser ótimo jogar, vibrar e ser empurrado por 10 mil pessoas. Por outro lado, será um cenário inédito para Bia. Um ambiente que nem sempre é favorável ao tenista da casa. Thomaz Bellucci descobriu isso da forma mais amarga possível. Quando seu tênis estava em dia, era lindo sentir o Ibirapuera no volume máximo, pulsando junto com a torcida. Quando o paulista não estava bem, o ginásio vaiava, pressionava e dificultava ainda mais as coisas.

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A Bia de hoje é mais madura e está consolidada na elite do tênis feminino. Pode, evidentemente, encarar o desafio com sucesso e reger o Ibirapuera em uma sinfonia que será deliciosa de acompanhar. Por outro lado, carregar essa responsabilidade será um teste e tanto para seus ombros.

Coisas que eu acho que acho:

- No que diz respeito especificamente ao momento de Bia, esse Brasil x Alemanha que se aproxima parece aqueles eventos com o poder de mudar uma temporada. Boas atuações e uma vitória darão motivação renovada para Bia entrar na temporada europeia de saibro cheia de confiança. Por outro lado, uma derrota - dependendo das circunstâncias - pode ser algo difícil de superar em pouco tempo.

- Brasil x Alemanha, que tem a empresa NSports como promotora do duelo, será nos dias 12 e 13 de abril. Na sexta-feira (12), os jogos começam às 18h30min locais. No sábado (13), às 15h.

- A NSports também tem os direitos exclusivos de transmissão para o Brasil através do seu serviço multiplataforma - Claro TV, Sky+ e YouTube.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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