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Massa vai à corte por título de 2008: brasileiro tem chance de ser campeão?

Nesta segunda-feira (11), os advogados de Felipe Massa entraram com um processo na corte britânica contra a Federação Internacional de Automobilismo, a própria Fórmula 1 e o ex-detentor dos direitos comerciais da categoria, Bernie Ecclestone. Ele busca comprovar que a categoria não seguiu os procedimentos devidos para investigar a manipulação do GP de Singapura de 2008 e quer uma indenização que pode chegar a quase 1 bilhão de reais.

Procurada pela coluna, a Liberty Media, que é hoje a representante comercial da F1 e está implicada no caso, não quis se pronunciar e deixou claro que continuará com essa postura por todo o processo. E isso tem sido uma constante quando se tenta abordar o assunto no paddock da F1.

Nem mesmo a Ferrari, equipe de Massa em 2008, se pronunciou sobre o caso. E não é esperado que isso mude, mesmo legalmente, até porque eles acabaram de contratar justamente Lewis Hamilton, que foi coroado campeão daquele ano. O inglês também só comentou inicialmente que sabia da intenção de Massa de entrar com o processo, mas deixou claro que não tocaria mais no assunto.

Os advogados de Massa primeiro tentaram discutir o assunto com as partes envolvidas de maneira amigável, mas não obtiveram resposta. Com todos os prazos estourados, o próximo passo foi entrar com um processo da corte de Londres, onde a F1 está baseada. Casos do tipo costumam ser julgados em até um ano.

Massa busca primeiro que a FIA confirme que não seguiu os procedimentos previstos no regulamento para investigar a manipulação do GP de Singapura e que, se tivesse seguido esses procedimentos, ele teria ganho o campeonato daquele ano.

E a indenização, entre 382 e 954 milhões de reais, seria referente a tudo o que ele teria ganho caso tivesse sido considerado campeão naquele ano.

Por que Massa está indo atrás do título 15 anos depois?

O caso só está ganhando essa dimensão mais de 15 anos depois porque começaram a surgir declarações de dirigentes dizendo que ficaram sabendo da armação do GP de Singapura antes do final daquele campeonato. E, se isso realmente aconteceu, eles deveriam ter iniciado uma investigação antes da entrega do troféu ao campeão daquele ano. O regulamento da F1 prevê que, depois dessa entrega, o resultado do campeonato não pode mais ser alterado.

https://www.uol.com.br/esporte/ultimas-noticias/2023/09/01/vetado-em-gp-por-que-felipe-massa-esta-pedindo-o-titulo-de-2008-da-f1.htm. O campeonato foi decidido por um ponto de diferença entre os dois.

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Um ano após aquela prova, ficou comprovado que Nelsinho Piquet bateu de propósito para causar um Safety Car e beneficiar seu então companheiro Fernando Alonso, que venceu a prova. Mesmo com isso sendo comprovado, o resultado foi mantido.

Como o caso é visto na F1?

É difícil encontrar quem entenda que o título deva mudar de mãos, já que a armação da equipe Renault afetou a todos igualmente. Não há histórico, na F1, de cancelar corridas quando há irregularidades. O procedimento usado é a desclassificação de pilotos e equipes. Caso Alonso for desclassificado, a vantagem de Hamilton sobre Massa no final do campeonato seria maior.

Mas há resultados cancelados e perda de pontos em outros esportes, como no futebol italiano, por exemplo, quando ficou comprovado que houve manipulação de resultados.

Massa pode, também, focar na compensação financeira, mesmo se não houver revisão do resultado em si. E essa é a possibilidade vista como a mais plausível quando se fala sobre o assunto dentro do paddock da F1.

Pode ser difícil, contudo, provar que se tinha elementos suficientes para abrir uma investigação antes do final do campeonato de 2008. Personagens centrais na história (Max Mosley, então presidente da FIA, e Charlie Whiting, então diretor de provas) já faleceram. Ecclestone, um dos processados, está com 93 anos.

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Foi uma declaração do britânico que reacendeu a questão. Ele disse que sabia da armação antes do final do campeonato de 2008, e depois voltou atrás. E também há a gravação de uma declaração de Whiting dizendo que Nelson Piquet, pai de Nelsinho, tinha revelado a trama a ele durante o GP do Brasil, última etapa do ano. Piquet não demonstrou até o momento a intenção de depor no processo.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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