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Allan Simon

REPORTAGEM

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CBF e Conmebol superam Globo em número de mudanças de tabela no Brasileirão

Brasileirão já teve 75 alterações registradas na tabela desde o começo da competição - Lucas Figueiredo/CBF
Brasileirão já teve 75 alterações registradas na tabela desde o começo da competição Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Colunista do UOL

23/09/2022 04h00

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O Brasileirão 2022 registrou até a data de publicação desta reportagem um total de 75 alterações em sua tabela. Levantamento feito pela coluna mostra que, diferentemente de anos anteriores, a Globo não é a maior responsável pelas mudanças nas programações dos jogos, de acordo com com os registros oficiais publicados no site da CBF.

A emissora que detém quase a totalidade dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro (a exceção são os jogos do Athletico como mandante na TV paga e no PPV) foi apontada nos IMTs (sigla para Informação de Modificação de Tabela) como solicitante de 26 alterações na tabela. Ou seja, pouco menos de 35% do total. Em 2016, o colunista Rodrigo Mattos mostrou que a Globo chegou a ser responsável por 79% das mudanças.

A CBF, por sua vez, aparece como agente modificadora em 36 oportunidades por meio do DCO (Diretora de Competições). O levantamento feito pela coluna tomou o cuidado de separar quais dessas mudanças foram provocadas por motivos alheios à vontade da confederação, como as alterações causadas pelas tabelas das competições da Conmebol (Libertadores e Sul-Americana).

Em nove oportunidades, a tabela do Brasileirão sofreu mudanças por causa da divulgação de datas e horários dos torneios continentais. Houve ainda duas mudanças atribuídas à Globo que foram provocadas pela tabela da Libertadores.

Quando o SBT decidiu transmitir os jogos do Flamengo contra o Corinthians e os marcou para terças-feiras, em agosto, a emissora carioca perdeu um duelo São Paulo x Flamengo no domingo anterior, já que a legislação impede que um time faça dois jogos com intervalos menores que 66 horas. Com isso, a Globo precisou remarcar Palmeiras x Goiás e Fluminense x Cuiabá para ter o que transmitir na data original.

Mas não apenas os jogos das competições da Conmebol forçaram a CBF a fazer mudanças na tabela do Brasileirão. A própria Copa do Brasil, competição organizada pela mesma confederação nacional, acabou levando a sete alterações.

Os clubes foram responsáveis por 11 pedidos de alterações atendidos pela CBF. Outras duas mudanças foram realizadas por fatores externos, como uma mudança de data e horário no jogo entre Avaí e Goiás nas primeiras rodadas devido a um pedido da Polícia Militar de Santa Catarina para evitar conflito com outro evento no mesmo dia, e outra em Fortaleza x Corinthians, já na 23ª rodada, solicitada pela Secretaria de Esportes do Governo do Ceará por indisponibilidade do Castelão.

Mudanças conjuntas de datas e horários são maioria

A importância de se falar na questão das alterações nas tabelas está ligada à programação do torcedor, principalmente aquele que viaja para acompanhar o time do coração como visitante, mas também os que se preparam para fazer um jogo caber em sua rotina.

Alterações que mexeram ao mesmo tempo com a data e o horário dos jogos foram maioria nos dados levantados pela coluna. Das 75 mudanças na tabela, 43 mexeram com o dia de realização das partidas, o que certamente afeta a preparação de quem quer ver um jogo no estádio.

Outras 24 alterações foram apenas de horários, mas mantendo as datas originais. Houve uma única mudança de data mantendo o horário original, na verdade uma partida que ainda vai acontecer entre Atlético-GO x Palmeiras, marcada inicialmente para um domingo, dia 9 de outubro, às 18h, agora reprogramada para o dia seguinte, uma segunda-feira.

Os locais de realização dos jogos foram modificados sete vezes até agora no Brasileirão, quatro delas por indisponibilidade do Maracanã em jogos de Flamengo ou Fluminense como mandantes.

O clube que mais teve alterações em seus jogos até agora foi o Atlético-GO, presente em 11 modificações registradas nos IMTs. Na sequência, com 10 cada, aparecem Athletico, Botafogo, Goiás e Coritiba. O time que teve menos mudanças foi o Red Bull Bragantino, com quatro.

Vale lembrar que os números citados neste texto não se referem ao número de jogos modificados, e sim de alterações realizadas. Algumas partidas chegaram a ter mais de uma mudança. Botafogo x Fortaleza, pela sexta rodada, por exemplo, mudou das 18h para as 16h a pedido da Globo. Depois que a PM do Rio de Janeiro decidiu permitir a realização de um jogo do Vasco na Série B às 16h com transmissão da emissora, o duelo do Glorioso sofreu nova alteração e voltou ao horário original. Essas mudanças foram feitas com menos de 12 horas de diferença.

É importante também citar que mesmo as alterações nas tabelas que não são solicitadas pela Globo precisam do aval da emissora, por isso algumas das mudanças realizadas a pedido da própria CBF ou dos clubes constam com o termo "com a concordância da detentora dos direitos de transmissão".

O que consideramos como "alterações"

São consideradas como "alterações" todas aquelas registradas nos IMTs da CBF. Portanto, não entram na conta as publicações de tabelas detalhadas em blocos de rodadas ao longo do campeonato, que acrescentam à tabela básica as datas e horários exatos de realização das partidas, substituindo as chamadas "datas bases", mas apenas ações que modifiquem essas informações posteriormente.

A própria confederação avisa na publicação dessas tabelas que "o desdobramento dos jogos é estabelecido em função da grade de programação das emissoras Rede Globo de Televisão, Sportv e Premiere FC, com a concordância da CBF". Como citado no item anterior, o contrário também vale.