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Fábio Seixas

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Verstappen é pole e mostra que F-1 está mudando

Max Verstappen conquista a primeira pole da Fórmula 1 em 2021 - Bryn Lennon/Getty Images
Max Verstappen conquista a primeira pole da Fórmula 1 em 2021 Imagem: Bryn Lennon/Getty Images

Colunista do UOL

27/03/2021 13h08

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Exatos 104 dias desde o fim da última temporada, finalmente sabemos quem é quem na F-1. Acabaram os testes, cessaram os ensaios, não há mais blefes.

Agora foi pra valer. E, após o primeiro treino classificatório do Mundial, o diagnóstico é animador: teremos uma disputa pelo título entre Hamilton e Verstappen!

Pole position para o holandês da Red Bull, a quarta na carreira, a primeira em solo barenita. Hamilton ficou a 0s388 e sai em segundo.

Na segunda fila, Bottas e Leclerc. Gasly é o quinto, com Ricciardo ao lado. Fechando os dez primeiros colocados, Norris, Sainz, Alonso (trabalho que merece aplausos!) e Stroll.

O sol se pôs pouco antes do início da classificação do Bahrein, o que tornou deslumbrante o cenário da sessão, como de hábito.

Nos 18 minutos de Q1, a grande surpresa foi o corte de Vettel. Em sua estreia pela Aston Martin, o alemão foi apenas o 18º colocado, a 1s557 do melhor tempo e a enorme 0s795 de Stroll. O tetracampeão foi atrapalhado por uma bandeira amarela do final da sessão, mas ficou feio.

Além dele, foram cortados Ocon, Latifi, Schumacher e Mazepin. Não foi uma estreia dos sonhos para o filho do heptacampeão, claro, mas ele sabe que a temporada será assim. E os planos para o futuro lhe dão alguma tranquilidade: está na Haas para ganhar rodagem e um dia pilotar a Ferrari.

Lá na frente, Verstappen de novo: 1min30s499, 0s108 melhor que Tsunoda. Na sequência vieram Hamilton, Leclerc, Ricciardo e Gasly.

hamilton blog - Reprodução/Twitter/Mercedes-AMG F1 - Reprodução/Twitter/Mercedes-AMG F1
Hamilton no treino classificatório no Bahrein
Imagem: Reprodução/Twitter/Mercedes-AMG F1

No Q2, o chapéu do vexame ficou com Pérez, mais um veterano numa nova equipe. O mexicano ficou apenas em 11º, a 0s651 do melhor tempo. Também dançaram Giovinazzi, Tsunoda (outra decepção), Raikkonen e Russell.

Sainz e Leclerc deram alguma esperança à Ferrari. O espanhol ficou na ponta, com 1min30s009, mísero 0s001 melhor do que o companheiro. Fechando o top 10, Hamilton, Norris, Bottas, Ricciardo, Verstappen, Gasly, Alonso e Stroll.

Veio o Q3, a hora de decisão, o momento de finalmente obter uma avaliação real da atual relação de forças da F-1.

E que vimos foi um empolgante duelo entre os dois grandes concorrentes ao título, automobilismo da melhor qualidade.

Na primeira série de voltas, Verstappen se deu melhor: 1min29s526, 0s023 mais rápido do que Hamilton. Todos foram para os boxes, trocaram pneus, respiraram fundo, baixaram a viseira. Foram para a última tentativa.

Hamilton pisou fundo e fez 1min29s385. Mas o holandês estava na pista, logo atrás, babando para cravar a pole. E conseguiu: 1min28s997.

"Tivemos dias muitos bons de testes aqui, mas não era uma garantia de como seria o final de semana de corrida. O carro funcionou muito bem, mas amanhã precisamos de uma largada limpa", disse Verstappen.

Hamilton, que obviamente não estava com a cara mais feliz do mundo, disse que deu "tudo o que tinha". Emblemático.

A diferença de 0s388 não é desprezível.

E tem mais: é a primeira vez desde o início da era dos motores híbridos, em 2014, que a Mercedes não começa um Mundial com a pole.

Alguma coisa está fora da ordem na F-1. E isso é muito bom, os fãs agradecem.