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Alicia Klein

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Não adianta o Flamengo ser nota 10 com a bola e nota 3 sem ela

Gabigol e Arão comemoram gol do Flamengo sobre a Universidad Católica pela Copa Libertadores - MARTIN BERNETTI / AFP
Gabigol e Arão comemoram gol do Flamengo sobre a Universidad Católica pela Copa Libertadores Imagem: MARTIN BERNETTI / AFP

29/04/2022 13h08

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Assistir a uma partida do rubro-negro carioca, hoje em dia, é ver dois Flamengos: um time que oferece enorme perigo ao adversário, do meio para frente, e um que dá calafrios na torcida toda vez que perde a bola, do meio para trás.

Quando tinindo, o quarteto Éverton Ribeiro, Arrascaeta, Bruno Henrique e Gabigol é de um talento coletivo talvez sem paralelos. As opções ofensivas de banco também não decepcionam: Pedro e Lázaro.

De frente para o gol do adversário, com a posse de bola, o Flamengo é provavelmente o melhor time do Brasil.

O problema é que, em uma situação de jogo normal, qualquer time vai passar metade do tempo sem a bola e, nesses casos, o rubro-negro sofre muito. Permite ao oponente cruzar suas linhas com facilidade e chegar frequentemente à sua meta, agora mais bem guardada pelo goleiro Santos.

A partida de ontem contra a Universidad Católica foi um exemplo claro disso. A oscilação entre ser o time que deveria dominar facilmente uma equipe mais fraca - e o fazia no ataque - e o time que por pouco não ia saindo do Chile com um empate.

Isla, por exemplo, não é um mau jogador. Mas falha em lances que levam diretamente a gols adversários. Não é um atleta que tem passado segurança. Assim como William Arão.

Mais do que questões individuais de alguns atletas, porém, o problema do Flamengo parece ser encontrar um equilíbrio tático, uma capacidade de recomposição que passa também pelo ataque.

Não tem elenco defensivo para equilibrar a balança do talento e ser nota 10 de ponta a ponta (quem tem?), mas também não precisa ser nota 10 com a bola e nota 3 sem ela.

É muito difícil compensar essa assimetria contra adversários mais fortes, capazes de converter em gols as fragilidades. Quando o nível da competição sobe, essa conta quase nunca fecha.

Paulo Sousa tem um grande desafio pela frente. Ontem, ele demonstrou coragem ao substituir BH, Arrasca e Éverton Ribeiro em uma tacada só, quando o jogo estava 2 a 1. Depois trocou Gabigol por Pedro e acabou recompensado com o terceiro gol, todo construído por atletas recém colocados em campo: Pedro, Marinho e Lázaro.

A ver se ele vai conseguir achar a média para o Fla se tornar o melhor aluno da América.