Milly Lacombe

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A geraldina Marielle Franco: presente

"Não serei interrompida. Não calarão a voz de uma mulher eleita", Marielle Franco, em pronunciamento na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro.

Há dias em que os mortos estão mais vivos. Esse 24 de março é um desses dias. A voz de Marielle Franco volta com a coragem que sempre foi um de seus mais marcados predicados. Marielle atuou bravamente em vida em nome de justiça social, e segue atuando bravamente na morte. Ela agora escancara um Brasil onde polícia, política e poder coordenam a violência real.

Marielle deveria estar viva seguindo sua jornada de ativismo. Deveria estar onde gostava de estar em muitos domingos: no Maracanã misturada à torcida do Flamengo. Ela curtia mesmo era a geral. Disse uma vez que quem não foi para a geral no meio de uma organizada não entende o que é gostar de futebol. A geraldina Marielle, um cometa que passou muito rápido e mesmo assim deixou imensa herança de confiança e coragem.

Se definia como mulher, negra, favelada, funkeira, feminista, flamenguista, casada com outra mulher e bissexual. Lutou por um país socialmente justo. Lutou como lutam as mulheres periféricas. Lutou por todas nós. E hoje volta lá de longe para continuar sua luta revelando os reais interesses que movem essa nação dilacerada.

Marielle é o Brasil que a gente quer. Quem mandou matar Marielle, quem impediu a investigação e quem segue escondendo os motivos da execução representa o Brasil que precisa morrer.

"De um lado, a cidade-mercadoria, sustentada no lucro, nos grandes empreendimentos e em uma espécie de limpeza da população que não pode ser absorvida, empurrando uma grande parte das pessoas para o sistema penal e para a periferia. Do outro lado, um projeto de cidade de direitos, que busca superar os problemas de segurança pública construindo uma administração e políticas públicas que alterem o caminho hegemônico.", Marielle Franco, na introdução de sua dissertação de mestrado: "UPP, A Redução da Favela a Três Letras - uma análise da política de segurança pública do estado do Rio de Janeiro"

"Agora, uma coisa eu digo para a senhora, se eu resolver falar, acabou o Rio de Janeiro. Isso eu garanto à senhora. Se eu falar o que eu sei, não existe mais o estado do Rio de Janeiro a nível de Justiça (sic). Vai ter que reinventar a Polícia Civil, vai ter que reinventar a Polícia Militar", frase do miliciano Orlando Curicica, em 2018, durante conversa com promotoras do MP-RJ.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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