Pole Position

Pole Position

Só para assinantesAssine UOL
Opinião

Terceira pole do ano foi a mais suada para o 'infeliz' Max Verstappen

"GP, sei de alguém que está feliz novamente. Me desculpe", disse Max Verstappen, em uma de suas conversas carregadas de sarcasmo com o engenheiro de pista, Gianpiero Lambiase, depois de dar duas voltas seguidas que o colocariam na pole position do GP da Austrália. Minutos antes, na enésima reclamação do holandês sobre o comportamento do carro da Red Bull neste final de semana, o engenheiro havia pedido para ele dar só "todas as boas notícias hoje, por favor".

A conversa não foi jogo de cena. O acerto base que a Red Bull levou a Melbourne não funcionou, e ambos os pilotos tiveram uma longa jornada para entender qual seria a melhor configuração. Mesmo durante a classificação, quando as regras permitem mudar muito pouco, eles ainda estavam testando qual a melhor abordagem para uma volta lançada.

Foi durante um desses testes que Verstappen reclamou que o carro estava saindo muito de frente. Era a segunda parte da classificação e o tricampeão estava andando em um ritmo muito próximo do companheiro Sergio Perez, que se adapta melhor a esse tipo de comportamento do carro geralmente. E ambos estavam atrás das Ferrari, muito fortes neste final de semana.

A jornada até aquele Q2 tinha sido longa. Verstappen estava desconfortável com o carro desde a primeira sessão de treinos livres e, atacando as zebras, danificou seu assoalho. Com a troca, perdeu mais de 20 minutos do segundo treino livre. Desta vez, era a Ferrari que fazia tempos rápidos com facilidade. Os dois pilotos da Red Bull trabalhavam mais ao volante.

Além do acerto base não ser o melhor, todas as equipes logo perceberam o desafio imposto pela seleção de pneus da Pirelli, um degrau mais macios do que ano passado. Com a expectativa de uma prova de duas paradas na madrugada deste domingo, a partir das 1h da manhã, pelo horário de Brasília, todos guardaram os dois jogos de duros, principalmente depois que se surpreenderam com o nível de degradação dos médios. E com a dificuldade de fazer os macios funcionarem para uma volta lançada.

Acrescente-se a isso uma troca de motor (motor a combustão, turbo, MGU-H e MGU-K) no carro de Verstappen, por precaução depois que algumas anomalias foram encontradas na sexta-feira. Quando ele pegou o carro novamente no primeiro treino livre, no sábado, reclamou que os freios não estavam funcionando direito.

Mas mesmo em um final de semana em que muita coisa deu errado, quando chegou a última parte da classificação, Verstappen foi perfeito. Suas duas voltas rápidas foram suficientes para a pole position. Na última, quase não faz correção nenhuma ao volante.

É difícil imaginar que alguém poderia tirá-lo da pole após essas duas voltas. Mas também é verdade que as condições eram difíceis para todos. Foi uma classificação cheia de erros por conta do comportamento dos pneus.

Continua após a publicidade

Que o diga Charles Leclerc, que disse não estar se sentindo bem desde que subiu no carro no terceiro treino livre. Isso pode ter a ver com a evolução da pista, sempre muito acelerada em Melbourne (uma pista que não é usada ao longo do ano e na qual há quatro categorias correndo em um curto espaço de tempo). Mas o fato é que o ferrarista potencialmente mais forte não passou do quinto lugar.

Quem chegou mais perto de Verstappen foi Carlos Sainz, mesmo não estando totalmente recuperado após a cirurgia de apêndice de pouco mais de duas semanas atrás. "O carro me surpreendeu em algumas curvas, não foi uma volta das mais limpas no final. Hoje em dia, você precisa estar 100% para bater o Max e eu não estava, não tendo feito a classificação em Jeddah. Mas se alguém me dissesse que eu estaria nessa posição alguns dias atrás, eu aceitaria."

Com o mesmo carro de Verstappen, Sergio Perez ficou em terceiro, após "um primeiro setor atrapalhado". Mas ele acredita que, mesmo se tivesse acertado a volta, não passaria do segundo posto.

Perez revelou que a Red Bull mudou a abordagem em relação à corrida, mas não deu detalhes. É interessante porque, nos últimos anos, em um cenário de pneus se degradando bastante, não era de se esperar que a Red Bull se preocupasse com a Ferrari. Mas está claro que a degradação já não é o fantasma de antes para o time italiano.

Também é verdade que, com a pole position, Verstappen se coloca em ótima posição para gerenciar o ritmo, o que dá uma vantagem grande na corrida. Mas, pelo que vimos até aqui, não tem sido um passeio no Albert Park para ele.

Errata:

o conteúdo foi alterado

  • Ao contrário do publicado, o GP da Austrália será à 1h (de Brasília), e não às 2h (de Brasília). A informação foi corrigida.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

Deixe seu comentário

Só para assinantes