Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Jacques Villeneuve, 50
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Jacques Villeneuve sempre foi diferente.
Foi aquele garoto de sorriso rasgado, cara de bebê, macacão azul claro da Player's, celebrando a vitória em Indianápolis em cima de marmanjos como Al Unser Jr, Bobby Rahal, Emerson Fittipaldi, Stefan Johansson, Eddie Cheever...
Foi aquele grunge que chegou ao paddock da F-1 em 1996, um outsider, um sopro de rebeldia e informalidade num ambiente tão anódino, esterilizado e cheio de não-me-toques. E que chegou acelerando, cravando pole na estreia, vencendo quatro GPs no seu primeiro ano e mostrando não sentir o baque de correr na categoria que transformou seu pai em lenda.
Foi aquele campeão que a F-1 celebrou como esperança de renovação após títulos de Schumacher e Hill, não exatamente os reis do carisma _ainda mais por ter protagonizado o bom moço quando o alemão tentou mandá-lo pro espaço na decisão do Mundial. Erguido nos ombros por Hakkinen e Coulthard, viu o mundo do alto naquela tarde de 1997 em Jerez.
Foi aquele cara que fez o inimaginável: deu as costas para a Williams acreditando no sonho de ajudar a construir uma equipe. E lá foi para a BAR, que era Tyrrell, que virou Honda, que virou Brawn, que se tornou a equipe mais dominante da história da F-1, a Mercedes. Mas o canadense saiu muito antes disso. Já desinteressado por aquele mundo, passou por Renault, por Sauber, pegou seu boné surrado e foi embora.
Fato é que Villeneuve nunca se deslumbrou com o glamour da F-1. Pelo contrário: sempre ficou na dele. Talvez por ter vivido tão cedo o drama da morte do pai, entendeu desde sempre o lado escuro da Lua.
Sempre me passou a impressão de ser alguém na constante busca pela felicidade, sem se importar nada com as opiniões dos outros. E daí que ela não estivesse mais na categoria que é o sonho de todo piloto? Por que não ir atrás da plenitude em outro lugar? Não há vergonha nenhuma nisso...
De vez em quando ele reaparece. Já correu Le Mans, já voltou a Indianápolis, passou pela Nascar, pingou na Fórmula E, fez provas na Austrália e na Argentina. Disputou até uma prova na nossa Stock Car, em 2015, em parceria com Zonta. Ah, sim: em 2007 gravou um álbum com sua banda que vendeu menos de 1000 CDs. Imagino que tenha dado de ombros. A diversão deve ter valido a pena.
Um personagem fora da curva. Um dos mais enigmáticos e carismáticos campeões da F-1.
Jacques Villeneuve faz hoje 50 anos.
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