O patriota preso ao caminhão é a estética de um golpe fracassado

Apesar das cenas de humor que estão sendo produzidas pelos golpistas que rezam o terço ajoelhados no asfalto, não é hora de subestimar a força do oponente.

Bolsonaro perdeu e seu bando tomou as ruas. Homens e mulheres vestidos em amarelo deixaram claro desde o domingo à noite que seguiriam as ordens de seu mito e aguardavam coordenadas.

As coordenadas dadas a partir de Brasília foram cifradas e cada um interpretou como quis.

Entre marchas com bandeira em punho e cantorias de hino nacional com saudação nazista, os patriotas berravam que a direita veio para ficar. Leia-se extrema-direita, evidentemente.

A anistia geral e irrestrita na década de 80, deixando sem punição os torturadores da ditadura, nos trouxe até esse estado alucinado e violento de coisas.

Não podemos mais errar assim.

Não há mais espaço para deslizes como esse.

É preciso haver punição aos golpistas, aos policiais rodoviários prevaricadores, aos empresários que estão financiando a baderna.

Depois disso, ou ao mesmo tempo, é preciso abrir as caixas de horror dos crimes cometidos na pandemia. Punir todos os responsáveis de forma categórica e exemplar.

Em seguida, investigar as inúmeras suspeitas de crimes de responsabilidade cometidos por Bolsonaro.

É dessa forma que começamos a acabar com a força do bolsonarismo.

Se não fizermos isso, Bolsonaro volta e terá esse bando de malucos golpistas que acreditam estar lutando contra o comunismo e o demônio a ponto de se agarrarem ao para-brisa de um caminhão.

O patriota preso ao caminhão é a estética de um golpe fracassado.

Mas se não desarticularmos esse exército de alucinados dispostos a qualquer coisa pela pátria que eles acham estar sendo dominada por comunistas que invadirão suas casas e transformarão todas as crianças brasileiras em homossexuais eles voltarão - e voltarão mais organizados.

Se eles voltarem, talvez a próxima baderna não renda memes divertidos como o do maluco agarrado feito um inseto ao para-brisa de um caminhão que viaja pelas estradas do Nordeste.

Se eles voltarem, a próxima baderna talvez seja a definitiva e serão os nossos corpos aqueles atravessados por tanques e caminhões pilotados por fascistas que não pararão nunca mais de nos triturar.

Só haverá pacificação se aplicarmos as devidas punições de imediato. Jefferson, Zambelli, Pazuello, 01, 02, 03, Damares e todos os envolvidos em horrores antidemocráticos e em ações que contribuíram para a morte de milhares precisam ser investigados e punidos.

Sem anistia, sem conciliação, sem nenhum tipo de ponderação.