Milly Lacombe

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OpiniãoEsporte

O que os estaduais podem dizer sobre o resto do ano

Chegaram ao fim os deliciosos estaduais. Os campeões celebram, os derrotados se remendam. É só o começo do calendário, que agora vai pegar fogo parando apenas para as tediosas datas Fifa. Mas o que dá para a gente tirar a respeito do que vimos?

Eu diria algumas coisas.

A primeira é a de que Palmeiras e Flamengo vêm forte. Nenhuma novidade nisso, você pode dizer. Eu diria que não é bem assim. Vejamos.

Endrick, o craque do Brasileirão e do Paulistão, vai sair, mas esse Palmeiras já mostrou que sabe se recompor. Luis Guilherme, outro garoto bom de bola, está sendo mais utilizado, Lázaro veio bem nos dois jogos da final, Piquerez está crescendo demais de produção, Flaco tem se sentido a cada dia mais seguro no ataque. O Palmeiras mantém a base do elenco e a comissão técnica. Coloquem na conta de Leila Pereira também a força desse time.

O Flamengo de Tite virou um time altamente sólido na defesa e embora tenha perdido beleza do meio para frente vai ser um time difícil de ser vencido. Levou apenas um gol durante todo o Estadual e fez mais de 20

Galo. O Galo tem um elenco interessante e farto. Se Milito encaixar o time como encaixou no segundo tempo do jogo de volta da final, o Galo vem para brigar por título. Assim como o Fluminense de Diniz, outro que tem elenco tão farto quanto polivalente e que já mostrou que sabe chegar. Não foi bem no Estadual, mas meu declarado amor pelo contra-hegemônico Dinizismo - assim com maiúscula mesmo - me obriga a listar o Flu entre os que podem chegar.

O Cruzeiro foi bem nos jogos da final, mas é um time mentalmente fragilizado. Matheus Pereira está jogando muita bola e seria o destaque das finais caso a Raposa tivesse conseguido segurar a vantagem no último jogo. O Cruzeiro, quando está concentrado na partida, é capaz de fazer coisas boas, mas teríamos que ver como esse elenco vai se sustentar emocionalmente durante o ano. Na final, o time quebrou mentalmente depois de levar o empate e aí perdeu.

O heptacampeão Grêmio vai ter problemas no Brasileirão. O time venceu jogando mais ou menos. Sem Suarez o Grêmio passa a ser um elenco que apresenta fragilidades, especialmente no meio de campo. Já o vice Juventude pareceu ser um time bastante organizado que vai tirar pontos de muitos dos considerados grandes. E o Inter, com grande elenco, é uma incógnita. Pode vir forte fazendo justiça aos gastos para formar esse time mas pode também tropeçar por não conseguir construir um estilo de jogo, como fez no Estadual.

O Botafogo, que não foi bem no Carioca, é outro que tem um elenco forte mas seria preciso saber se o dono do clube vai facilitar as coisas ou se vai seguir tumultuando o ambiente. Se a opção for tumultuar o time vai sentir, sem dúvida.

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São Paulo e Corinthians vêm para um ano de meio de tabela no Brasileirão. É ciclo para se reestruturar, adquirir algum padrão de jogo e, quem sabe, fazer bonito em alguma Copa - no máximo.

O Bahia talvez tenha sido a grande decepção das finais. Time mais forte do que o grande rival Vitória, marca do badalado grupo City, com mais dinheiro, elenco e organização do que o adversário. Parecia aposta fácil para levar a taça, mas perdeu de forma bizarra. Vencia o primeiro jogo por dois a zero quando Rogério recuou o time e levou uma virada bastante improvável perdendo por 3 a 2 na última bola do jogo. Na partida de volta, em sua casa, o Bahia não foi bem e o empate deu o título ao Vitória. Os dois estão na série A esse ano e vão se enfrentar pelo menos mais duas vezes.

Outra decepção foi o Fortaleza, que deixou o título com o Ceará, clube que está tentando se recompor depois da abrupta saída de Dorival, que foi para o Flamengo na época, e de cair para a Série B.

O sempre organizado Athletico Paranaense, agora com Cuca, acho que vem para ficar na parte de cima da tabela também. O time sobrou no estadual e, com a estrutura que tem, pode, quem sabe, se meter definitivamente entre aqueles chamados de grandes. Chance de título? Eu suspeitaria que sim.

Em resumo, eu diria que, com o que vimos nos estaduais, Galo e Fluminense podem se infiltrar na primeira prateleira ao lado de Flamengo e Palmeiras.

Tudo indica que esse vai ser um campeonato muito disputado e que dessa vez ninguém vai disparar. O que, claro, pode apenas ser outra previsão sem sentido porque o futebol costuma tirar uma onda com aqueles que, como eu, são suficientemente tontos para se aventurar em previsões.

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Mas já que estou nelas, para não dizer que não falei de série B, o Santos jogou muita bola nas finais contra o Palmeiras. O time se reorganizou de forma rápida depois de um 2023 trágico. Deve subir ainda esse ano.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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