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Fábio Seixas

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Verstappen sobra no México e, enfim, é o favorito ao título

Max Verstappen, da Red Bull, pula à frente das Mercedes na largada do GP do México -  Clive Mason/Getty Images/Red Bull
Max Verstappen, da Red Bull, pula à frente das Mercedes na largada do GP do México Imagem: Clive Mason/Getty Images/Red Bull

Colunista do UOL

07/11/2021 17h46

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A celebração de Verstappen neste domingo teve algo de diferente.

Desde sua mensagem pelo rádio quando concretizou a vitória no GP do México até ser carregado nos ombros pelos mecânicos, o holandês parecia maior, mais forte, mais brilhante.

Já começa a assumir ares de campeão mundial. E não faltam razões para isso.

Com o resultado, abriu 19 pontos de vantagem para Hamilton no Mundial de Pilotos: 312,5 a 293,5. A Red Bull encostou na Mercedes no Mundial de Construtores: reduziu uma desvantagem que era de 23 pontos para apenas 1. Faltam quatro etapas para o fim do temporada, e a equipe austríaca é favorita em Interlagos, no domingo que vem.

De quebra, a superioridade neste domingo foi acachapante.

Foi a 19ª vitória de Verstappen na F-1, a nona na temporada, a terceira no México. E uma das mais dominantes de sua carreira, lembrando o que fez neste ano na Holanda, na França e nas duas etapas da Áustria.

"Sim! Sim! O trabalho de todos foi incrível neste fim de semana", disse o holandês pelo rádio, ao cruzar a linha de chegada.

Verstappen - Alfredo Estrella/AFP - Alfredo Estrella/AFP
Max Verstappen comemora vitória no GP da Cidade do México, com Lewis Hamilton ao fundo
Imagem: Alfredo Estrella/AFP

Hamilton e a Mercedes não foram páreo. O inglês fechou o GP em segundo, fazendo o impossível para segurar Pérez atrás de si. O mexicano, companheiro de Verstappen na Red Bull, completou o pódio.

Os sonhos da Mercedes de emplacar uma zebra e vencer no México duraram poucos metros.

Na largada, Bottas e Hamilton ficaram lado a lado, como num paredão para bloquear as Red Bulls. Mas são 811 metros entre a linha de chegada e a primeira curva. O holandês colou na traseira do pole position, aproveitou o vácuo e passou ambos por fora. Líder do GP!

Tentando administrar o prejuízo, Bottas não viu Ricciardo na tomada da curva. Ambos se tocaram e tiveram de ir para os boxes. Mais pra trás, Tsunoda, Schumacher e Ocon também se enroscaram. Japonês e alemão abandonaram ali mesmo.

Veio bandeira amarela, veio safety car, e a relargada aconteceu na quinta volta. O top 10 então tinha Verstappen, Hamilton, Pérez, Gasly, Leclerc, Giovinazzi, Sainz, Vettel, Russell e Raikkonen. Bottas caiu para último.

mexicanosf1 - Fórmula 1 - Fórmula 1
Torcida mexicana neste domingo no Autódromo Hermanos Rodriguez
Imagem: Fórmula 1

Com vento na cara e mordido pelos problemas do sábado, Verstappen passou então a acelerar forte e tentar resolver o GP logo no começo. Na décima volta, tinha 3s2 sobre Hamilton. Na 13ª, a folga já estava na casa dos 4 segundos. Na 15ª, a diferença foi para 5s5.

Era esperado. O circuito da Cidade do México está 2.240 m acima do nível do mar. Situação assim, de ar mais rarefeito, favorece o motor a combustão da Honda.

O cenário deve se repetir em Interlagos, a 760 m acima do nível do mar. Em Spilberg, com seus 660 m, a Red Bull já havia dado um banho na Mercedes...

A cada volta mais distante do líder, Hamilton ganhou um novo problema: Pérez. O mexicano começou a se aproximar, empurrado pela torcida enlouquecida nas arquibancadas e elogiando o desempenho dos pneus _Hamilton, por sua vez, reclamava de desgaste.

Na 20ª volta, Verstappen tinha 7s4 sobre Hamilton, que conseguia apenas 1s9 para Pérez. "Não consigo fugir dele", resumiu o inglês, pelo rádio.

A saída foi tentar a estratégia nos boxes. Na 30ª volta, Hamilton entrou e colocou pneus duros. Voltou à pista em quinto, atrás de Leclerc, que parou na volta seguinte. Verstappen entrou na 33ª, o que deu a liderança provisória ao dono da casa.

Perez - Pedro Pardo/AFP - Pedro Pardo/AFP
Sergio Perez durante o GP da Cidade do México; mexicano terminou em terceiro lugar
Imagem: Pedro Pardo/AFP

Pérez só parou na 40ª volta, retornando à pista 9s7 atrás de Hamilton. Sua estratégia era ter pneus mais inteiros para o final da corrida.

"No final você vai chegar nele", disse o engenheiro do mexicano pelo rádio.

Verstappen? Seguia sossegado na ponta, já se dando ao luxo de poupar motor e pneus no terço final da prova. Mesmo assim, seguia abrindo vantagem.

Grandes campeonatos também são feitos de corridas sem muita emoção. Este GP do México foi assim. "Você estão por aí?", chegou a perguntar Hamilton à sua equipe, talvez a mensagem mais significativa de toda a prova.

A corrida só voltou a ganhar alguma graça quando, a 11 voltas do fim, Pérez encostou em Hamilton. Nas arquibancadas, a inflamada torcida mexicana ficou em pé. "Checo! Checo! Checo!", gritavam os torcedores. Foi das cenas mais legais do campeonato.

Não deu. Hamilton se segurou em segundo. O que não aplacou a paixão dos torcedores.

Pérez foi celebrado pelos fãs, lembrando cenas que já vivemos em Interlagos. Após levar o mexicano nos ombros, os mecânicos da Red Bull fizeram o mesmo com Verstappen.

Enquanto isso, Hamilton retirava a balaclava, pensativo, solitário. "Dei de tudo hoje", afirmou, na entrevista pós-GP.

O Mundial não acabou, é um erro subestimar Hamilton e a Mercedes.

Mas o momento é todo de Verstappen. E até a ficha do inglês já caiu.