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Blog do Juca Kfouri

REPORTAGEM

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Como ele Me(re)ssi!

Lionel Messi, campeão mundial - GettyImages
Lionel Messi, campeão mundial Imagem: GettyImages

18/12/2022 14h54

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Não que Mbappé não mereça, ou Griezmann, ou Lloris. Tanto merecem que já foram campeões mundiais, na Rússia, quatro anos atrás.

Mas ninguém mais merecia do que Lionel Messi, embora fizesse parte de lista primorosa, com tantos gênios que jamais foram, como Cruiyff, Falcão, Zico, só para ficar dos anos 70 para cá.

Messi merecia e fez por merecer em sua quinta e derradeira Copa.

Ninguém participou mais de Copas do que ele, ao completar 26 jogos.

Ninguém brilhou como ele no Qatar, a ponto de que quando a Marselhesa foi executada pareceu ser em sua homenagem.

Porque Messi marchou, marchou, marchou?

Como pulsava o Monumental de Lusail!

Se Messi nunca havia sentido a emoção de defender o Boca, o River, Rosario Central ou o Newell's Old Boys, de sua cidade, mas sentiu como nunca a se defender todos eles, mais o Racing, Independiente e o San Lorenzo.

Era muita coisa para uma França só, tão desfalcada, tão deslocada naquele ambiente que faria o Sena sentir inveja do rio da Prata.

Mesmo vacinada por tanta vaia que ouviu da torcida marroquina, os jogadores franceses sofreram com os decibéis da hinchada argentina, que foram ainda maiores, embora menos permanentes.

Havia 20 anos que uma seleção sul-americana não ganhava a Copa. Havia 10 que um time sul-americano não ganhava um Mundial.

A decisão começou com a Argentina inflada pelo ambiente e a França tímida, submissa à pressão platina, aos passes certeiros de Messi.

De tanto rondar a área francesa, aos 21 minutos Dembelé levou um drible de Di Maria e o derrubou para Messi bater o pênalti com perfeição e fazer 1 a 0.

A Bombonera do Qatar quase veio abaixo.

E veio, aos 36, quando Messi deu um toque mágico para Mac Allister servir Di Maria e fazer do 2 a 0 um golaço coletivo, primoroso,

O baile era tamanho que Dembélé e Giroud foram sacados em seguida.

Difícil pensar que os comandados de Messi permitiriam um gostinho sequer aos franceses.

Todos se matavam, todos queriam o título, todos queriam dá-lo a Messi, embora fosse ele quem mais desse a todos.

De Paul barbarizava, a defesa comia grama, e o 3 a 0 era mais provável que o 1 a 2, diante de 89 mil torcedores.

O toco e me vou prevalecia quando Otamendi também fez pênalti estúpido e Mbappé não perdoou: 2 a 1 e drama, aos 80. Pênalti cometido em Muani, que havia entrado no lugar de Dembélé.

Drama? Bote drama nisso.

Coman, que entrou no lugar de Griezmann, roubou de Messi, armou o contra-ataque e Mbappé completou de maneira brilhante: 2 a 2, aos 81, com passe formidável de Thuram, que havia substituído Giroud.

A prorrogação tinha a cara da resistência francesa, toda ela negra, exceção ao goleiro.

Mas no começo do 2º tempo, Messi puxou contra-ataque e pegou rebote de Lloris para fazer o 3 a 2 redentor. Viva!

Tinha de ser ele, tinha de ser dele, tinha de ser de Messi.

Mas tinha mais, outro pênalti para Mbappé converter no 3 a 3.

Os deuses dos estádios não querem Messi campeão?

Do mesmo modo que Lloris evitou gol no último minuto do tempo normal, Martinez evitou no penúltimo do tempo extra.

Nos pênaltis, na maior decisão da história das Copas do Mundo, Mbappé fez mais um, Messi também, um com força, outro friamente, Martinez pegou o segundo, a França perdeu o terceiro e fez-se justiça: Messi é campeão mundial e a Argentina é tri: 4 a 2!