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Em Melbourne, Djokovic fez a mesma falta que qualquer outro top

Imagem aérea da Rod Laver Arena na final do Australian Open de 2022 entre Rafael Nadal e Daniil Medvedev - Reuters
Imagem aérea da Rod Laver Arena na final do Australian Open de 2022 entre Rafael Nadal e Daniil Medvedev Imagem: Reuters

Colunista do UOL

01/02/2022 04h00

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Rafael Nadal e Daniil Medvedev fizeram uma daquelas finais de slam que habitarão as mentes de fãs por décadas. Os fãs vão contar a seus filhos e netos como um veterano de 35 anos, com uma lesão crônica no pé que o impediu de de treinar devidamente, bateu um rival dez anos mais jovem na decisão do Australian Open em um jogaço de 5h24min.

O torneio deste ano, aliás, foi recheado de partida interessantes, dramáticas e decididas em cinco sets, exigindo força mental e física extraordinária de seus protagonistas. Berrettini x Alcaraz? Fantástico. Murray x Basilashvili? Mais uma vez, memorável. Medvedev x Cressy? Muitíssimo bem jogado. Auger-Aliassime x Medvedev? Outro jogaço de cinco sets. Fritz x Tsitsipas? Ótimo. Nadal x Shapovalov? Dramático e inesquecível. Monfils x Berrettini? Adorei. Dá pra incluir nessa lista ainda Paire x Monteiro e todos os jogos da dupla de Kyrgios e Kokkinakis, da primeira rodada até a decisão. E isso sem entrar na chave feminina, que teve seus atrativos também.

Por que a lista? Porque enquanto as autoridades australianas decidiam o que fazer com Novak Djokovic, havia quem acreditasse que o sérvio seria aceito no país porque o torneio não poderia ficar sem o número 1 do mundo ou que um Australian Open sem Djokovic não teria graça. Em suma, ainda há quem acredite que um nome seja maior que um torneio. E não foi bem assim. Nunca.

Djokovic fez falta? Claro. É um dos melhores tenistas da atualidade. É o líder do ranking. Sua ausência, no entanto, não teve mais peso do que qualquer outro slam quando fica sem Roger Federer ou Rafael Nadal. O suíço passou anos sem ir a Roland Garros, e o mundo não acabou. O torneio francês, aliás, viu Nadal abandonar com uma lesão em 2016, e o evento seguiu sem problemas, com Novak Djokovic levantando o único slam que faltava em seu currículo.

Nenhum atleta é maior um slam. Ninguém é maior que seu esporte. Na década de 1920, os slams já deixavam de contar com alguns dos melhores do planeta, que migravam para o tênis profissional (antes da Era Aberta, quando os pros passaram a ser aceitos nos slams). De Suzanne Lenglen a Rod Laver, incluindo Bill Tilden, Ellsworth Vines, Don Budge, Bobby Riggs, Pancho Gonzales, Ken Rosewall, Lew Hoad e muitos outros, incontáveis slams aconteceram sem os melhores tenistas de suas épocas. E foram memoráveis assim mesmo.

Para dar exemplos recentes: no antigo Big 4, Andy Murray se afastou por causa de uma cirurgia nas costas quando vivia seu auge e havia acabado de conquistar o ouro olímpico, um slam e Wimbledon; e Rafa Nadal teve lesões que lhe impediram de disputar ou lhe forçaram a abandonar uma dezena de slams. O show continuou e foi empolgante assim mesmo. E segue assim agora, sem Roger Federer, a figura mais popular das últimas duas décadas.

Moral da história? Ninguém é maior do que o tênis, e Djokovic não é exceção.

Coisas que eu acho que acho:

- A ideia de que a conquista de Nadal em Melbourne deveria levar um asterisco por causa de ausência de Djokovic é risível. Simples assim.

- Som de hoje no meu Kuba Disco: Scars, de Smith/Kotzen.

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