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Fifa muda regras de empréstimo e protege jovens talentos. Entenda

21/01/2022 09h37

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Por Gabriel Coccetrone

A Fifa anunciou, nesta quinta-feira (20), uma importante mudança nas negociações do mercado de transferências a partir da próxima temporada. A entidade máxima do futebol irá alterar as regras para empréstimo de jogadores, visando evitar que clubes com grande poder aquisitivo acumulem atletas mesmo sem ter a intenção de utilizá-los em seus elencos, como é o caso do Chelsea, por exemplo. O plano era para ter sido colocado em prática em julho de 2020, mas acabou sendo adiado para 1º de julho de 2022 por conta das consequências da pandemia de Covid-19.

O advogado João Paulo Di Carlo, especialista em direito desportivo e colunista do Lei em Campo, falou sobre o tema no ano passado e ressaltou que há tempos a Fifa já observava a situação. Segundo ele, a prática desses clubes ricos estava trazendo problemas para o desenvolvimento dos jovens jogadores.

"O uso excessivo dos empréstimos já estava sendo observado pela FIFA há bastante tempo. Nesse sentido, muitas equipes ricas, principalmente as que pertencem aos grandes conglomerados de clubes, contratavam muitos jogadores, essencialmente jovens com potencial de revenda, que muitas vezes nem sequer eram utilizados, sendo emprestados a diversos times. Dessa forma, criavam uma reserva de mercado, sem ter uma finalidade desportiva, prejudicando o desenvolvimento dos jovens atletas", afirma.

Luiz Marcondes, advogado especializado em direito desportivo, ressalta que os novos regulamentos protegerão os jovens atletas.

"Essa mudança, assim como outras, já estava prevista pela Fifa e visa consertar uma anomalia que estava acontecendo no mercado de transferências. Os clubes com maior poderio iam buscar jovens talentos nos mercados formadores e não conseguiam mantê-los no elenco por conta do número, e ficavam emprestando esses jogadores para equipes menores buscando o amadurecimento deles. A Fifa entendeu isso como uma movimentação inadequada, que tinha o caráter financeiro e não desportivo, e por isso resolveu regulamentar esse tema", explica Luiz Marcondes, advogado especializado em direito desportivo.

João Paulo Di Carlo destacou a importância do conjunto de regras para o mercado e acredita que elas podem mudar o formato de negociação entre os clubes a partir do momento que entrarem em vigor.

"As novas regras impostas pela FIFA vêm justamente para ajudar o desenvolvimento e formação dos jovens, prevalecendo sobre os interesses econômicos dos proprietários dos clubes e fortalecendo a integridade do esporte. Além disso, trará consequências ao mercado, pois afetará diretamente na maneira como os clubes fazem negócio, podendo gerar um ambiente mais equilibrado e responsável", avalia.

Segundo a Fifa, as novas regras têm o objetivo de desenvolver jovens jogadores, promover o equilíbrio competitivo e evitar o acúmulo de jogadores em um único clube. O Chelsea é um desses casos, com 22 jogadores emprestados. Já seu rival Manchester United vem logo atrás, com 15 atletas cedidos, entre eles Andreas Pereira, atualmente no Flamengo.

As principais mudanças que entrarão em vigor são:

- Os empréstimos serão limitados em contratos de até um ano;

- Nenhum clube poderá ter mais do que três jogadores emprestados para/de um mesmo clube;

- Está proibido o sub-empréstimo (clube não pode tomar um jogador emprestado e repassá-lo para outro).

Além disso, haverá uma limitação gradual do número total de atletas emprestados para/de um mesmo clube:

- De 1 de julho de 2022 a 30 de julho de 2023: oito jogadores;

- De 1 de julho de 2023 a 30 de junho de 2024: sete jogadores;

- A partir de 1º de julho de 2024: fixado em seis jogadores.

Por exemplo, o Manchester City poderá ter apenas oito atletas em empréstimo (seguindo as reduções citadas ao longo das temporadas), considerando que nunca três destes poderão ser de um único clube.

É importante ressaltar que os jogadores com menos 21 anos ou atletas formados nas categorias de base de um clube são exceções dessas limitações.

Por fim, a Fifa reforça que as associações nacionais de futebol (federações-membro) terão três anos para implementar essas regras em seus mercados internos.

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