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Marcada por obstáculos, história de Frank Williams teve um pouco de Brasil
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Frank Williams foi um dos chefes de equipe mais vencedores da história da Fórmula 1, e fez história ao levar uma equipe totalmente independente ao topo, especialmente em uma época em que o uso de tecnologia na categoria tinha seu primeiro boom, no início dos anos 1990. Para os brasileiros, a conexão entre a história do inglês, que faleceu neste final de semana, aos 79 anos, e a trajetória do país no esporte, sempre foi estreita.
José Carlos Pace foi o primeiro a correr pela equipe de Frank na Fórmula 1, na época em que ele ainda não fazia os próprios carros, comprando o equipamento da March. A relação entre os dois começou ainda na Fórmula 2 e Pace chegou a pontuar em duas oportunidades (quando apenas os seis primeiros pontuavam) durante a temporada de 1972. No final da década de 1970, a equipe brasileira Copersucar manteve uma parceria informal com a Williams, emprestando motores para o time, que então engatinhava na categoria.
Demoraria mais de uma década para um brasileiro voltar à Williams: Nelson Piquet acabou sendo o único piloto do país a vencer corridas pelo time inglês, o qual defendeu durante as temporadas 1986 e 1987, depois de ter rivalizado com os pilotos da equipe no início da década de 1980, quando a Williams conquistou seus primeiros títulos (de pilotos em 80 e 82 e de equipes em 80 e 81). Quando Piquet passou a defender o time inglês, foram temporadas turbulentas, marcadas pela intensa rivalidade interna com seu companheiro Nigel Mansell, mas foi na Williams que o piloto conquistou seu tricampeonato, em 87.
Em 1994, os caminhos de Williams e do Brasil voltaram a se encontrar, depois de um longo namoro entre Ayrton Senna e a cúpula da equipe que tinha, naquela época, uma tecnologia muito superior às demais. Porém, quando o tricampeão enfim conseguiu a vaga, o regulamento foi alterado e a Williams teve dificuldades em se acertar. O time ainda avançaria bastante durante aquela temporada para voltar a ganhar, depois de conquistar títulos fáceis em 1992 com Mansell (que já tinha rivalizado com Senna em 1991, quando o brasileiro ainda estava na McLaren) e em 1993 com Alain Prost, mas Ayrton não pôde testemunhar essa evolução, sofrendo seu acidente fatal no GP de San Marino, apenas a terceira corrida que fazia com a Williams. A Williams acabou sendo o primeiro e o último carro de Senna, já que seu primeiro teste com um F1 foi com a equipe de Frank, em 1983.
O time ainda venceria os campeonatos de 1996 e 1997, e depois engatou uma parceria técnica com a Petrobras, o que facilitou a entrada de pilotos brasileiros. Vários nomes fizeram testes com o time, como Max Wilson, Bruno Junqueira, Ricardo Sperafico, Nelsinho Piquet, Felipe Nasr e João Paulo Oliveira (Roberto Pupo Moreno e Gil de Ferran tinham testado com a equipe anteriormente), e Antonio Pizzonia disputou quatro corridas em 2004 e outras cinco em 2005 pelo time.
Mas o Brasil só voltaria a ter um piloto titular por toda a temporada na Williams quando Rubens Barrichello se juntou ao time, pelo qual encerrou a carreira, nos anos de 2010 e 2011. Com os carros de Frank, Rubinho conquistou alguns resultados marcantes, como o quarto lugar no GP da Europa, no circuito de rua de Valência em 2010 e o quinto posto na casa da Williams, em Silverstone.
Frank trocou Barrichello por outro brasileiro, Bruno Senna, para a temporada 2012, numa parceria que durou apenas durante aquela temporada. E, em 2014, seria a vez de Felipe Massa se juntar o time, que já não tinha seu fundador ativamente no comando pois, no início de 2013, sua filha, Claire, se tornou a chefe em exercício.
Com Massa e Valtteri Bottas, a Williams teve seus últimos pódios e poles, ajudados pela vantagem do motor Mercedes especialmente no início da era híbrida da F1, de 2014 em diante: foi em 2015 que Massa conquistou dois terceiros lugares, além de ter feito a pole position do GP da Áustria de 2014. Após a despedida de Felipe no final de 2017, o Brasil só teve mais um representante na categoria: Pietro Fittipaldi, que substituiu Romain Grosjean na Haas no fim de 2020.
A morte de Frank Williams foi confirmada em duas notas oficiais, uma da família, informando que o inglês de 79 anos foi internado na sexta-feira e faleceu cercado dos parentes mais próximos, e uma da equipe, que foi vendida para um grupo de investidores norte-americanos em meados do ano passado. "Ele era único e um verdadeiro pioneiro", declarou o atual CEO da Williams, Jost Capito. "Embora tenha passado por adversidades, ele liderou nossa equipe na conquista de 16 campeonatos (entre pilotos e constutores), fazendo com que tenhamos nos tornado uma das equipes mais vitoriosas do esporte. Seus valores, incluindo integridade, trabalho em equipe e independência feroz, continuam sendo a base de nossa equipe e são seu legado."
Sua vida foi marcada por adversidades, desde a falta de dinheiro no início, depois de tentar a vida de piloto, mecânico e vendedor, passando pelo acidente automobilístico que o deixou tetraplégico, em 1986, até as dificuldades de manter a Williams como um time independente mesmo com o aumento do investimento nos times da categoria.
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