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Paulo Anshowinhas

REPORTAGEM

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No skate, Rayssa brilhou, ídolos foram ao chão e Brasil perdeu o Mundial

Rayssa Leal morde o troféu de campeã da Super Coroa da Street League no Rio - Reprodução Instagram
Rayssa Leal morde o troféu de campeã da Super Coroa da Street League no Rio Imagem: Reprodução Instagram

Colunista do UOL

26/12/2022 04h00

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O ano de 2022 no skate foi marcado por queda de ídolos, ascensão de estrelas e disputas políticas que deixaram o Brasil sem Mundial.

Rayssa Leal foi o grande destaque novamente ao assumir posição de destaque como estrela maior do skate street.

Invicta na Street League, levou a Super Coroa da SLS, venceu o X-Games do Japão, o STU Open, lançou seu pró-model nos EUA, virou garota-propaganda do skate com patrocinadores como Banco do Brasil, Monster Energy, Nike, H.Stern, Nescau, Docile entre outros, e festejou ao lado dos ídolos Travis Scott, Ronaldo, Ronaldinho e Neymar.

Na semana passada, em rápida passagem por São Paulo, andou sem parar na recém-inaugurada pista de skate dos Ibiraboys no Parque do Ibirapuera, para surpresa e delírio dos fãs desavisados. Em 4 de janeiro, ela completará 15 anos.

Sua "madrinha" Leticia Bufoni também continuou em ascensão e saltou em queda livre ao realizar um "feeble grind", em pista montada a bordo de um avião em movimento.

Em terra, Letícia pilotou veículos off-road UTV e derrapou em drifting, desafios que comentou em entrevista exclusiva para esta coluna na Street League. Antes de fechar o ano, trocou de papel com o campeão de UFC Charles do Bronx, que aprendeu os primeiros passos no skate enquanto Letícia treinou como lutadora.

Futebol, rap, trap, Megarrampa e Guiness Book

Quem também trocou de papel foi o ídolo do Palmeiras, Gustavo Scarpa, que comemorou o título da Libertadores com o skate na mão, mostrou suas habilidades com o skate no pé, ganhou uma pista de skate com seu nome em Hortolândia (SP), e partiu para a Inglaterra, casa do seu novo time o Nottingham Forest.

Já o rapper/trapper L7nnon demonstrou alto nível de manobras também na pista da SLS no Rio. Leticia Bufoni viu, gostou e aprovou.

O trapper Matuê, por sua vez, construiu uma pista no palco do Rock in Rio, convidou o medalhista olímpico Pedro Barros para o rolê, e ergueu um skate com os dizeres Fora Bozo no shape, em protesto contra o atual presidente —que não se reelegeu nas urnas.

Outra estrela em ascensão é o pequeno notável curitibano Gui Khury que aos 13 anos de idade, (hoje está com 14 anos), também fez história ao ser o primeiro skatista a rodar 1080 graus em uma rampa de vertical e bater três recordes no Guinness Book em 2021, e em 2022 veio disposto a estar entre os "tops" do mundo.

Gui ganhou a prata no Mundial de vertical da World Skate, na Argentina, duas pratas no X-Games, em vertical e best trick, e terminou o ano ao lado dos feras Luan Oliveira e do atual campeão mundial de surfe Filipe Toledo, em evento da sua mais nova equipe, o "squad" JBL.

As meninas Dora Varella e Raicca Ventura, também fizeram história e foram as primeiras brasileiras a dropar e manobrar na Megarrampa de Bob Burnquist na Califórnia. Elas irão disputar a primeira etapa do Mundial de park quw começa no final de janeiro nos Emirados Árabes.

Brasil perde mundiais e dirigente é punido

O ano de 2022 foi foi marcado por quedas de ídolos, sendo que três deles saíram das pistas direto para o hospital.

O primeiro campeão brasileiro de skate vertical, Rodrigo "Digo" Meneses, de 45 anos, passa por recuperação depois de fraturar o fêmur, justamente o mesmo osso que Tony Hawk, um dos maiores ídolos do skate de todos os tempos, de 54 anos, também fraturou este ano.

Apesar da perna imobilizada, Hawk foi a pé (e de bengala) à estreia do seu documentário Até que as Rodas Caiam, pela HBO, na SXSW. Mesmo mancando também participou da cerimônia do Oscar ao lado do surfista Kelly Slater.

Na sequência, a ESPN vendeu a marca X Games para a MSP Sports Capital, e Tony foi convidado a virar o diretor geral do festival, no qual ele já conquistou 10 medalhas de ouro.

Quem também se feriu no auge da carreira foi o campeão de street americano Nyjah Huston, de 28 anos, que já faturou 19 medalhas no X Games — sendo 13 de ouro, seis Super Coroas da Street League. Ele foi indicado ao Prêmio Laureus (o Oscar do Esporte), mas este ano foi derrotado por um corrimão, cuja queda o tirou das competições.

Na semana passada, Nyjah acalmou os fãs e postou um vídeo dizendo: "depois de 4 meses e 12 dias depois da cirurgia, o joelho voltou a funcionar", e mostrou energia ao realizar uma sequência de "ollie flips" na sala de casa.

O Brasil também caiu e deixou de sediar o Mundial de park e street em 2022 ao perder a quebra de braço política com a World Skate —entidade vinculada ao Comitê Olímpico Internacional— que tirou as etapas classificatórias agendadas para o país em outubro. Os eventos tiveram de mudar de nome às pressas para STU Open, no Rio.

A World Skate também puniu, no final do ano, o presidente da Confederação Brasileira de Skate (CBSK), Eduardo "Duda" Musa, com uma suspensão de três anos, impedindo o dirigente de participar de atividades da World Skate até 2025 (incluindo as Olimpíadas de Paris), além de aplicar uma multa por conduta ética, segundo declaração da entidade.

A CBSK prometeu recorrer.