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José Trajano

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Jogador de futebol no Brasil é pobre coitado! E a Fenapaf não está nem aí

Diego Padgurschi /Folhapress
Imagem: Diego Padgurschi /Folhapress

Colunista do UOL

03/02/2023 04h00

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Os verdadeiros jogadores e jogadoras de futebol no país ganham muito pouco (a maioria, 75%, dois salários mínimos, no máximo). Vivem como caixeiros-viajantes, um tempo aqui e outro bem longe dali, perambulando pelo país para se encaixar em algum dos 1.153 times registrados na CBF. A maioria não deixa que eles e elas nem passem pela porta.

Não veem seus nomes nos jornais, muito menos são assunto nas redes sociais. Aliás, só são citados quando cometem algum deslize, tipo gol contra, furada antológica, expulsão de campo, gol perdido, tropeção na bola etc. Isso quando acham alguma imagem dessas vergonhas.

Eles vivem que nem artista circense, armando a sua lona particular em algum terreno baldio, procurando se virar e, se possível, levar alegria ao público. O que quase sempre não conseguem. A trupe/time é muito ruim. E assim como o palhaço, sempre recebem pontapé na bunda para fora do picadeiro.

Já vai tarde, infeliz! Vai ser ruim assim no inferno! Vai procurar a sua turma! Que frango!"

Família, nem pensar! Companheiros, companheiras e filhos só encontram de vez em quando. Vivem como caminhoneiros e caminhoneiras, pegando uma carga aqui e outra onde for.

Estou me sentindo tão só/Oh, tenha dó de mim"

Um doce para quem souber o que é Fenapaf. É a Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol. Sabia?

Enquanto o lumpesinato de chuteiras se arrasta pelos imensos rincões do país, vivendo como caixeiros-viajantes, artistas de circo ou caminhoneiros e caminhoneiras, tentando sobreviver da bola, longe dos holofotes que por acaso eles enxergaram alguma vez, longe dos grandes estádios, longe dos tapinhas nas costas e dos afagos, mas ainda com direito de sonhar, a tal Fenapaf, que tem sede na Barra da Tijuca, preocupa-se com os maus modos de Abel Ferreira, já condenados por ele mesmo.

Eles e elas, os Coalhadas do futebol, estão entre os mais de 18 mil homens e 700 mulheres profissionais registrados na CBF. São a imensa maioria. São os que fazem a bola correr por mais de 1.500 municípios, permitindo aos trancos e barrancos que torcedores e torcedoras, que os xingam e os maltratam, mantenham viva a paixão pelo futebol.

Ao invés de pegar no pé do técnico vitorioso e competente, a tal Fenapaf também não podia se calar sobre Robinho e Daniel Alves.

Quanto aos desgraçados e desgraçadas do futebol... bem, deixa pra lá! São uns desgraçados, não é mesmo?

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