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Swiatek x Sabalenka é a rivalidade que a WTA tanto precisa

Iga Swiatek e Aryna Sabalenka, atuais números 1 e 2 do mundo, venceram cinco dos últimos oito slams. Fizeram grandes finais nas duas últimas edições do WTA 1000 de Madri. Passaram a maior parte da temporada 2023 disputando, ponto a ponto, a liderança do ranking mundial. No entanto, as duas ainda não têm algo que pode ser chamada de uma rivalidade histórica, e é justamente disso que o circuito feminino precisa.

Desde a ascensão de Venus e Serena Williams, a WTA não tem duas tenistas de peso duelando com frequência em jogos importantes. E mesmo na época delas, nem Venus nem Serena mostrava a energia habitual nos confrontos diretos. É preciso voltar aos anos 1980-90, com Steffi Graf, para lembrar de rivalidades de peso. Graf e Navratilova, por exemplo, enfrentaram-se 18 vezes e fizeram seis finais de slam. Havia equilíbrio, contraste de estilos e, claro, um confronto de gerações diferentes.

De lá para cá, algumas combinações geraram algum interesse extra, como Graf x Seles, que teve bons momentos (seis finais de slam, três vitórias para cada, 10v da alemã em um total de 15 encontros). Serena também teve algum trabalho contra Hingis no começo da carreira, mas as duas só fizeram uma final de slam. Serena e Sharapova eram duas grandes atletas que não se gostavam, o que atraía mais holofotes, mas não houve equilíbrio suficiente (20 vitórias da americana em 22 jogos) para que fosse uma rivalidade na melhor definição da palavra. Azarenka x Sharapova tinha seu potencial e aconteceu 15 vezes, mas só uma vez numa final de slam. Faltou peso. Daria para citar outra meia dúzia de exemplos parecidos, incluindo de Sabatini e Evert a Henin e Clijsters.

Swiatek e Sabalenka, hoje, têm elementos para um rivalidade quente. São as duas melhores tenistas do circuito hoje; são campeãs de slam; há um contraste interessantes de estilos, com a bielorrussa mais agressiva e a polonesa mais, digamos, construtora de pontos; são personalidades um tanto distintas; ambas têm uma quantidade considerável de fãs, o que fica claro quando as transmissões mostram as arquibancadas; e seus jogos recentes têm mostrado equilíbrio e drama em medidas empolgantes.

Se Iga e Aryna ainda não têm essa rivalidade, em uma visão mais rigorosa, é porque faltam (ou faltavam?) duelos mais frequentes e com mais peso - leia-se "valendo slams e a liderança do ranking". Depois da final de Madri no ano passado, polonesa e bielorrussa só vieram fazer outra final agora, novamente na capital espanhola, um ano depois. No entanto, elas repetem esse confronto este sábado, na final de Roma, e colocam-se como favoritas ao título de Roland Garros. Pode ser a sequência para destacar Swiatek x Sabalenka como rivalidade propriamente dita, acima do resto do circuito, e para elevar a WTA.

Coisas que eu acho que acho:

- Por que a WTA "precisa" de uma rivalidade? Porque a WTA vem à sombra da ATP há algum tempo, e isso tem tanto a ver com administrações do circuito feminino que deixaram a desejar na "venda" de seu produto quanto com o astronômico sucesso recente do circuito masculino, que viu três dos mais completos tenistas da história quebrando recordes, disputando a liderança do ranking e fazendo seguidas finais de slam durante a maior parte dos últimos 20 anos. Para a WTA, ter uma rivalidade real significará audiências maiores, maior poder de barganha com patrocinadores, mais dinheiro, etc.

- O histórico de confronto diretos, atualmente, mostra uma vantagem considerável de Iga (7 a 3), mas em um recorte mais enxuto, refletindo o momento em que Sabalenka se estabeleceu de vez como top 5, são apenas três vitórias de Swiatek nos últimos cinco jogos - e ela precisou salvar três match points em Madri, há duas semanas. Hoje, não existe uma diferença tão grande entre elas.

- A final de Roma será o quinto duelo entre elas como números 1 e 2 do mundo. Nos últimos 40 (!) anos, só cinco confrontos se repetiram mais vezes com líder e vice-líder do ranking: Navratilova-Evert (a maior rivalidade da história, com certa margem de folga), Navratilova-Graf, Seles-Graf, Sanchez Vicario-Graf e Davenport-Hingis.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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