Milly Lacombe

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Por que a estátua de Daniel Alves não deveria ter sido retirada de Juazeiro

A população de Juazeiro-BA, cidade Natal de Daniel Alves, protestou tanto que a estátua do ex-jogador condenado por estupro foi finalmente retirada da pracinha que a hospedava. Os juazeirenses não queriam mais ter que ver o monumento dedicado a um homem condenado por violência contra a mulher e exigiram a retirada. A princípio, parece atitude correta. Estátuas de predadores não deveriam estar no nosso caminho pelas cidades.

Em São Paulo, temos um assassino segurando um trabuco e esculpido em pedra no tamanho de 13 metros, incluído o pedestal, que a sustenta: Borba Gato. É a expressão de uma violência simbólica: um exterminador de população originária homenageado em forma de uma colossal escultura. Deveria, claro, ser defenestrado dali.

Mas retirar apenas talvez não sirva como espaço de memória. Nem para o assassino bandeirante nem para o estuprador condenado.

No caso de Daniel Alves, o correto seria que houvesse algum tipo de atualização de seu status como ex-ídolo.

Foi um grande jogador? Foi. Se comportou como um ser humano deplorável? Também. Diante disso, uma intervenção na estátua poderia ser interessante e mais didático. Como? Eu tenho uma sugestão: deixar a estátua na praça e colocá-la dentro de uma cela.

Ao lado das grades, uma placa explicando quem é a personagem: conquistas, fracassos e crimes. Se Daniel Alves não está preso em carne e osso que pelo menos seu exemplar em pedra seja colocado onde o homem deveria estar.

Acho que uma ação nesses termos seria mais educativa do que sumir com a estátua. Apenas retirar como se ali nada tivesse existido me parece pouco educativo. Fica a dica para a prefeitura de Juazeiro: voltem com a estátua e construam uma cela ao seu redor.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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