Milly Lacombe

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OpiniãoEsporte

É também na adversidade, no absurdo e no milagre que um time nasce

Futebol é planejamento. Essa é a máxima dos dias atuais. Futebol é planilha, é cálculo, é gestão. Futebol é estatística, ciência, organização. É central de inteligência e análise de dados.

Vejam o olé que o Corinthians está levando de seu maior rival.

Oooooooooolé. Ooooooooolé.

As arquibancadas estão em festa. Tem mesmo que gritar. Com 85 minutos de jogo, faltando apenas cinco, o time ganha por dois a zero e já poderia ter feito seis. Tá um baile isso. É muito olé.

Planejamento x caos. Um time que vem sendo montado cientificamente há três anos. Campeão de tudo. Treinador consciente, lúcido, sério.

O outro, essa bagunça. Chegaram dez jogadores da temporada passada para essa. Outros dois ou três estão a caminho. Saiu uma dúzia. Dívidas estratosféricas. Uma diretoria que não fala coisa com coisa. Treinador novo. Olha os caras em campo. Estão zonzos, correndo feito os integrantes da turma da Mônica naquele meme "O que está acontecendo? O que está acontecendo?".

Um baile, é o que estamos vendo.

Basta analisar os dados para entendermos por que isso está acontecendo em campo. Vejam aqui as planilhas. Tudo explicado.

Pausa.

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Entra em campo o espírito do futebol, que é o da mais absoluta e desconcertante imprevisibilidade, e a alma corintiana, que derrama em campo garra, entrega, crença, coração, vigor, tenacidade, absurdamento.

O Corinthians acha um gol aos 42 do segundo tempo.

Todo torcedor e toda torcedora do Timão nessa hora pensaram: acho que dá.

Gente, obviamente não dava. O Corinthians estava com um zagueiro no gol porque Cassio foi expulso e o time não podia mais mexer. Então, pés no chão, sejamos razoáveis, não vai dar.

Vejam: agora está pior: Yuri saiu de maca. Não podemos mais colocar alguém no lugar dele. Temos nove jogadores de linha em campo, estamos sem goleiro jogando na casa do rival.

Sejam coerentes. Não dá.

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Mas Pedro Henrique e Garro achavam que dava. Não sabíamos que Garro era maluco desse jeito. Precisa sempre de um doido de pedra para inverter roteiros acabados.

Falta na intermediária. Garro avisa os companheiros que vai cruzar. Manda todo mundo para a área. Toma distância e mete no ângulo.

Era o empate. O milagre. O impossível. O absurdo. O inexplicável. O incompreensível. O disparate.

Mas tinha mais.

Raniele salva o terceiro gol palmeirense em cima da linha. Lembrando que tínhamos um zagueiro com luvas de goleiro no gol.

Fim de jogo. Dois a dois. Vitória do Corinthians.

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Nasce um time. Nasce um grupo. Nasce um sonho.

Por hoje, só por hoje, falemos apenas do milagre e saudemos São Jorge porque nada além disso faz nenhum sentido. Saravá Ogum.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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