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Australian Open: quem paga a conta da quarentena?

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Imagem: Getty Images

Colunista do UOL

20/01/2021 15h47

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São cerca de 1.300 pessoas que viajaram em voos fretados (e pagaram só parte desse custo) e agora estão em hotéis de Melbourne e Adelaide, com hospedagem e alimentação custeados. Mas quem paga essa conta, estimada em 40 milhões de dólares australianos (cerca de US$ 30 milhões)? Aparentemente, até as autoridades australianas andaram se estranhando na hora de assumir esses gastos - pelo menos publicamente.

O incansável diretor do Australian Open, Craig Tiley, disse em uma entrevista a um programa de rádio que "os custos com quarentena são novos custos. O governo está apoiando e dando assistência." O apresentador não se deu por satisfeito com a tentativa de Tiley de driblar a pergunta e foi mais incisivo: "Quanto [em dinheiro] eles estão colocando?" O diretor do torneio respondeu: "Isso ainda será determinado porque ainda estamos no meio disso."

Depois disso, Lisa Neville, ministra de Polícia e Serviços de Emergência no estado de Victoria - é o Ministério responsável pela quarentena - rebateu de forma inquestionável: "Quero ser muito clara. A quarentena nos hotéis para o Australian Open é custeada inteiramente pela Tennis Australia (TA). Confirmei isso três vezes novamente hoje."

Depois de ouvir o posicionamento do governo e de, especialmente, ver essa declaração circular amplamente pela imprensa local, Tiley e a Tennis Australia deram um passo para trás, admitindo que o valor seria pago totalmente pela federação, e não pelo governo. Ou seja, o dinheiro não sai do bolso dos contribuintes (e o estado de Victoria fez questão de ressaltar isso depois da repercussão negativa dos dias anteriores).

Em comunicado, a TA informou que: "A Tennis Australia está bancando o programa de quarentena do Australian Open. O apoio do governo de Victoria está relacionado às conversas em andamento sobre custear uma extensão do acordo para sediar o Australian Open em Melbourne e vários outros ativos para ajudar a promover a cidade e o estado, doméstica e internacionalmente."

Coisas que eu acho que acho:

- Depois das queixas e da repercussão ruim diante do povo australiano, alguns tenistas postaram mensagens mais, digamos, conscientes sobre toda a situação. Victoria Azarenka e Svetlana Kuznetsova publicaram textos compreensivos e mostrando gratidão. Nesta quarta, foi a vez de Djokovic publicar uma mensagem explicando a carta enviada a Craig Tiley alguns dias antes. O sérvio também se mostrou grato, citando explicitamente a Tennis Australia, o governo do país e os cidadãos locais.

- Por outro lado, veio à tona um vídeo em que o espanhol Roberto Bautista Agut diz que a quarentena é como uma prisão com wifi. "Essas pessoas não fazem ideia do que é tênis, quadras de treino, nada. É um desastre completo", disse RBA, culpando o governo. Depois, Bautista Agut pediu desculpas, disse que o vídeo foi divulgado sem autorização dele e que se tratava de algo tirado de contexto. "Sem autorização" a gente acredita, mas não serve muito como desculpa, né? Só mostra o que ele pensa-mas-não-diria-numa-entrevista-formal. E "fora de contexto"? Essa eu não compro, não.

- Enquanto isso, Yulia Putintseva, que trocou de quarto porque havia um rato em sua primeira acomodação no Hotel Pullman (ali do Albert Park, onde é disputada a prova de Fórmula 1), encontrou outro roedor no quarto pra o qual se mudou. A ministra Lisa Neville disse que o hotel foi dedetizado esta semana, e ela acredita que o rato vem sendo alimentado. Será?

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