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Julio Gomes

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Real e Atlético na Champions: talento que falta, talento que sobra

Casemiro comemora gol do Real Madrid contra o Atlético de Madri em jogo pela liga espanhola - Angel Martinez/Getty Images
Casemiro comemora gol do Real Madrid contra o Atlético de Madri em jogo pela liga espanhola Imagem: Angel Martinez/Getty Images

16/03/2021 04h00

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Real Madrid e Atlético de Madri jogarão a continuidade na Liga dos Campeões nesta semana e curiosamente encontram-se em uma situação oposta, quase inimaginável, em relação às figuras que podem fazer a diferença para os times da capital espanhola manterem vivo o sonho europeu.

No Real Madrid, falta talento. No Atlético de Madri, sobra. O Real, que sempre triunfou com sobra de talento, vai tentando encontrar os caminhos no cenário de vacas magras. O Atlético, que se acostumou nos últimos anos a triunfar mesmo sem talento, agora tenta encontrar os caminhos para alçar voos maiores utilizando-se de tal superioridade teórica.

Nesta terça (17h), jogando em casa, o Real tenta confirmar a vitória de 1 a 0 que conseguiu sobre a Atalanta, na Itália. O Atlético tem tarefa muito mais complicada na quarta-feira: reverter, em Londres, a derrota sofrida para o Chelsea (0 a 1) na partida de ida.

Se olharmos para o último time do Real Madrid que conquistou a Europa, três anos atrás, encontraremos muitos nomes em comum com o atual. Mas não encontraremos Cristiano Ronaldo. Nem aquele Bale. Nem Marcelo, que era uma peça criativa fundamental para o sistema. O tempo passou para Marcelo. E, mesmo que não tenha sido tão cruel como foi para o lateral brasileiro, o tempo passou também para Sergio Ramos, Modric, Kroos...

Benzema, um coadjuvante nos tempos de CR7 e Bale, transformou-se no grande nome do Real Madrid. E Casemiro deu um salto de carregador de piano para artilheiro fundamental em jogos encardidos.

Hazard? Machucado de novo. Rodrygo e Vinícius Jr? Talvez ainda falte tempo (e mais) para eles. Isco? Carta fora do baralho. James? Já é passado. Asensio? Não explodiu.

O Real Madrid 20/21 pode ter fé, persistência e qualidade suficientes para passar pela brava (e perigosa e destemida) Atalanta e chegar às quartas de final da Champions League. Mas não é à toa que esquentou tanto o papo sobre uma possível volta de Cristiano Ronaldo. É que olhamos para esse elenco e sentimos falta de uma marca histórica do clube: caras capazes de resolver partidas "sozinhos".

Do outro lado da cidade, o Atlético de Madri parece não saber o que fazer com tanto talento. Tem muito futebol ali nos pés de João Félix, Suárez, Llorente, Carrasco, Lemar, Saúl...

Mas Simeone não parece se sentir à vontade quando precisa (ou apenas pode) correr riscos. Fez um jogo para 0 a 0 na ida, contra o Chelsea, e acabou castigado no improvável gol de bicicleta de Giroud. Foi para cima do Real Madrid no dérbi, dominou, construiu a vantagem, poderia ter ampliado, mas, no fim, recuou e levou o empate. Às vezes, demora demais para começar a agredir, às vezes, se apressa demais para recuar e começar a (só) defender.

Simeone não pode reclamar. Tem material humano em mãos para fazer o que quiser. O técnico tem a chance de provar que sabe lidar com isso no jogo de quarta, em Stamford Bridge. Um duelo difícil, contra um Chelsea que não perdeu desde a chegada do técnico Tuchel —oito vitórias, quatro empates, somente dois gols sofridos nestes 12 jogos, o último deles há um mês.

Contra um time que não sofre gols, você só tem uma alternativa: ir para cima, correr riscos, criar muitas chances para tentar concluir alguma ou algumas delas. Se Simeone especular, demorar, fraquejar... o Atlético será eliminado. Assim como foi contra o RB Leipzig, na bolha de Lisboa.

FAVORITOS

Outros dois jogos da semana devem sacramentar a classificação às quartas de final dos grandes favoritos ao título: o Bayern de Munique, atual campeão da Europa e do mundo, e o Manchester City, líder destacado da Premier League inglesa.

O City entra em campo hoje (17h), contra o Borussia Moenchengladbach, em campo neutro (Budapeste, Hungria). Na ida, disputada no mesmo local, o time de Guardiola conseguiu uma confortável vitória por 2 a 0. O Gladbach, por sinal, perdeu sete dos últimos oito jogos que fez na temporada.

Depois de 21 vitórias seguidas por todas as competições, o City caiu no dérbi diante do Manchester United. Não é imbatível, pois! Mas seguiu a derrota com duas vitórias contundentes na Inglaterra e chega muito forte para a reta final da Champions.

Na quarta-feira, o Bayern de Munique recebe a Lazio depois de ter vencido a partida de ida por 4 a 1. É mais uma barbada. O Bayern, fortíssimo, ainda que mais vulnerável do que em 2020, estará nas quartas de final.

Os quatro times já garantidos são Paris Saint-Germain, Liverpool, Borussia Dortmund e Porto.

Nesta quarta-feira, a partir das 19h, estarei na apresentação da live "Fim de Papo", do UOL Esporte, com os comentários de Mauro Cezar Pereira e Rafael Oliveira e participação do público. Analisaremos a rodada do meio de semana e já vamos falar das quartas de final. Coloque na agenda! O link é este aqui: https://youtu.be/Q1g8KWNEp2A