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Caneta e papel na mão para somar vagas olímpicas para o Brasil

Maratonista Daniel Nascimento vai disputar sua segunda Olimpíada em Paris - Wagner Carmo/CBAt
Maratonista Daniel Nascimento vai disputar sua segunda Olimpíada em Paris Imagem: Wagner Carmo/CBAt

Colunista do UOL

24/04/2023 13h00

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O Comitê Olímpico do Brasil (COB) está sendo prudente ao informar que Daniel Nascimento obteve índice olímpico, mas ainda aguarda a World Athletics para confirmar vaga em Paris. A realidade é que ele já pode arrumar a mala. Não só ele. Caio Bonfim também. Assim como Ana Vitória Magalhães, a Tota, já pode marcar a viagem olímpica na agenda.

Ao completar a Maratona de Hamburgo em 2h07min06, Danielzinho baixou o índice olímpico em mais de um minuto. Dado que só Ronaldo da Costa e Marilson Gomes têm tempos melhores na história, o atleta de 24 anos não precisa se preocupar com o risco de ser ultrapassado por três brasileiros e ficar sem a vaga.

Também não é um risco que, até abril do ano que vem, se esgote o total de 80 vagas olímpicas disponibilizadas pela World Athletics e a linha de corte, excluindo os piores tempos entre os que têm índice, o deixe de fora.

A World Athletics ainda não disponibilizou o ranking para Paris. Assim, vale usar como referência a corrida por vagas no Mundial de Budapeste, aberta há quase um ano e meio. Nesse ranking, o tempo que Danielzinho fez em Hamburgo o deixaria em 39º, muito à frente de um eventual corte.

A situação é muito parecida com a de Caio Bonfim, que venceu a etapa de Varsóvia (Polônia) do Circuito Mundial de marcha atlética. Mais importante do que a medalha de ouro foi o tempo: 1h19min42. A marca também é índice olímpico.

É a mesma história: Caio pode perder a vaga se outros três brasileiros forem mais rápidos até o fim da janela de classificação, daqui a um ano (o que não vai acontecer), ou se mais do que 48 atletas atingirem o índice de 1h20min10 (o que também não vai acontecer). Na corrida para o Mundial, idêntica à da Olimpíada, com a única diferença de ocorrer um ano antes, só 25 atletas, até agora, conseguiram índice.

Ainda em Varsóvia, Erica Sena também encaminhou a vaga em Paris. Na segunda prova dela depois do nascimento do filho Kylian, que viajou com ela à Europa, a brasileira foi prata nos 20 km. A marca foi muito boa: 1h30min19, a 59 segundos do índice olímpico. Logo logo a vaga sai.

De qualquer forma, Erica não precisa, necessariamente, fazer o índice olímpico para ir à Olimpíada. Ela pode buscar a vaga pelo ranking. A atuação de ontem deu a ela 1.132 pontos no ranking da World Athletics. Erica ainda compete em Rio Maior e La Coruña e, com desempenhos semelhantes, terá vaga garantidíssima em Paris pelo ranking.

Vaga olímpica 90% certa

Contra todas as expectativas, o Brasil deve participar da Olimpíada de Paris no ciclismo de estrada, depois de falhar para se classificar a Tóquio. A promissora Ana Vitória Magalhães, a Tota, de 22 anos, foi quinta colocada do Campeonato Pan-Americano, no Panamá, e isso muito provavelmente vai valer vaga olímpica.

A competição classifica as duas melhores colocadas de países que não conseguirem vaga pelo ranking de nações. Como três delas são de EUA, Canadá e Colômbia, do top 20 mundial, é provável que uma vaga acabe na mão do Chile e, outra, na de Tota.

De forma geral, o Brasil vive péssima fase no ciclismo de estrada. No feminino, o país é só 42º colocado do ranking mundial, atrás do Paraguai - valem os resultados das cinco melhores do país. Para se ter uma ideia: com o quinto lugar no Pan, Ana Vitória somou 100 pontos. Tirando os pontos conquistados pelo Campeonato Brasileiro, o país tem somente outros 31.

No masculino, a situação é ainda mais crítica — o Brasil é 51º do ranking. Mas conseguiu um bom sexto lugar no Pan-Americano, com Nico Sessler. E isso também pode render uma vaga olímpica mais para frente.

Os 45 melhores países do ranking têm lugar em Paris, e esse é o caso do Canadá (22º), que fez ouro e bronze; da Argentina (35º), que ganhou prata; e do Equador (19º), que conseguiu um quinto lugar. Se continuar assim, as vagas passam a ser do Uruguai (47º), que foi quarto no Pan, e do Brasil.

Hugo Calderano ganha moral antes do Mundial

Hugo Calderano - Divulgação/ITTF - Divulgação/ITTF
Hugo Calderano
Imagem: Divulgação/ITTF

Hugo Calderano é, há algum tempo, um dos melhores jogadores do mundo de tênis de mesa. Mas, aos 26 anos, é agora que ele vive a melhor fase da carreira. Ao menos, a mais regular.

Em cinco torneios no ano, conquistou dois títulos (em Durban e Doha) e, em duas oportunidades, só foi derrotado pelo astro Ma Long, atual bicampeão olímpico de simples e espécie de Roger Federer do tênis de mesa.

Na semana passada, na campanha em Macau, passou por Dimitri Ovtcharov, alemão que foi seu algoz em Tóquio-2020. Também já havia vencido, este ano, o esloveno Jorgic (13º do mundo), o nigeriano Aruna (12º) e o chinês Lin (15º), reduzindo de forma significativa o número de tropeços para atletas de ranking pior que o dele.

Ele chegará cheio de moral para o Campeonato Mundial, daqui a um mês, em Durban, na África do Sul. O problema é que, em sexto lugar no ranking, ele só é cabeça de chave até as oitavas de final. Se chegar às quartas, vai desafiar um dos top 4 do mundo: três chineses e o japonês Tomokazu Harimoto.

Em 17 jogos contra esses melhores do mundo, segundo dados do Sofascore, Calderano só venceu três vezes. A mais recente delas, em 2018. É a hora desse tabu cair.

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