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Jaqueline chora e diz que tem cabeça erguida; marido de Tandara se desculpa

A bicampeã olímpica Jaqueline gravou vídeo chorando copiosamente para falar sobre sua saída do Campinas Vôlei após uma única partida. Ela era o principal reforço da equipe, ligada ao Instituto Tandara Caixeta, que não pagou salários e viu o time, na prática, acabar.

"Gente, eu não paro de chorar. É tão triste. Eu estava tão feliz com esse retorno, com tudo. Estava tão esperançosa de que tudo ia dar certo. Fiquei até o último momento para que isso desse certo. Acreditei. Tinha 99,9% [de certeza] que a equipe ia continuar, eu estava lá acreditando, mas infelizmente não deu", afirmou nos stories do Instagram.

A ponteira ficou dois anos afastada do vôlei e, no período, se firmou como influenciadora digital, com mais de 2 milhões de seguidores no Instagram, e vídeos engraçados ao lado do marido, o bicampeão mundial Murilo. Ela voltou ao vôlei para jogar pelo Campinas e, na reestreia, levou 5 mil pessoas ao ginásio do Concórdia para a última rodada da fase de classificação do Paulista. O time, porém, perdeu do Barueri, ficou em quinto, e não avançou às semifinais.

"Eu saio de cabeça erguida, com muito orgulho que tudo que eu pude fazer eu fiz e agradecer a todos vocês, por todo apoio, por lotar aquele ginásio no meu primeiro e último jogo. Portas foram fechadas porque não tinha onde colocar mais gente naquele ginásio", disse, agradecendo aos fãs.

Com o nome fantasia de Campinas Vôlei, o time foi criado pelo Instituto Tandara Caixeta, que tem como presidente o marido dela, Cleber Oliveira, um ex-jogador de vôlei. O projeto era grandioso e, ao apresentá-lo, o dirigente disse que pretendia que o Campinas fosse campeão mundial em quatro anos.

Mesmo sem patrocinador, contratou Jaqueline, Fabíola, Saraelen e Mari Paraíba, todas ex-seleção brasileira. Marcos Kwiek, técnico da seleção da República Dominicana, fechou para ser coordenador técnico. Mas os salários combinados, com jogadoras e comissão técnica, não foram pagos, apesar de diversas promessas do marido de Tandara.

O fim da equipe ficou claro anteontem, quando a CBV divulgou a lista de participantes da Superliga C, terceira divisão nacional, sem a presença do Campinas. Sem participar desse torneio, o clube não tem calendário até o Paulista do ano que vem. Só hoje, porém, o Instituto Tandara Caixeta se manifestou.

Em nota assinada por Cleber, ele pediu desculpas a "atletas, comissão técnica, gestores, torcida" e outros envolvidos, disse que "o desafio de fazer esporte no Brasil é enorme", mas que não desistirá. "Perdemos momentaneamente a batalha, mas não o sonho de fazer um grande projeto esportivo". Na nota, ele ainda diz que "todos os compromissos financeiros firmados serão honrados".

O Instituto Tandara Caixeta foi criado pelo casal antes de Tandara ser pega no doping, durante as Olimpíadas, e chegou a receber repasse de recursos públicos. Suspensa, e depois condenada a quatro anos longe das quadras, Tandara saiu candidata a deputada federal alinhada com o bolsonarismo e com uma pauta contra mulheres trans no esporte. Teve 7 mil votos e passou longe de se eleger pelo MDB.

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