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Fábio Seixas

REPORTAGEM

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Coincidência, contatos e reviravolta: a negociação que levou Drugovich à F1

Felipe Drugovich na assinatura do contrato com a Aston Martin  - Reprodução/Aston Martin
Felipe Drugovich na assinatura do contrato com a Aston Martin Imagem: Reprodução/Aston Martin

Colunista do UOL

13/09/2022 11h58

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Os bastidores da contratação de Felipe Drugovich pela Aston Martin tiveram uma reviravolta, uma grande coincidência de datas e a participação direta de um personagem que estava no paddock 22 anos atrás, no último título brasileiro na categoria imediatamente abaixo da F1: Bruno Junqueira.

Claudio Thompson, ex-gerente de patrocínios esportivos da Petrobras e criador do Programa de Esporte a Motor da empresa, foi quem intermediou as conversas com a XP Investimentos, que bancou a promoção do atual campeão da F2 para a equipe inglesa. O anúncio foi feito ontem.

Tudo aconteceu muito rápido, em menos de dois meses. Lawrence Stroll, dono da equipe, e Guilherme Benchimol, presidente executivo da XP, encontraram-se no circuito de Silverstone no dia 2 de julho, o sábado do GP da Inglaterra. E o enredo que levou a essa reunião é curioso.

A Aston Martin estava conversando com outra instituição financeira brasileira, o Grupo Safra, mas as negociações não progrediram. A ponte havia sido feita pela Sportspartners, agência de marketing esportivo que tem dois brasileiros como sócios, Antonio Barreto e Edu Borges.

Borges procurou Thompson, com quem já havia trabalhado em outros projetos. E Thompson então falou com o economista Paulo Leme, grande entusiasta do automobilismo, ex-Goldman Sachs e FMI, atualmente presidente do Comitê Global de Alocação da XP Private.

Aí que vieram a reviravolta e a coincidência de datas. Benchimol, piloto de rali nas horas vagas, estava em Silverstone para se encontrar com Drugovich. A ideia, àquela altura, era buscar a posição de reserva da Haas para 2023. Thompson e Borges costuraram o encontro do banqueiro brasileiro com Stroll e a partir daí foi questão de afinar detalhes do contrato.

"Foi bom voltar a trabalhar com o esporte a motor, fazer essa ligação e viver de novo essa experiência de ver um brasileiro se aproximando da F1, como há 22 anos", disse Thompson.

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Claudio Thompson e Frank Williams, em janeiro de 2000, quando o inglês anunciou que Button correria na equipe
Imagem: Reprodução

Junqueira estreou na F-3000 em 1999, pela equipe que a Petrobras mantinha na categoria, e com isso tornou-se também piloto de testes da Williams, que corria com a gasolina brasileira. Em janeiro de 2000, a equipe de F1 promoveu um "vestibular" entre ele e Jenson Button, terceiro colocado na F3 inglesa, para a vaga aberta com a demissão de Alessandro Zanardi.

Button foi melhor e levou a vaga. "Na época pesou também o lado político. O próprio Frank Williams me disse isso. A BMW estava chegando, ainda era dona da Land Rover e para eles era interessante ter um piloto inglês na equipe", conta o ex-executivo da Petrobras.

A partir de 2023, o carro da Aston Martin vai levar o logo da XP, provavelmente nas laterais da asa traseira.

Além da contratação de Drugovich, outros movimentos estão agitando o mercado de pilotos neste início de semana.

Com intenções diferentes, a Alpine ofereceu testes para Colton Herta e Nyck de Vries em Hungaroring, antes mesmo da próxima etapa, em Singapura.

No primeiro caso, a ideia é ajudar na pressão política para que o americano consiga a superlicença e possa correr na AlphaTauri. Isso liberaria Pierre Gasly para se juntar à equipe francesa no ano que vem.

Se não funcionar, a Alpine precisará de um plano B. Daí a oferta ao holandês, que estreou pela Williams no GP da Itália e causou ótima impressão, terminando em nono e marcando dois pontos no Mundial.