Milly Lacombe

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OpiniãoEsporte

Dirigente espanhol que beijou jogadora à força dá all-in no assédio

O presidente da confederação espanhola de futebol, Luis Rubiales, deu all in na violência que cometeu contra uma jogadora da seleção diante dos olhos de milhões de pessoas.

Desde o começo da semana, a imprensa espanhola noticiava que ele renunciaria. Rubiales chamou para um encontro no qual faria seu pronunciamento. Aguardamos o rabinho entre as pernas. Mas não.

Ele não vai sair. Vai ficar porque, afinal, nada fez de errado. Disse isso diante de dezenas de executivos do futebol que, em delírio, aplaudiam.

Temos o vídeo do assédio, temos o constrangimento, temos a repulsa da atleta, temos imagens desse senhor apalpando os próprios testículos na tribuna de honra ao lado da Rainha Letícia durante a celebração ao título, temos toda a materialidade do assédio e da vulgaridade.

Basta? Não basta. Não é bem assim. Vocês não entenderam nada, falsas feministas.

Agora Rubiales diz que pediu para Hermoso um beijinho ao pé do ouvido. Está chamando Hermoso de mentirosa e de maluca. Um clássico do assédio. O homem na posição de vítima.

Não pediu, claro que não pediu. Mas o trono do poder o deixa livre para falar o que bem entender, a despeito de ser verdadeiro ou não. Além de assediador é mentiroso. Jenni Hermoso já veio a público dizer que não tolerará passar por mentirosa. As demais jogadoras garantem que não voltam a jogar enquanto Rubiales estiver por lá.

No auditório, aplaudido por dezenas de outros homens, arrebatados com o que dizia Rubiales e provavelmente pensando que eles também poderiam seguir praticando seus crimes contra corpos femininos, Rubiales esperneou, chilicou, se desesperou. Mas tudo com muita virilidade porque isso é o que importa.

Diante de uma audiência bastante masculina e vibrante, Rubiales aumentou a aposta na sua permanência.

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Mas não vai ficar.

Outras acusações virão a público, patrocinadores terão que se manifestar, o Estado idem. Sairá, e vai sair causando e atirando para todos os lados de mão dadas com seu parceiro Jorge Vilda, treinador da seleção feminina.

É um analfabeto emocional, um indigente sentimental.

Um homem embebido pelo erotismo do poder, que dificilmente goza sem um espelho no quarto através do qual possa ver seu próprio órgão sexual apontado para o céu onde reina um Deus criado a sua imagem e semelhança.

Que Hermoso tenha força e esteja amparada. Vai passar por um deserto dentro do qual será acusada de todo tipo de coisa.

Infelizmente, não se deixa um legado sem ser sobre os destroços de si mesma.

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Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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