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ReportagemEsporte

Farmácia parceira do Grêmio é apontada culpada por doping de Thiago Braz

A Scienza Farma, de Porto Alegre, foi considerada pelo painel da AIU (Athetics Integrity Unit) como responsável por fornecer suplementos manipulados contaminados com Ostarina para o campeão olímpico Thiago Braz, que na terça-feira (28) recebeu uma suspensão de 16 meses por doping. A venda de Ostarina é proibida no Brasil e a Scienza não foi ouvida no processo.

A farmácia gaúcha é parceira do Grêmio e fornece "suplementos personalizados" aos jogadores do clube. Também atende "atletas respeitáveis" da Neymar Sport & Marketing, agência de Neymar pai, que cuida da carreira de Neymar Jr e de Thiago Braz. De oito suplementos da Scienza analisados, três continham Ostarina.

Procurada pela reportagem em duas ligações telefônicas no começo da tarde, a Scienza ficou de retornar os contatos com um posicionamento, o que não aconteceu até o fechamento deste texto. Já o Grêmio não quis comentar.

Um exame mostra contaminação; outro, não

Em sua defesa, Thiago apresentou um exame, feito em um laboratório privado norte-americano, que apontou contaminação por Ostarina em três suplementos manipulados que ele alega terem sido comprados da Scienza: Energia Mitocondrial, Bicarbonato de Sódio e Hiperhomocis.

Ao fazer um teste antidoping, um atleta deve listar os medicamentos que consumiu. Thiago retificou a lista, depois de testar positivo para Ostarina, citando oito produtos da Scienza não informados anteriormente. Esses suplementos foram enviados, pela defesa dele, ao laboratório de Colônia (Alemanha), credenciado pela Wada, e para um laboratório particular nos EUA.

Foi esse segundo laboratório que encontrou traços de Ostarina em três desses produtos, enviados em potes não lacrados. A World Athletics contestou esses resultados e rejeitou a tese de contaminação, que acabou aceita pelo painel da Athetics Integrity Unit (AIU) que julgou Thiago. Esse painel entendeu que o atleta não fez uso proposital da Ostarina.

O campeão olímpico foi suspenso por 16 meses por negligência, à medida que consumiu suplementos manipulados apesar de diversos alertas, de entidades diversas, sobre os riscos. A própria World Athletics o notificou por e-mail, em 2022, que comprar suplementos produzidos por farmácias de manipulação brasileiras gerava risco significativo de contaminação.

No julgamento, ele alegou que confiou em indicação da nutricionista Gisele Darós, que por sua vez foi indicada e ele pela agência de Neymar. A AIU argumentou que o saltador "confiou cegamente nas instruções de Daós, nomeada pela NRSports, sem fazer quaisquer perguntas ou realizar qualquer pesquisa".

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Em sua defesa, Braz disse que consultou dois médicos brasileiros sobre os suplementos e que Darós foi indicada pela NRSports, que trabalha com jogadores de alto nível, como Neymar, e que não tinha motivos para duvidar das indicações dela. Além disso, citou que Darós disse a ele que visitou pessoalmente a Scienza e garantiu a ele que as matérias-primas utilizadas para a produção dos suplementos eram testadas em duas etapas.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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