Leila, se você reprova confidencialidade, abra o contrato Palmeiras/Crefisa
Antes de mais nada, é importante falar que Leila acerta em cheio ao renovar com Abel Ferreira até dezembro de 2025. Também é fundamental dizer que a presidente do Palmeiras acertou o coração dos machistas com a frase "não fiquem histéricos", deixando evidente o difícil dia a dia de mulheres não só no mundo do futebol, mas na sociedade de uma forma geral.
Mas os acertos acima não podem esconder uma questão fundamental.
"Eu sou contra cláusula de confidencialidade em contratos de patrocínio. A cláusula de confidencialidade esconde os mentirosos. Os mentirosos adoram, pois falam o que querem e acham que é a verdade, mas não é. Eu acredito em 1% do que falam, ainda mais no futebol".
A frase é de autoria dela na coletiva de imprensa de hoje (16). A presidente do Palmeiras dá a entender que é a favor da divulgação dos dados de patrocinadores, mas ela não age da mesma forma que fala.
Constantemente, para defender o valor sem correção que paga em nome da sua empresa para patrocinar o Palmeiras, Leila diz que não acredita nos valores que são divulgados pela imprensa e por outros rivais e pede para ver os contratos.
Foi esse mesmo argumento que ela usou para não cumprir a própria promessa sobre cobrir o valor de patrocínio alcançado pelo Corinthians. Apesar de falar que respeita o arquirrival e que quer duelar apenas dentro de campo, ela coloca em xeque a divulgação feita pelo Timão no seu site oficial com todos os detalhes do novo acordo, com aval da Vai de Bet, a seu novo patrocinador.
É verdade que o passado corintiano joga contra o próprio clube quando o assunto é patrocínio e transparência, mas Leila fala de uma forma como se agisse de forma diferente.
No Palmeiras, Leila diz que todos os membros do Conselho de Orientação e Fiscalização, o COF, podem ter acesso ao contrato de patrocínio, mas essa não é a verdade. A coluna conversou com vários cofistas e suplentes. Três deles afirmaram que estão na espera há mais de 40 dias para ter acesso ao contrato e nunca tiveram.
Nota da redação: Após a publicação dessa reportagem, o Palmeiras entrou em contato com a coluna para afirmar que todos os cofistas têm garantia de acesso ao contrato, com a única regra sendo não poder tirar fotos ou levar uma cópia do documento para casa.
Recentemente, conselheiros que fizeram questionamentos à Leila Pereira, entre eles conferir o contrato de patrocínio, foram retaliados na vida política do Palmeiras e, inclusive, perderam direito a ingressos que são dados a todo o Conselho.
Não adianta falar que o contrato atual tem cláusula de confidencialidade e que ela não pode quebrá-la. Afinal, quem vai cobrar pela quebra do siglio? A presidente do Palmeiras? A presidente da Crefisa?
Por que a Crefisa diz que abre mão das propriedades do uniforme feminino, se a marca chegou ao clube e fez o contrato antes mesmo da criação da modalidade? Será que o novo vínculo já leva em consideração essa categoria?
Por fim, se a solução para o fim do contrato em dezembro de 2024 vai ser uma concorrência, não deixe isso para a última hora. É importante que um processo desse tamanho seja feito com antecedência para que as empresas possam se planejar e, de preferência, sendo tudo gerido por uma auditoria independente. É dispensável dizer que isso diminuiria o conflito de interesses em um processo como esse.
Siga também as opiniões de Danilo Lavieri no Twitter, no Instagram e no TikTok
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.