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Danielle Collins e outro (belo) ângulo sobre o tênis universitário

Não é nenhum segredo que ainda há um certo preconceito contra o tênis universitário aqui no Brasil. Para muitos, ainda é um caminho que deve ser adotado apenas pelos jovens que não têm talento suficiente para entrarem com sucesso no circuito profissional. Segundo esta linha de pensamento, o circuito do college nos Estados Unidos é "apenas" uma maneira de aproveitar o esporte para ingressar em uma faculdade e engrossar o currículo. É, também seguindo este raciocínio, o fim da linha para a carreira profissional.

Não é nenhum segredo que, na vida real, as coisas não são bem assim. A cada ano que passa, são mais numerosos (e com mais sucesso) os casos de atletas que passaram pelo circuito universitário americano e se tornaram profissionais de sucesso. No Brasil, temos a paulista Luisa Stefani, atual top 10 no ranking mundial de duplas - e, por ser duplista, não serve de referência para o grupo citado no parágrafo anterior. Há, porem, muitos simplistas de sucesso também.

É aí que entra o caso que quero citar neste post: Daniell Collins, atual número 15 do mundo aos 30 anos. A americana vem fazendo sua última temporada e jogando o melhor tênis de sua carreira. Desde Indian Wells, só perdeu dois jogos. Um para Iga Swiatek, número 1 do mundo; o outro, para Aryna Sabalenka, a número 2. Foi campeã em Miami, Charleston e agora está na semifinal em Roma enquanto escrevo este texto.

E sim, Danielle Collins jogou pela Universidade da Flórida e pela Universidade de Virgínia. Só depois, mergulhou de cabeça no circuito profissional. A maior vantagem disso? Ela contou ao Served, podcast apresentado por Andy Roddick. Leiam abaixo. É uma resposta madura, abrangente e bastante esclarecedora.

"Não vim de [uma família com] oportunidades financeiras. Minha mãe era uma professora de pré-escolar. Meu pai tinha um pequeno negócio de paisagismo/jardinagem. Não cresci com muito. Acho que para ter uma carreira no tênis é preciso ter algum tipo de apoio financeiro. Não vindo de uma família assim, a universidade me deu um grande caminho. Pude me conectar com as pessoas certas. Quando terminei a faculdade, entrei em contato com pessoas incríveis que faziam parte do mundo acadêmico e puderam me ajudar com os recursos que eu precisava para começar minha carreira. Tive uma ótima mentoria ao longo disso. Se eu não tivesse ido para a faculdade, não teria entrado em contato com essas pessoas. Acabou dando certo para mim da melhor maneira possível. [Jogar pela universidade] me deu tempo para evoluir e amadurecer física e emocionalmente. Eu não estava pronta com 16 ou 17 anos [para me tornar profissional]. Acho que não dão mérito suficiente [aos tenistas] por quão duro este ambiente pode ser e pelos desafios que vêm junto com administrar um negócio, mas também administrar a pressão, não só de si mesmo, mas da família, dos que estão à sua volta, do mundo... Viver sua vida em público não é sempre fácil. Especialmente como jovem. Sou muito grata por ter tido aqueles anos para amadurecer e desenvolver uma grande resiliência. É preciso ter casca neste esporte ou não se vai muito longe. Eu precisava daqueles anos para me tornar mais dura."

Casca. Oportunidades financeiras. Conexões. Tempo. Amadurecimento. Não é tão difícil assim entender como o mundo do tênis universitário - desde que encarado com seriedade e com os treinadores certos, obviamente - pode ajudar um grande número de atletas. E não é tão difícil assim entender que isso não significa a linha final de uma carreira esportiva, né?

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Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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