Topo

New York Knicks: o time de R$ 16 bilhões que coleciona fracassos há 20 anos

Madison Square Garden, a casa dos Knicks: equipe figura longe da briga por uma vaga nos playoffs - Justin Heiman/AFP
Madison Square Garden, a casa dos Knicks: equipe figura longe da briga por uma vaga nos playoffs Imagem: Justin Heiman/AFP

José Edgar de Matos

Do UOL, em São Paulo (SP)

01/01/2020 04h00

Resumo da notícia

  • Franquia mais valiosa da NBA, o New York Knicks vale R$ 16 bilhões, mas fracassa mais um ano dentro de quadra.
  • Sem sucesso no mercado e na tentativa de ser o nº 1 no recrutamento universitário, a equipe vive mais uma temporada de reconstrução.
  • Terminado o ano de 2019, o time só não é pior no Leste do que o Atlanta Hawks. Playoffs? Fora de cogitação.
  • Problemas administrativos, a falta de resultados e a postura do dono, James Dolan, ajudam a afastar as estrelas dos Knicks.
  • Desde a final de 1999, os Knicks jogaram os playoffs só em seis oportunidades.

Um negócio de R$ 16 bilhões, segundo a revista "Forbes", com a arena lotada todas as noites e prestigiada pelas maiores celebridades dos Estados Unidos — incluindo o torcedor-símbolo e diretor Spike Lee. Na linguagem da moda, o New York Knicks teria tudo para ser um grande "case de sucesso". Fora das quatro linhas da quadra de basquete, sem dúvida os resultados impressionam. Porém, esportivamente, a franquia nova-iorquina coleciona mais um ano de fracasso, sem perspectiva de melhora a curto prazo para brigar com os melhores da NBA.

A derrocada dos Knicks em 2019 começou ainda na pré-temporada. A estratégia era clara: abrir espaço na folha salarial para contratar Kevin Durant, de saída do Golden State Warriors, e Kyrie Irving, que deixaria o Boston Celtics. Além da dupla, a equipe de Nova York contava que a péssima campanha iria catapultar a equipe ao posto de número um do draft, com o objetivo de escolher Zion Williamson. Tudo deu errado. Tudo mesmo.

Durant e Irving escolheram ir para a cidade, mas optaram pelo Brooklyn Nets. Já Zion acabou draftado pelo New Orleans Pelicans, que, mesmo sem figurar entre os favoritos a liderar o recrutamento universitário nas casas de apostas, acabou com o posto de número 1 do draft.

Mais uma vez, os Knicks se viram em uma temporada de reconstrução, e, ao fim de 2019, só não são piores do que o Atlanta Hawks na Conferência Leste.

As contratações não empolgaram, e consequentemente o time não embalou. Com poucos meses, decidiram redefinir o projeto e demitir o técnico David Fizdale, interrompendo um contrato de quatro anos assinado em maio de 2018. A equipe segue sob o comando do interino Mike Miller, que inicia 2020 como o responsável por evoluir a equipe para um fim de temporada digno.

Esta bagunça administrativa justifica a falta de resultados. Desde que chegou à final da NBA em 1999, ano em que James Dolan virou o dono da franquia, a equipe só voltou aos playoffs por seis vezes, a última delas em 2013.

Knicks Randle - Sergio Estrada/USA Today - Sergio Estrada/USA Today
Knicks, com Julius Randle (foto) como um dos destaques, estão longe de voltar aos playoffs em 2020
Imagem: Sergio Estrada/USA Today

Os projetos esportivos, inevitavelmente, se encontram sob a assinatura de Dolan, que pouco interfere no andamento da popular equipe dentro de quadra. No principal deles, com Carmelo Anthony como o símbolo do time, os Knicks fracassaram. Basquete, para o "chefão", está no segundo plano.

A esperança voltou a Nova York com o letão Kristaps Porzingis, escolhido pelos próprios Knicks no draft de 2015. O ala-pivô se tornou um jogador de destaque, mas acabou trocado pela franquia na temporada passada, justamente para abrir espaço para grandes estrelas na pré-temporada.

Não deu certo. Nenhum jogador de nível "all star" desembarcou no Madison Square Garden, e o europeu, depois de se recuperar de grave lesão, voltou a atuae em alto nível no Dallas Mavericks e tem somado atuações importantes como titular no time texano.

Porzingis Dallas Mavericks - Brad Penner/USA Today - Brad Penner/USA Today
Porzingis se tornou estrela em NY, mas acabou trocado e hoje se destaca com a camisa do Dallas Mavericks
Imagem: Brad Penner/USA Today

"Não tenho apetite para dirigir a equipe, não é a minha especialidade", comentou Dolan, em declaração à ESPN norte-americana.

As temporadas pífias e um certo menosprezo do próprio dono ajudaram a derrubar a credibilidade dos Knicks no mercado. Poucos atletas falaram publicamente sobre o assunto, mas sugeriram que os problemas administrativos foram decisivos para se afastarem do MSG.

Kevin Durant, que era tratado como o grande nome para mudar a história do time a partir desta temporada, ressaltou como os resultados ruins interferem na escolha de grandes estrelas de atuar na equipe mais velha da "Big Apple".

"Muitos fãs olham para os Knicks e esperam que os jovens, que nunca viram este time ser bom, escolham eles. Eu vi os Knicks irem para as finais, mas os jovens, não. Essa marca do New York Knicks não é tão legal quanto o Golden State Warriors, o Los Angeles Lakers ou até mesmo os Nets", afirmou Kevin Durant ao programa de rádio Ebro in the Morning.

"Os Knicks não são tão legais agora", complementou Durant, que deixou o Golden State Warriors depois das finais do ano passado e escolheu o Brooklyn Nets como novo destino.

RJ Barrett - Emilee Chinn/AFP - Emilee Chinn/AFP
RJ Barrett foi o novato escolhido pelos Knicks em 2019. A franquia, no entanto, queria ser a nº 1 para pegar Zion Williamson
Imagem: Emilee Chinn/AFP

Sem Durant, os Knicks apostaram neste ano no protagonismo de atletas que jamais assumiram este perfil na NBA. Julius Randle, ex-Lakers, e Marcus Morris, ex-Celtics, aparecem como destaques ofensivos, ambos com pouco mais de 18 pontos por partida. O novato de 2019, RJ Barrett, tem quase 14 por confronto e mais de 30 minutos em quadra.

Sem o peso de um ou dois "all-stars", a franquia mais valiosa da NBA terá mais um ano de insucesso esportivo. Com a campanha de 9 vitórias e 24 derrotas, uma vaga na pós-temporada se encontra totalmente fora de cogitação.

O torcedor agora se apega novamente à loteria do draft em 2020 e a um mercado mais generoso. Contudo, para o sucesso vir, segundo a linha de pensamento de Durant, a franquia precisa afastar os questionamentos sobre a credibilidade da marca New York Knicks, uma das mais populares dos esportes americanos, mas em baixa há duas décadas.